20/09/2011

Fichamento do texto Corpo e imagem: comunicação, ambientes, vínculos de Norval Baitello Jr.

Referências:
BAITELLO JR, Norval. Corpo e imagem: comunicação, ambientes, vínculos. In: RODRIGUES, David (org.) Os valores e as atividades corporais. São Paulo: Summus, 2008. P. 95 - 112

A famosa citação de Harry Pross: “Toda comunicação começa no corpo e nele termina” abre a discussão sobre a necessidade de se incluir o corpo no processo comunicativo. São discutidas algumas implicações que vêm a tona quando se menciona “corpo”: a hipnogenia, a ambiência, os vínculos e a projetividade.

De acordo com o princípio da hipnogenia, as pessoas não têm responsabilidade pelo processo comunicacional que é controlado absolutamente pelos meios, elas se encontram em quase hipnose. Contudo, nessa categoria se enquadram apenas os indivíduos que se submetem a essa alienação, renunciando ao seu prórpio corpo, ou negligenciando uma relação equilibrada com ele.  

“... concepção de hipnogenia (Elisabeth von Samsonow) como componente indispensável dos sujeitos e objetos da comunicação – crença que passa a ser questionada. Tomava-se por aceita e tranquila a concepção de que os veículos comunicativos, os chamados meios ... tendem a substituir (ou ao menos ocultar) seus produtores, conduzindo o telespectador à ilusão de que são autônomos e imperativos (por seu lastro material ou por sua autoridade baseada na presença contínua de seus sinais). ... A hipnogenia transfere ao meio toda a responsabilidade, mas também toda a capacidade de decisão, deixando seus agentes no espaço-tempo de uma quase hipnose, abrindo mão de sua intencionalidade, de sua história e de seus sonhos...”(BAITELLO, 2008, pág 97)

“... localizando no corpo o momento germinal da comunicação, evita-se totemizar os meios, a mídia e afasta-se a crença na autonomia desta, bem como em sua onipotente decisão. Expande-se a percepção do fato social e inclui-se uma instância complexa, dotada de imperativos próprios, de densidade histórica e cultural. Com isso, não se pode simplesmente transformar ou enxergar o participante de um processo de comunicação como um ‘sujeito hipnógeno’, despido de capacidade de autodeterminação. Ele será transformado em tal figura infantilizada e de reduzido grau de vigília e prontidão quando renunciar- por vontade prórioa ou dos insistentes aparelhos sociais e culturais _ ao seu próprio corpo ou tiver uma relação pouco vital com ele. ... Por força de um estreitamento do uso dos sentidos (e da sensorialidade), ou seja, do próprio corpo em suas múltiplas potencialidades, criam-se “funcionários” (no sentido da expressão criada por Vilém Flusser) de um aparelho social onipotente, incapazes de existência plena e previamente projetados para suas funções.”(BAITELLO, 2008, pág 98)

Além disso o corpo cataliza ambientes comunicacionais, pelo simples fato de estar presente. A essa qualidade dá-se o nome de ambiência.

“O corpo não se reduz a um único vetor ou a uma única direção de vinculação... não é... mero meio de comunicação ou mídia. Muito antes, ele é um catalisador de ambientes, e talvez seja sempre o catalisador inicial de um ambiente comunicacional. Podemos nomear essa implicação de “princípio da ambiência”. Sua simples presença gera a disposição de interação, desencadeia processos de vinculação com o meio, com os outros seres do entorno e com seus iguais.... Somos vocacionados para a interação com outros que preencham nossas faltas e necessidades, porque somos corpo, com limites e alcances espaciais claros, com uma duração apenas presumível, mas indubitavelmente finita.” (BAITELLO, 2008, pág 99)

Comunicação deve ser entendida como estabelecimento de vínculos entre corpos. É descabida a ideia de que comunicar é apenas trocar informações.

“ Comunicar-se é criar ambientes de vínculos. Nos ambientes de vínculos já não somos indivíduos, somos um nó apoiado por outros nós e entrecruzamentos ... deslocamento do foco da comunicação: não se pode mais compreendê-la como simples conexão ou troca de informações, mas necessariamente é preciso ver nela uma atividade vinculadora entre duas instâncias vivas. ... os vínculos procedem de atmosferas afetivas, quer dizer, procedem de espaços de falta (ou espaços negativos), eles germ densidades afetivas oriundas dos espaços de carência ou saciedade, dos espaços de negação ou de negação da negatividade.” (BAITELLO, 2008, pág 100).

E comunicar é estabelecer ambientes ou atmosferas comunicacionais, conectanto a história de toda a humanidade por meio do princípio da projetividade.

“...não é um canal, ou uma via, ou um fluxo a melhor forma de retratar um processo comunicativo, já que este parte de um corpo. Muito mais adequado seria sua consideração, ... como ambiente, ou uma atmosfera gerada por todas as partes que a integram, suas materialidade e imaterialidade, seus percurso e sua histórias, seus sonhos, suas ambições e aspirações, suas perspectivas pregressas e ‘progressas’, suas projeções para frente e para trás, ambas entrelaçadas e inseparáveis, as naturezas retrospectiva e prospectiva mescladas uma à outra, como se o tempo se tivesse tornado duplo, inverso e reversível. A essa implicação podemos atribuir o nome de ‘princípio da projetividade’. Sim, porque um corpo é o registro das histórias de si mesmo e de todos os outros corpos, oferecendo a um ambiente comunicacional a profundidade e a densidade das camadas mais profundas do seu tempo e dos outros tempos. E sim, porque um corpo também é o registro dos sonhos, desejos e anseios que delineiam a perspectiva e a projeção futura de si mesmo e de todos os outros corpos. Projetividade é o lastro de história e o potencial de anseios que todo corpo carrega em seu âmago. ... Um corpo sempre conta histórias e projeta sonhos. Mais que isso, ele se constrói nas histórias e nos sonhos” (BAITELLO, 2008, pág 102 e 103)

Na contemporaneidade, contudo, se percebe um processo de abstração do corpo e de cerceamento do corpo para fazê-lo entrar na forma dada previamente por uma imagem. Em um processo crescente de adequação a objetivos e sonhos pré-fabricados. Como se os seres humanos fossem apenas ferramentas.

“ operação complexa que denominei ‘iconofagia’, na qual se processam as duas devorações heterodoxas: corpos que se alimentam de imagens e imagens que se alimentam de corpos. Tais devorações ocorrem em inúmeras situações e com frequencia cada vez mais assustadora, com a escalada exponencial da hegemonia do sentido da visão em detrimento dos outros sentidos que operam a comunicação de proximidade. Tocar, saborear e cheirar são sentidos banidos da comunicação.” (BAITELLO, 2008, pág 104)

“As amputações de projetividade ...Entre as violências perpetradas pela civilização, essa se apresenta como uma das mais graves. Pode-se simplificá-la coo uma sonegação do direito de sonhar, de crer (até mesmo de ter fé), de ambicionar uma vida própria, diferenciada dos padrões previstos e programados pelas estratégias da civilização centrada no escoamento da produção serial de mercadorias. ... Apagar os matizes da memmória e das vivências sempre individualizadas significa homogeneizar o presente, pois impõe um atestado de procedência única. Significa, também, impor um único destino, um roteiro de vida previsto, um futuro de sonhos uniformizados e pré-fabricados.” (BAITELLO, 2008, pág 105)



16/09/2011

MUSIMID2011 A memória pela música.


Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011
Evento internacional, realizado na ECA, em 16/09/11
MESA REDONDA
A memória pela música.

Neurociência. Amnésia e música.
Edson Amâncio
Pessoa pode esquecer tudo e continuar lembrando como tocar. Há uma memória inconsciente. Paciente HM sem memória episódica, porque fez cirugia para epilepsia. Experiencia de fazer estrela só olhando por espelho para a mão, paciente mesmo não lembrando que tinha desenhado a estrela no dia anterior, com o passar do tempo passa a desenhar melhor. Há pacientes com herpes no cérebro que continuam tocando (se o virus preserva o lado direito, pex). Há também doenças nervosas decorrentes da música (dependendo da melodia do tom). Ouvir música sem querer vira um virus musical (música que não sai da cabeça, causa agonia). Alucinações musicais principalmente em pessoas que estão se tornando surdas. E há pessoas dementes que têm ouvido musical , demências como Alzheimer e demencia fronto temporal (começa com perda de autocrítica, mas se parece com Alzheimer).

Memória
Pedro Paulo Kohler Bondesan dos Santos
Memoria episódica, semântica, de curto termo (ecóica), motora (como para tocar instrumento), memória de trabalho (auxilia o pensamento). Memória de curto prazo expectativas dinâmicas. Memória episódica expectativas verídicas. Memória episódica + repetição de estímulos semelhantes memória semantica. Memória semântica, ou esquemática, permite as generalizações.

Filosofia cognitiva da música
Maurício Dottori (foi aluno no Cañizal).
Audição é o sentido do medo para Nietzsche. Enquanto os outros sentidos dormem a audição continua para avisar do perigo. Nao é a qualidade do som que importa em termos emocionais (prato caindo em uma festa não assusta mas o mesmo prato numa casa vazia assusta). Relação som e emoção é muito primária, lutar ou fugir. Fazemos música porque a civilização nos criou uma zona de conforto. Os pratos não ficam por aí caindo sozinhos. Os animais não fazem música porque ainda vivem com medo.  Para Spinoza, nossos agrupamentos na memória da música são de origem pré racionais, é uma aplicação como se fosse um jogo, baseada em noções chunks de memória bem primitivas, que não fazem relação direta com o mundo. Jogo de simetrias, categorizações e agrupamentos. Linguagem da mãe é percebido pelo bebê como emoção. Ainda não assimila a linguagem. Não faz relação com o mundo. Ao contrário de Barthes, para Dottori, a linguagem liga-se com o mundo. Imaginar uma música lendo partitura é diferente de efetivamente ouvir música (só emoção, memória afetiva). O primeiro é o caminho novo de percepção da música o segundo é o caminho antigo, instintivo, que nos previne do perigo. Santo Agostinho fala que a estrutura da intensao que se tem quando se le a música é diferente da vivencia do som da canção parte como todo. Cantar atirei o pau no gato não tem problema porque quando a criança percebe a palavra o mundo já está calmo, pela música, pelo ritmo.

Paisagem sonora
Pedro Paulo Salles
Lingua do Pê é memória da paisagem sonora da infância. Paisagem sonora não é só a que se houve mas também de tudo que já foi ouvida. História das mentalidades: aspectos psicológicos, afetivos, mentais, místicos. História cultural: aspectos culturais, sociais, rituais.  

Memória acústica
Eduardo Peñuela Cañizal
Imagem cinematográfica se evapora com muita facilidade. Filme cidadão Kane: rosebud simultâneo com o close, se percebe a pronúncia da palavra. Intermedialidade, varios meios se relacionam entre si. Musica tem carência de referência. Passagem musical não se refere a uma flor, a uma pessoa ou a uma casa por exemplo. Musica sistema formalizador do ruído. No audiovisual música cria uma referencialidade, musica combina ou não com a cena. Na intermedialidade a falta de referencia da música é preenchida pela autoreferencia que ela cria. Música é gestora de referencialidades. Vídeo de canção de Falla: Nanita nana, de Manoel de Falla. Mesma música em vídeo de Guernica em 3D, criação de Lena Gieseke.




MUSIMID2011 Palestra sobre o SWU

Material de apoio projetado durante a palestra:

SWU NO MUSIMID

Gravação em vídeo da palestra:





Artigo a ser impresso nos anais do evento:
O FESTIVAL SWU:  ENTRE A PROPOSTA SOCIOAMBIENTAL E A PRÁTICA DO ECO-MARKETING


Danielle Mendes Thame Denny[1]



Resumo:
As apresentações musicais em eventos coletivos como os festivais de música podem gerar um ambiente privilegiado para intervenções de forma a despertar e promover a postura ecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoras podem ser vinculadas a determinadas atitudes e assim promover ações e compromissos ecológicos. Um exemplo é o SWU (sigla de Starts With You ou Começa Com Você) que tinha como objetivo articular a educomunicação ambiental à imersibilidade sonora nos três dias de festival realizado em Itú/SP, na Fazenda Maeda  nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. O presente artigo, contudo, identifica que a sustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU. Conclui que, contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva da sustentabilidade ou a informação pelo ambiente  musical. E analisa o evento sob a perspectiva da vinculação, da comunicação orquestral, da (in)comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. O artigo parte de uma análise de caso, segue a metodologia etnográfica e tem como referencial teórico autores como Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980), Baitello (2005), Menezes (2010) dentre outros.

Palavras-chave: Música, Sustentabilidade, Educação, Comunicação e Incomunicação.




Abstract:
Musical performances at public events as music festivals can lead to a privileged environment to interventions willing to develop or promote ecological attitudes into the participants. By musical memory, sound experiences can be linked to certain attitudes and therefore promote action and ecological compromises. An example is the festival SWU (Starts With You) which aimed to articulate environment education to the sound experience during the three days the festival went on in Itú/SP, in the Fazenda Maeda, on the November 9th, 10th and 11 from 2010. This article, though, identifies that the sustainability was used merely to promote consumerism during the SWU. It concludes that, Concludes, against expectations, that there was no effective defense of sustainability or information through the musical environment. It analyses the event under the perspective of linkage, orchestral communication, (in)communication, verticality, culture of listening, dialogues and discourses. This article analyses a case, follows the ethnographic methodology and has its theoretical references on authors such as Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980), Baitello (2005), Menezes (2010).

Key words : Music, Sustainability, Education, Communication and Incommunication







1.      SWU


O SWU (sigla em inglês para Começa Com Você) era para ser uma mega campanha publicitária de comunicação de massa em defesa da sustentabilidade, traduzida em uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretende ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver.

O idealizador do movimento foi Eduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom, holding de agências publicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e em Portugal e cujo capital social é 100% brasileiro. Contou com a parceria da produtora de shows The Groove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Os principais patrocinadores foram Nestlé, Heineken e OI.

A premissa do movimento seria que pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças.

A manifestação empírica desse movimento se deu durante os dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010, na fazenda Maeda, em Itu (SP) com a realização do Fórum Global de Sustentabilidade e do Music and Arts Festival, para um público de 164,5 mil pessoas.


1.1.   Primeira parte do evento: Fórum Global de Sustentabilidade


O Fórum funcionou entre 12h e 14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temas Negócios Sustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. A participação do público, contudo, ficou muito reduzida. Apenas 3 mil pessoas compareceram às 29 palestras de convidados nacionais e internacionais. Algumas das razões que podem ser apontadas para esse insucesso são, primeiro, o horário exíguo e desvinculado dos eventos do festival de música e, segundo, problemas práticos, como o comprometimento de boa parte do público alvo dessas palestras com as filas dos banhos ou para alimentação.

O fórum deveria ficar aberto durante todo o evento. Suas palestras deveriam ter sido gravadas e disponibilizadas para o público que chegasse fora do horário. E depois na internet para o público em geral.

Deveria haver ações inclusivas que envolvessem as pessoas que já estivessem no evento no horário das palestra. Mas nem a programação o público recebia. As pessoas do camping estavam presas às filas do banho ou às do restaurante, não podendo comparecer. E não havia estímulos para a participação. As ONGs poderiam ter sido acionadas para isso. Atividades lúdicas e inclusivas poderiam ter sido implementadas para despertar o interesse do público e consequentemente aumentado a audiência dessas palestras.

Todo o material produzido pelos 24 speakers e outros 20 convidados entre especialistas, pensadores, empresários e representantes de entidades não-governamentais, foi perdido. Se estivesse disponível de forma mais abrangente durante o evento e depois na internet, poderia estar repercutindo até o momento.


1.1.   Segunda parte do evento: Music and Arts Festival


O festival de música teve 74 atrações musicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música. Começava por volta das 15h e terminava depois das 2h, com shows de diversas bandas distribuídos por 4 palcos. Essa parte foi um sucesso, com exceção de alguns atrasos, como por exemplo do show do Pixies e falhas técnicas, como a falta de som e de imagem durante a apresentação do Rage Against the Machine.

No dia 9 de outubro, no Palco Água, se apresentaram: 15h45 - Brothers of Brazil, 16h50 - Macaco Bong, 18h40 – Mutantes, 20h55 - The Mars Volta. No Palco Ar: 16h15 - Black Drawing Chalks, 17h35 - Infectious Grooves, 19h50 - Los Hermanos, 22h05 - Rage Against the Machine. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h – Glocal, 16h - Killer on the Dance Floor, 17h - The Twelves, 18h – Switch, 19h15 – MSTRKRFT, 20h45 - The Crystal Method, 23h59 - DJ Marky, 01h15 - Steve Angelo. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h20 - Letuce + qinhO, 16h10 - Sobrado 112, 17h – Superguidis, 17h50 - Curumin & The Aipins, 18h45 - Mallu Magalhães, 19h45 - Cidadão Instigado, 20h50 - The Apples in stereo.

No dia 10 de outubro, no Palco Água: 14h - Ilo Ferreira, 15h40 - Jota Quest, 17h45 - Sublime with Rome, 19h55 - Joss Stone, 22h55 - Kings of Leon. No Palco Ar: 14h50 - Teatro Mágico, 16h40 - Capital Inicial, 18h45 - Regina Spektor, 21h - Dave Matthews Band. Na Tenda Heineken Greenspace: 16h30 - Mario Fischetti, 17h45 - Nike Warren, 19h - Life is a Loop, 20h15 - Sander Kleinenberg, 21h30 - Roger Sanchez, 22h45 – Sharam, 00h15 - Markus Schulz. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h20 - Luisa Maita, 16h20 – Volver, 17h20 - Lucas Santtana, 18h30 - Tulipa Ruiz, 19h40 - Rubinho e a Força Bruta, 20h50 - Bomba Estéreo, 22h10 – Otto.

No dia 11 de outubro, no Palco Água: 15h05 – Gloria, 16h10 – Rahzel, 17h45 - Cavalera Conspiracy, 19h55 – Incubus, 22h20 – Pixies, 01h35 – Tiesto. No Palco Ar: 14h30 - Alan Johanes, 15h35 – Crashdiet, 17h - Yo La Tengo, 18h50 - Avenged Sevenfold, 20h55 - Queens of the Stone Age, 23h25 - Linkin Park. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h30 - Anderson Noise, 16h45 - Anthony Rother, 18h – Aeroplane, 19h15 - Mix Hell, 20h30 - Gui Boratto, 21h45 - Erol Alkan. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h30 – Tono, 16h30 - Fino Coletivo, 17h30 – Mombojó, 18h35 – Autoramas, 19h40 - BNegão & Seletores de Frequência, 20h50 - Josh Rouse, 22h10 - CSS (Cansei de Ser Sexy)

O festival de arte recebeu instalações de Eduardo Srur, Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, Flávia Vivacqua, Cooperaacs. Além disso, promoveu a exposição “Brasil em Chamas” em homenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e 8 fotos do artista. Apesar de ser permanente, ou seja, podia ser experimentado durante o festival de música, as obras eram poucas e muito dispersas pelo grande espaço do evento (233 mil m2) o que desestimulava o acesso e o interesse do público.

Para quem tinha a expectativa de encontrar obras impactantes, que causassem estranhamento e envolvessem o público, como normalmente são as instalações do curador do festival, Eduardo Srur, a mostra foi frustrante. Esse artista é conhecido por instalar garrafas pet gigantes e iluminadas nas bordas do rio Tietê e por prender barracas de camping coloridas nos prédios monocromáticos de São Paulo.


2.      ECO publicidade.


A tendência na publicidade mundial tem sido buscar equilíbrio e modernidade, segundo Ethel Shiraishi Pereira. Sob essa perspectiva a eco publicidade faz comunicação com responsabilidade ambiental. As campanhas eco publicitárias vão muito além da simples utilização de materiais reciclados, incentivam o uso de mídias menos agressivas, mais atraentes e econômicas, mitigam a quantidade de dejetos produzidos pela campanha, utilizam materiais e processos de baixo impacto ambiental.

Os exemplos mais comuns são os usos de mídias digitais, de tintas à base de água ou de base vegetal, nas quais o petróleo é substituído pelo óleo de soja, e de papéis reciclados e de reflorestamento, sem adição de cloro. A proposta de sustentabilidade começa a ser incorporada no dia a dia das empresas realizadoras de eventos. Está aumentando o uso de materiais reciclados e reutilizáveis; a coleta e destinação correta dos resíduos gerados por um evento; a respectiva neutralização das emissões de gás carbônico, por exemplo com a posterior compensação por meio do plantio de árvores; aumentando a acessibilidade ao local em que se realiza o evento; a racionalização do uso da água e de energia elétrica; utilização de alimentos orgânicos; utilização de “brindes verdes” ou produzidos por comunidades carentes; incentivo ao comércio justo; promoção de ações sociais, culturais e de campanhas educativas, de incentivo à preservação ambiental.

Dessa forma, a eco publicidade busca associar o marketing do produto e a imagem da empresa às boas práticas ambientais. Para tanto, precisa utilizar parceiros e fornecedores que também sejam comprometidos com a produção de baixo impacto ambiental, de preferência certificados o que, via de regra, aumenta o preço de produção.

Segundo bem ressalta  Ethel Shiraishi Pereira:
os eventos considerados sustentáveis estão contribuindo para a legitimação dos discursos organizacionais que, cada vez mais, se apropriam do termo “sustentabilidade” para, diante da  impossibilidade de ocultar o quanto suas ações estão prejudicando o meio ambiente, demonstrar aos seus públicos de interesse que estão preocupadas com as questões ambientais (...) Como mecanismo de legitimação de seus discursos organizacionais, as empresas fazem uso intenso do conceito de desenvolvimento sustentável e passam a promover ações muitas vezes calcadas em estratégias de marketing e de relações públicas apenas visando à promoção de sua imagem junto à sociedade, cada vez mais exigente de seus direitos como consumidores e cidadãos. (PEREIRA, 2010: 91-107)

O SWU pode bem ser enquadrado nesse exemplo de Ethel Shiraishi Pereira. Apesar de propor a reciclagem do lixo produzido, o evento não utilizou produtos com materiais recicláveis ou reutilizáveis, que tivessem sido produzidos sem agredir o meio ambiente.

A atuação das ONGS foi muito limitada. As “ações ambientalistas” na comunidade vizinha limitaram-se ao uso de cooperativas para reciclagem de lixo. Um grande número de pessoas de Itú poderia ter sido mobilizada para prestar serviços ou fornecer produtos para o evento. Poderia haver uma tenda de frutas e legumes produzidos na região, por exemplo.

Os preços altos, as demoras e as filas para os produtos e serviços disponíveis no SWU eram justificados apenas de forma abstrata como ecológicos. Não havia uma explicação  detalhada sobre o porquê da diferença. Pelo contrário, a diferenciação de preço e tempo pelo plus da ecologia foi percebida pelo público como engodo, para justificar lucros maiores.

Além disso, a camisa da sustentabilidade não foi vestida por todos os trabalhadores do evento. Lixo e bitucas eram jogados no chão pela equipe uniformizada do evento. Houve mal tratamento dos prestadores de serviço de limpeza que foram deixados esperando, sem almoço, sentados no chão do lado de fora do evento. E portadores de necessidades especiais foram protelados em detrimento das equipes de cobertura jornalística, por exemplo

O eco capitalismo é uma modalidade ainda mais insustentável que o capitalismo tradicional. Pois na ótica do menor preço com maior benefício, pelo menos a água e a comida, condições para sobrevivência tendem a ser garantidas pelo sistema. Sob o eco capitalismo, contudo, a exploração vai mais além, sob a desculpa de se promover a sustentabilidade praticam-se preços abusivos, limitando o acesso das pessoas até aos bens de sobrevivência.

Os preços da comida e da água no SWU eram exorbitantes. Não se promovia a agricultura local, nem o uso consciente de recursos, pelo contrário. A luz ficava acesa 24horas no camping mas nos toilletes não havia luz. A água do chuveiro era potável e trazida por carros pipa a diesel, sem ser reutilizada. No banho, uma vez aberta a torneira, não havia meio de fechá-la para ensaboar-se, por exemplo, o fluxo de água corria ininterruptamente por 7 minutos. Não havia pias, as pessoas tinham de usar água mineral (R$4 cada 250ml) para escovar os dentes e lavar as mãos, por exemplo.

Além disso, sob a bandeira da sustentabilidade muita gente trabalhou de graça e foram conseguidos incentivos fiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente. Bandas que não viriam se fosse um concerto comum ou patrocinado por uma empresa de cervejas, por exemplo, vieram só por ter essa vinculação ética.


3.      Descumprimento do Plano de Ações de Sustentabilidade de 13 de setembro de 2010


Em contraste com o compromisso de respeito aos direitos humanos e trabalhistas, foi possível presenciar protesto de funcionários terceirizados da empresa T e J que foram deixados horas esperando sem comer e em pé. “Ninguém aqui e bicho! Tem gente desmaiando de fome!” Essas eram algumas das frases gritadas pelos terceirizados.

Não havia cadeiras ou bancos onde gestantes e idosos pudessem sentar e os portadores de necessidades especiais tinham de disputar lugar com as equipes de televisão que usavam o espaço reservado aos PNEs para conseguir uma visão melhor do palco. Os PNEs eram, inclusive, algumas vezes, impedidos de entrar na plataforma com vista privilegiada dos palcos em tese reservada para eles em virtude da movimentação no acesso e das equipes televisivas. Esses fatos violam a cláusula de não-discriminação.

A autora não recebeu assistência nem notou a presença de voluntários, que segundo o Plano de Ações de Sustentabilidade, estariam disponíveis para qualquer ajuda, ou disponíveis para passar informações e dicas de sustentabilidade.

A presença das ONGs no festival, foi muito restrita. Não puderam levar número suficiente de voluntários para implementar ações proativas e ficaram confinadas a um espaço exclusivo, longínquo, que não despertava o interesse do público em geral.

Da mesma forma o Fórum Global de Sustentabilidade, ficou limitado a horário específico e distante do grande público. Ficou perdido o material produzido pelos especialistas, pensadores, empresários, representantes de entidades não-governamentais e de outras iniciativas para discutir com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade. Não houve disponibilização desse material nem durante o evento nem depois online.

Violou-se ainda o compromisso de inclusão social, uma vez que todos os alimentos e bebidas eram provenientes de grandes redes. Não houve contratação de mão-de-obra local e pequenos fornecedores a não ser para lidar com o lixo.

Também foi desrespeitada a cláusula Saúde e Segurança pois o público não teve um canal direto para reportar qualquer abuso, conforme estava previsto. Durante os três dias a autora tentou, sem sucesso entrar em contato com alguém da produção que se responsabilizasse pelas falhas. Todos os contatados disseram não saber com quem entrar em contato. A única saída seria, segundo todos, mandar um email. Ocorre que aos emails a produção também não respondia (nem antes do evento, nem durante, nem depois). Somente no dia 20 e outubro, depois de diversas tentativas, a autora conseguiu estabelecer contato com a equipe do SWU por email, no endereço: info@swu.com.br, do qual retirou a maior parte dos números trazidos por este trabalho.

Com relação ao estímulo ao uso de transporte público, houve o contrário, um desestímulo ao transporte público e o uso insustentável dos meios de transporte. O ônibus de São Paulo passava pela frente da fazenda Maeda, mas ia até Itu, para depois outro ônibus ser tomado para a Fazenda, o que origina gasto extra de combustível por pelo menos 40 minutos. Além disso, o ônibus não estava informado sobre onde deveria deixar os diferentes públicos, assim, os campistas foram deixados em outro lugar, quando deveriam ter sido deixados no setor de triagem, perdendo o show e se arrependendo por não terem vindo de carro.

Com relação ao descarte de resíduos a falha foi a mais evidente. Ao invés de serem implantadas ações para a redução da quantidade de resíduos sólidos, sempre que possível, conforme previa o Plano de Ações de Sustentabilidade, cada pessoa que consumia cerveja por exemplo usava não só a latinha como um copo descartável.


4.      Considerações finais


A comunicação pode ser entendida como a constituição de vínculos, de interação, de interiorização no espaço do outro, sendo a vida social a somatória desses vínculos dinâmicos, submetidos às condições de tempo e espaço. Na atualidade, principalmente nos espaços virtuais, estamos submetidos a uma quantidade enorme de informações que consomem nosso tempo mas não necessariamente estabelecem ou despertam vínculos.

A maioria dessas informações não conseguem entrar no espaço (físico e simbólico) do outro porque não admitem o diálogo. Comunicar a mensagem é sempre estar na passagem, no meio, entre o si mesmo e o outro, na zona de perigo, na área da sedução, no crepúsculo de si mesmo e na zona obscura do outro (BAITELLO in Menezes 2005). Portanto não se estabelece comunicação com a mera informação.  O SWU seria uma ótima oportunidade de se estabelecer esses diálogos para promover uma eficaz comunicação sobre sustentabilidade.

Os eventos tipo o SWU têm um potencial enorme para estimular o diálogo de maneira simétrica e abrangente, colaborando, assim, para a melhor comunicação de uma mensagem. É possível atingir os objetivos de negócios dos patrocinadores e organizadores, ao mesmo tempo atendendo aos preceitos éticos da sustentabilidade. Para tanto os eventos devem ser  utilizados como canais de mão dupla, para harmonizar os interesses das organizações e do público, por meio do estabelecimento de canais de diálogo que promovam o encontro público de interessados em uma determinada temática, favorecendo a compreensão mútua e a busca por soluções de problemas comuns. Por meio de discursos e diálogos convergentes em direção a práticas sustentáveis será viável uma transformação em larga escala dos valores e comportamentos humanos.

Contudo, quanto mais avança a capacidade dos seres humanos de se comunicarem, mais aumentam as dificuldades, os entraves, as distorções. Assim, a comunicação concorre com a incomunicação em todas as oportunidades de se manifestarem. Especificamente com relação à comunicação ecológica, segundo José S. García e Maria S. Santiso, ela está sujeita a um duplo condicionamento: econômico e social. O primeiro faz com que a empresa busque o equilíbrio entre as necessidades de lucro, a satisfação do cliente e o menor impacto possível no meio ambiente. Pela perspectiva social, busca estimular e facilitar a aceitação de ideias, atitudes ou comportamentos sociais benéficos à sociedade em geral ou que buscam reprimir atitudes prejudiciais. Se enquadram nessa perspectiva as ações educativas e informacionais bem como a atuação da empresa no seu entorno natural promovendo a defesa do meio ambiente.

Podem fazer parte dessa perspectiva social ações de descomunicação ou de desmarketing para desestimular a compra de produtos que se usam uma única vez (GARCÍA e SANTISO 2010), como as campanhas para diminuição do uso de copos descartáveis, estimulando o uso de produtos duradouros ou reutilizáveis. No SWU essa descomunicação não estava evidente, mas sim a incomunicação.

Ao chegar ao evento, o público não recebia a programação, mas um termo de responsabilidade (que inclusive era impresso em papel grosso e com tinta forte, nada econômica). A pessoa sem a programação fica desinteressada e sujeita ao comportamento de matilha. Não participa das atividades do Fórum por exemplo, ou porque não está sabendo quais serão os temas a serem discutidos ou porque ninguém está indo para lá.

O comportamento sustentável deveria ser promovido por ações mais diretas e participativas. A comunicação falhou não só na versão impressa (divulgação da programação) como na oportunidade de estabelecer vínculos e promover a disseminação do conhecimento por meio de interações lúdicas e participativas.

Além disso, as proibições eram tantas que só causavam irritação no público. Não eram permitidas cadeiras ou comidas perecíveis no camping. Quem já acampou alguma vez sabe o quanto um lugar para sentar ou uma fruta fazem falta. O excesso de regras só dificulta o cumprimento, desautoriza as autoridades do evento e irrita o público. Esse mal estar, cumulado com os preços altos de tudo e com as falhas técnicas contribuíram para manifestações espontâneas de descontentamento, como a insistência em jogar lixo no chão ou o grito: “SWU, vai tomar no ...”, audível a cada silêncio da banda, ou falha nos telões.   

A comunicação do SWU se deu por diálogo e discurso. Ambos se complementam, o primeiro pressupõe a troca a interatividade e o segundo caracteriza-se pela linearidade própria de comunicações oficiais. Contudo o evento poderia ter contato mais com a contribuição do público, engajando-o em atividades mais interativas. As características do SWU ainda seguiram a lógica de broadcast, muio pouco foi feito no sentido de inovar a linguagem adaptando ao tempo de hiperconectividade, abundância de informações e escassez de tempo.

Além disso, o ser humano coordena suas representações e experiências, desde as mais primárias, seguindo a lógica do inferior ou superior. Quem ou o quê está acima é melhor. Para Harry Pross, a cultura supõe comunicações ritualizadas e institucionalizadas, possibilitada pelos meios, seguindo a hierarquia vertical de valores.

Na contemporaneidade há uma obsessão ainda maior pelo verticalismo. Com o aumento da virtualidade perdem-se os vínculos com os sujeitos corpóreos e tridimensionais que estão próximos. As pessoas se tornam mais individualistas e são cobradas por seus resultados, qualidades, diferenciais e muito raramente se consideram e são consideradas como iguais.

No SWU isso se demonstrava no cotidiano dos campistas. Normalmente quem acampa, compartilha, ajuda, conversa, se coloca no âmbito do horizontal, em que todos são iguais. Esses valores remontam à revolução cultural da década de 1970, aos valores hippies. O camping do SWU não seguiu essa lógica. O público não era formado por pessoas que normalmente acampam o que era evidenciado pela quase maioria de barracas novas. E a maioria das pessoas eram jovens. Assim, a lógica da verticalidade foi a mais preponderante. Casais e grupos interagiam entre si, sem agregar os vizinhos de barraca. Havia um desinteresse pelo próximo. E inclusive situações de completa alienação: um grupo não saber que o grupo ao lado é do mesmo estado.

Dentro do contexto de um mundo marcado quer pela inflação de imagens e sons, como pela dificuldade em se ver e ouvir em profundidade (Menezes 2007), a comunicação do SWU deveria ser interativa e orquestral. Perdeu-se uma importante oportunidade para usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade.

As iniciativas comunicacionais  do SWU foram estruturadas de acordo com a lógica do eco marketing e do eco capitalismo suas ações não foram verdadeiramente sustentáveis. Ao SWU, portanto, faltou ação política, foi apenas um mega evento de entretenimento (por sinal muito bom, com excelentes bandas em um lugar agradável).


Referências bibliográficas:
CHAMORRO, A.; MIRANDA, F.J; RUBIO, S. El estado de la investigación sobre marketing ecológico en España. Disponível em http://dialnet.unirioja.es/servlet/fichero_articulo?codigo=2153375&orden=0 Acesso em 29 de novembro de 2010.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naif, 2007.
GARCÍA, José Sixto; SANTISO, María Salgueiro. Comunicação ambiental para o século XXI. Comunicação & Educação, São Paulo, ano 15, n.2, CCA/ECA/USP/Paulinas, p. 69-76, 2010
JÖHR, Hans. O verde é negócio. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling; OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (Org.). A comunicação na gestão da sustentabilidade das organizações. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.
MEDITSCH, Eduardo (Org.). Teorias do rádio: textos e contextos. Florianópolis, SC: Insular, 2005  (v.1)
MENEZES, José Eugenio de O (organizador). Os meios da incomunicação. São Paulo: Annablume, 2005
MENEZES, José Eugenio de O. Editorial da Revista Ghrebh. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh9/artigo.php?id=editorial&dir=artigos. Acesso em 15 de outubro de 2010.
PEREIRA, Ethel Shiraishi. Isso não tem importancia: eventos e sustentabilidade na sociedade do espetáculo. Communicare : Revista de Pesquisa, São Paulo , v. 10, n. 1, p. 91-107, jan. 2010.
PRAKASH, Aseem. Greenmarketing, public policy and managerial strategies. Disponível em www.greeneconomics.net/GreenMarketing.pdf Acesso em 29 de novembro de 2010.
PROSS, Harry. Estructura simbólica del poder. Barcelona: Gustavo Gili, 1980. 177 p.
SRUR, Eduardo. Fotos das intervenções mais conhecidas do artista, curador do Festival de Arte do SWU. Disponível em http://www.flickr.com/photos/eduardosrur/collections/72157624103087120/. Acesso em 29 de novembro de 2010.
SWU. Compromisso público de sustentabilidade. Disponível em  http://www.swu.com.br/pt/movimento-swu/swu-compromisso-publico-de-sustentabilidade/. Acesso em 22 de novembro de 2010.
SWU. Plano de ações de sustentabilidade. Disponível em http://www.swu.com.br/pt/swu/noticias-swu/swu-plano-de-acoes-de-sustentabilidade/ Acesso em 22 de novembro de 2010.
WINKIN, Yves. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas,SP: Papirus, 1998.
WULF, Christoph. O ouvido. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh9/artigo.php?dir=artigos&id=WulfPort . Acesso em 15 de outubro de 2010.



[1] Mestranda em Comunicação pela Cásper Líbero, Linha de Pesquisa Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado, Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir. E-mail danielle.denny@gmail.com.

MUSIMID2011 Saberes e gêneros tradicionais


Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011
Evento internacional, realizado na ECA, em 16/09/11
SESSÃO TEMÁTICA
Saberes e gêneros tradicionais.

Bagad orquestra tradicional bretã
Thaíse Valentim Madeira
Gauleses,Romanos, Francos, Celtas, Vikings estabeleceram-se alternadamente na Bretanha. A identidade é uma força tranquila não garante nada no futuro mas permite tudo. Festival intercéltico de Lorient tem 40 anos, casa orquestras clássicas e músicos tradicionais bretãos se pretende caixa de ressonância de uma cultura céltica cosmopolita.

Tuyabaé Cuaá a sabedoria dos antigos pagés – musica de Walter Freitas
Marlise Borges
Walter Freitas, compositor do Pará. Obra é um caleidoscópio traduz misturas amazônicas. É um manifesto poético com linguagem musical, corporal, verbal, escrita.

Da roda ao disco
Deivison Moacir Cezar de Campos
Professor de jornalismo. Deivison_campos@hotmail.com. UNISINOS. Nao pode usar o termo escravo tem de usar escravisado. Rezas contam histórias que guardam a memória coletiva. Roda: pertencer à festa presencialmente. Disco: tomar contato com a cultura de forma mediatizada.

Candomblé
Jorge Luiz R. Vasconcelos
Religiões de transe e de orixás vêm sendo perseguidas. Ogã alabê é o músico, responsável pela memória dos cânticos, é o tocador dos bumbos e tambores.



15/09/2011

MUSIMID2011 A música como memória.



Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011
Evento internacional, realizado na ECA, em 15/09/11
MESA REDONDA
A música como memória.

Canções no ABC: Osvaldo Varoli e Romeu Tonelo
Herom Vargas
Osvaldo Varoli e Romeu Tonelo são compositores locais de bolero e samba de origem operária. Se consolidaram tocando nas 4 rádios locais.

Musica brasileira, internet e memória
Ricardo Tacioli Editor do site Cultura Brasil e criador site Gafieiras.
Radio Cultura Brasil AM dedicada a música brasileira. Mas problema de sinal na antena e as limitações da AM fizeram a programação migrar para a web. Conteudo que tinha só som passou a ter texto e imagem. Valorizando o acervo iconográfico gigantesco da Fundação Pde. Anchieta. Hoje tem 4.500 visitas dia. Conteudo transmidia, nasce na radio, passa pela web e depois migra para a TV. http://www.culturabrasil.com.br/. Diferencial nas playlists é que não são por artistas mas sim temáticas como uma sobre o Mussum (que fez parte dos Originais do Samba) http://www.culturabrasil.com.br/playlists/mussum-o-rei-do-recorequis. Outro site interessante é o http://www.pioneiras.com.br/ sobre as primeiras mulheres que vencendo preconceitos fizeram da música sua vida.

Samba paulista
Olga Rodrigues de Moraes von Simson. Livro Carnaval em branco e negros.
Reconstrução intertextual. Samba vem de Angola, chamava Semba, homenageava a deusa da fertilidade. Carlos Gomes de Campinas, filho de negra, composição erudita com traços de musica negra, chamada Cayumba. Samba Rural nas regioes da cana de SP: como em Piracicaba, Americana, Rio Claro, Campinas, Pirapora do Bom Jesus (onde havia competição entre sambistas). Onde a modernidade do café se instalou não havia esse samba. Barao Geraldo de Azevedo era um que permitia a dança de samba no terrero de suas fazendas (hj casa é da Unicamp). Samba de Terrero e Samba de Batuque. Na capital São Paulo, viram os cordoes na Barra Funda, Bixiga e Glicério. Depois legislação importada do Rio, faz cordoes  virarem escolas de samba para serem aceitos nos desfiles. Principal sambista paulista é Geraldo Filme. Pato N’Agua só com apito organizava um desfile de escola de samba. Sambistas Italos-paulistas, como Adoniram Barbosa, mais recentemente, ganham a rádio. Germano Matias, Dionísio Barbosa (criador da camisa verde e branco). A partir dos anos 70, 80 e 90 juventude passa a se interessar novamente pelo samba. Grupo do Cupinzeiro, de Campinas, é exemplo de grupo contemporâneo que faz samba de raiz.  www.centrodememória.unicamp.resgate (revista resgate 16 é sobre samba)

A Natureza da informação.



Economia é um sistema complexo, probabilistico como a internet e o corpo humano. Tem muito mais implicações que conseguimos prever, um input pode dar um retorno completamente imprevisível. Economia da informação, então, é ainda mais complexa pois não é fechado o conceito de informação apesar do termo ser amplamente usado. Informação difere de conhecimento, que também não se sabe ao certo o que é, depende de processos de cognição humana que ainda não é dominado pela ciência. Conhecimento está ligado a cognição, não necessariamente é verdade. Por um tempo, antes de Galileu Galilei, por exemplo o conhecimento da humanidade era que o sol girava em torno da terra. Uma pessoa sabe como andar de bicicleta mas ignora o processo neuromuscular e físico  que é necessário para tanto. Já informação é algo mais tangível. Contudo apesar da natureza da informação parecer coisa simples, ela não é. Profissional da comunicação na verdade é um profissional que trabalha com informação. Mas ao contrário do que era de se esperar, não se estuda o que é informação da maneira profunda como deveria. O papel do comunicador é atribuir valor à informação.

O estudo sobre a natureza da informação permite concluir que o termo é um conceito labiríntico que, via de regra, vem sendo mal utilizado. O mais disseminado é o proposto pela Teoria Matemática da Comunicação. Contudo essa fundamentação teórica foi criada para otimizar problemas de transmissão de sinais apenas. Portanto não pode ser suficiente para abarcar as complexidades da Era da Informação

Claude Shannon e Warren Weaver, em 1948, aplicaram a teoria booleana que captura a essência das operações lógicas em sim ou não, 0 ou 1, ou seja o sistema binário que deu origem à revolução digital, fundamentando toda linguagem computacional.  Shannon trabalhou com a segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia. Precisava estudar onde o sinal ficava fraco, mas não acabava, para ser possível amplificá-lo e assim distribuir melhor o sinal. Para essa teoria, quatro itens integram o processo comunicacional: emissor de sinal, receptor de sinal, mensagem e ruído. Porém sinais são apenas um tipo de informação.

Inclusive, essa lógica matemática, própria de engenheiro, quando aplicada à comunicação social pode gerar problemas. Diferentemente das máquinas computacionais, nosso órgão elétrico (cérebro) não usa só essa lógica para entender os fenômenos. A complexidade aumenta ainda mais se for incluída a capacidade da mente. Esses estudos vêm sendo desenvolvidos pelas ciências cognitivas.

Na atual sociedade do conhecimento, houve radicais mudanças sobre a importância da informação. A evolução humana, desde o fim da pré-história, passou a depender da capacidade de registrar eventos, ou seja, de fazer história, para assim acumular e transmitir informação. Porém, atualmente o progresso e bem estar humano passou a depender muito mais do controle eficiente sobre o ciclo de informações (criação, transmissão, processamento, indexação, uso, tomada de decisões).

Vivemos a quarta revolução. A primeira foi impulsionada pelo pensamento de Nicolaus Copernicus  (1473-1543) que deslocou a Terra do centro do universo. A segunda por Charles Darwin (1809-1882) que colocou o homem como uma das várias espécies descendentes de um mesmo ancestral. E a terceira por Sigmund Freud (1856-1939) que desvendou o inconsciente que impede a razão de ser inteiramente transparente. Com a quarta revolução, mais uma vez algo muito relevante mudou na forma como o ser humano se entende no mundo. Passamos a nos perceber como seres informacionais interconectados. Quando estamos desconectados da infoesfera nos sentimos como um peixe fora d’água.

Nesse contexto a Comunicação não é importante por ser ciência, mas sim por ser interface. A preocupação da Comunicação não deve ser ter corpo sólido como a física, mas se reconhecer como interdisciplinar e, portanto, importante para todas as outras ciências como interface. O desafio dos meios de comunicação é identificar como ser relevante numa economia conectada em rede. E para tanto precisa aprofundar o estudo sobre a vida na infoesfera, sobre o paradoxo que é ao mesmo tempo a sociedade atual valorizar a privacidade e divulgar informações confidenciais por meio de serviços como o Facebook..

A diferença entre online e offline vai desaparecer, assim como hoje o tênis da Nike já conecta com o Ipod, cada vez mais os equipamentos vão trocar informações entre si tornando nossa vida cada vez mais sincronizada e interconectada. A conseqüência provável é surgirem novas formas de discriminação entre aqueles que têm acesso a essas informações interconectadas e os excluídos.

Para melhor conhecer o sistema informacional e também posteriormente discutir a questão ética, é preciso aprofundar o estudo sobre a estrutura da informação e para melhor entender o conceito labiríntico de informação Luciano Floridi propõe um mapa (FLORIDI, Luciano. Information – A Very Short Introduction. 2010)
Data structured: environmental or semantic (content).
Semantic institucional or factual
Factual untrue or true (information), que gera knowledge
Untrue unintentional (misinformation) or intentional (disinformation)
Na internet apenas 5 % das informações são estruturadas, ou seja podem ser utilizados para fundamentar outras informações estruturadas
Informação instrucionais de andar de bicicleta, por exemplo, é a pergunta como. Dados factuais pergunta o que, por que quais os fenômenos envolvidos no ato de andar de bicicleta. Dentro da informação factual cabe a distinção entre verdadeira e falsa. Na verdadeira está o conhecimento. Na falsa cabe a informação intencionalmente falsas (desinformation), e a sem querer, não intencional, (misinformation). O jornalismo usa não só a informação como também a desinformation e a misinformation. Em um processo dinâmico em paralelo, ou seja, um dado quando é emitido pode ser logo unido a uma informação, desinformation ou misinformation .

Além disso, a informação se divide em primária, secundária, meta, operacional e derivativa. Informação primaria por exemplo é C-l-a-u-d-i-a. Informação secundaria é Claudia que é estudante, jornalista, mulher. Informação meta Claudia é também homo sapiens, mamífero. Operacional Google tem informações primarias secundarias e categorizadas de forma meta para ser operacional num sistema. Informação derivativa âmbito das intencionalidades. Google não sabe as suas intencionalidades mas quer saber, para derivar suas buscas para o âmbito da publicidade.

Esse mapa é apenas um esforço de facilitar a racionalização, mas importante ressaltar que é simplificador e portanto insuficiente para dar conta de todos os aspectos da realidade. Inclusive o sistema analógico é o sistema mais rico de informação. Único aspecto que a revolução digital atinge é a informação, o resto da vida humana se dá no mundo analógico (não se come nem se comerá bits, mas o digital pode melhorar a distribuição de alimentos, por exemplo). O diferencial do digital é dar agilidade. A riqueza do analógico não permite que ele seja ágil. No analógico um ponto tem infinitas informações pode-se chegar ao nível quântico, a informação é contínua.

O sistema binário tenta emular o analógico promovendo a simplificação, perde-se a riqueza da informação. Trata-se de um sistema discreto, ponto a ponto. Binário é uma forma que o digital pegou na lógica. Poderia usar lógica fuzzy mas tem de ser na lógica binária pois as maquinas não entendem se não for binário. Não pode usar lógica para-consistente que admite contradição pois as máquinas não aceitam contradição, o cérebro, pelo contrário, não só aceita como é pura contradição.

Sendo assim, melhor não usar o termo conhecimento, por sua imprecisão. Melhor usar informação estruturada. Que significa que um dado tem  um princípio de verdade, conexão com a realidade, e funciona no sistema real. O que é importante para estruturar uma informação é o que é relevante. Então relevância tem função primordial na informação estruturada. Sobre o que a pessoa presta atenção?. Não podemos cair na vala comum do discurso “que é relevante para uma pessoa não é relevante para outra pessoa”. É primordial aprofundar os estudos sobre a relevância. E a relevância no mundo real é diferente da relevância na rede (pois na rede há os filtros dos algorítimos).

A comunicacao produz ostensivos estímulos dirigidos para o público alvo. Um estimulo é um fenômeno projetado para obter efeitos cognitivos (retorno). O estímulo é uma informação, deve ser mais relevante que qualquer outro fenômeno externo ou representação interna (caso contrário a pessoa não presta atenção). Tem de haver uma teoria sobre relevância. O problema não e tanto para avaliar os efeitos contextuais e esforço de processamtno a partir do exterior, mas para descrever como a mente avalia os seus próprios resultados e os esforços interiores e decide como resultadao a prosseguir os seus esforços ou realocá-los em diferentes direções. (SPERBER; Wilson, 1986:130)

Relevância  é uma questão  de grau não sabemos como os graus de relevância são determinados. Relevância pode ser definida como a relação entre a suposição (certeza) e o contexto. Jornalismo cria plataformas, o contexto, para chamar a relevância. Sala de aula é um encapsulamento da relevância.


MUSIMID2011 Música e memória midiática: linguagens audiovisuais


Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011
Evento internacional, realizado na ECA, em 15/09/11
Sessão Temática
Música e memória midiática: linguagens audiovisuais

O mickeymousing está morto?
Guilherme Campiani Maximiano
Mickeymousing  é uma técnica de composição para a imagem, cujo auge foi nos desenhos animados, principalmente nas déc. de 30, 40 e 50. Musica composta para a imagem em movimento. Fantasia por exemplo não é mickeymousing. Presto da Pixar e Peixonauta são exemplos de mickeymousing, o primeiro mais ainda porque não tem diálogos, por isso é mais propício o uso da música.

Música na publicidade
Duana Castro Soares
Pregão (canto dos vendedores ambulantes) é o primeiro exemplo de jingle. Eles entraram na música por exemplo no ”menino vendedor de laranja”, cantado pela Elis Regina “compra laranja dotor”. Como bandas estão saindo das gravadoras a publicidade está financiando algumas bandas. Strokes fez uma música especialmente para a All Star. Mallu Magalhaes fez parceria com a Vivo (Motorola), quem comprava o celular já vinha com o disco). Banda Hurra Torpedo  foi financiada pela Ford Fusium em sua turnê e por isso eram filmados usando o carro a todo tempo em videos curtos da internet. Banda Uncles criada especialmente para lançar o carro novo da Nissan.

Vinhetas da Rede Globo
Jaqueline Esther Schiavoni
Vinheta é uma arte gráfica, cria narrativas audiovisuais. Duas formas principais: o jinge e o spot publicitário que é a locução. Camões: “ amar é querer estar preso por vontade”. Os jingles vão bem nesse sentido. Globo e vc tudo a ver. A Globo mexe, mexe com vc. A gente se vê por aqui. A gente se liga em vc.

Western e Spaguetti Western (bang bangs)
Rafael Duarte Oliveira Venancio
Estilo de filmes que tem mais exemplares. Construção de mitos de herois americanos, indios malvados e donzelas em perigo. Subversao da memória do Western, cria os anti heróis no bang bang. Exemplo O homem sem nome: Clint Eastwood. Era um filme de geeks. Hoje filmes como Kick Ass, repetem as músicas dessa memória, toca música de Por um punhado de dólares a mais, quando a menininha invade o prédio do bandido. Propaganda dos caminhoes ford também usa música e ângulos de filmagem usados no Spaguetti Western, para criar uma analogia entre os caminhoneiros e o desbravadores do west americano.

A música popular brasileira como personagem
Márcia Ramos de Oliveira
Filmes se propõem como documentários mas até que ponto são ficcão? Termo documentário musical é uma categoria ainda indefinida. Festival In-Edit e Portal Curtas da Petrobrás têm ótimos exemplos mas que não entram no roteiro de circulação comercial.


14/09/2011

MUSIMID2011 Músicos e músicas memoráveis


Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011
Evento internacional, realizado na ECA, em 14/09/11
SESSÃO TEMÁTICA
Músicos e músicas memoráveis

Eliana Maria de Almeida Monteiro da Silva e Amilcar Zani Netto
Sobre a importância da série Compositores Latino-Americanos da pianista Beatriz Balzi. Interessante a interpenetracao dos temas e técnicas entre os diferentes compositores dos diversos países latinoamericanos. Faleceu em 2001 de câncer, depois do 7º. Volume. A série estava prevista de ter 10 volumes. Preencheu um pouco a lacuna de conhecimento que existe entre os países da região. Interessados em obter a coleção entrar em contato com Lia (irmã da Beatriz Balzi) no email beabal@terra.com.br, pois por questões de direitos autorais a distribuição está dificultada.

Joêzer de Souza Mendonça
Musica maranhense impactando os não maranhenses. Artur Azevedo importante no teatro de revista e Catulo da Paixão conhecido por suas modinhas e por celebrizar o uso do violão, até como parte da identidade nacional brasileira (andar com violão no final do sec XIX era sinônimo de vadiagem, previsto como crime). Ambos eram mediadores culturais, nao repetiam o preconceito da elite cultural e transitavam bem com as expressoes populares. Especie nascente da industria cultural. Teatro de revistas era musicalmente formado por trechos, tipo de hibridismo culltural, eruditas junto com populares. Arthur Azevedo tinha fama de tocador de música suja no teatro ligeiro, de revisteiro. Elite reagia à valorizacao da cultura popular (lembrar que o contexto histórico era o de expulsao dos incivilizados do centro das cidades, época da revolta da vacina, pex). Com Catulo da Paixao o violão vai aos saloes mais nobres da elite tocando modinhas que viraram hits (“moralizei o violão”). (Ele é um dos personagens de O triste fim de Policarpo Quaresma).

Liliana Harb Bollos
Pianista professora de harmonia em Tatui. Estuda Johnny Alf, que morreu em 2010, e é um dos pais da Bossa Nova. Música Rapaz de bem tem modulação muito moderna para época (depois usado tambem em desafinado de Tom Jobim). Pessoal da Bossa Nova ouviu muito cool jazz e bip bop.

Sabrina Dinola
Socióloga da UFRJ. Analisa documentário do Wilson Simonal “Ninguém sabe o duro que eu dei”. Influencia de modernista na música da déc. de 1960. Efeito coral, coesao unidade da música popular brasileira. Coral do Wandré é engajado contra a ditadura militar, coral do Simonal é diferente era alegre e feliz. Enquanto Chico Buarque chamava o ladrao, Simonal chamava a política. Consequência é quase 40 anos de repúdio. Cinema vira caixa de ressonancia do cenário musical contemporaneo marcado pela fluidez e pela diversidade, resignificando Simonal como músico brilante. 

HISTÓRIA IMPACTOU SIGNIFICATIVAMENTE A ARTE NO PÓS 2GUERRA

Por Danielle Denny
Anotações feitas no MUSIMID2011, evento internacional, realizado na ECA, em 14/09/11.
NICOLAU SEVCENKO, professor de história da cultura da ECA
O vórtice cultural do pós guerra
A reconfiguração dos paradigmas artísticos


Anos 50, 60 e 70 produziram um significado em cultura, reorganizaram a cultura de tal forma que até hoje é paradigmática. Imediato pós guerra foi fundamental, portanto. Advento da microeletrônica deixa o debate muito mais paralizado hoje em dia.

Concerto do John Cage 4minutos e 33 segundos (mimica de orquestra), provocação artística. Desafio ainda nao foi plenamente assimilado. John Cage estudou na Alemanha, representava a expectativa dos anos 20. Estudou com representantes da vanguarda alemã. Queria repensar a experiencia musical em torno de unidades performativas que eram as orquestras, com partituras e códigos da escala temperada. John Cage propoz que pessoas se sentissem como produtoras de sons, pulsações, vida é sonora. E imersas em um ambiente sonoro. Pensar som para além da memória musical que pode ser paralizante. Musica é forma de focar e desfocar. Cria sentido discricionariamente, como todo código é arbitrário e autoritário. Pressupoe nos desengajar das nossas próprias pulsações e das pulsações do ambiente. John Cage propoe reconectar, pensar para além das limitacoes do código cultural da memória seletiva.

Pianista canadense Glenn Gould. Utiliza os recursos da tecnologia eletronica para salientar detalhes de sua performances. Dosa tradicao do barroco com o improviso e com a eletronica. Poe a eletronica do pós guerra para destacar o prodigio da cultura bachiana. Tinha como intuito se isolar do meio para produzir o refinamento técnico extremo. Passou a ser engenheiro acustico, nao tocava mais pianos mas coordenava uma diversidade enorme de equipamentos eletronicos em estudido. Nunca conseguiu se isolar completamente para produzir a perfeição. Mas é o antípoda do John Cage.

GUERRA É CORRIDA TECNOCIENTÍFICA. Intensifica as transformações tecnológicas. Pode sedizer que a microeletronica é consequencia da 2 guerra mundial. Paises do Eixo eram mais avancados do que os paises Aliados que precisaram de mega investimento para superar sequestrando técnicos inimigos inclusive. Tecnologia produzida para a guerra, quando aplicada à linha de produção produziu um boom economico de crescimento e de abundância. Com enorme valorizacao do trabalho, com consequente distribuição de renda. Novos contingentes populares vao entrar na cena políica dando origem aos governos populistas, aos sindicatos e partidos. Ganhos salariais e benefícios sociais criando estado de bem estar social. Que virou o ápice do projeto democrático do pós guerra, o que todos queriam.

Momento:

Guerra da Coréia, Guerra do Vietna, mas descolonização por exemplo da Argélia, inclusao das minorias (mulheres e indios pex), Revoluçao cubana utopia democratica no começo, Primavera de Praga democracia participativa e estado de bem estar social, no brasil entre ditadura varguista e militar grande esforço democrático.

Cristalização da microeletronica. Nova revolução (telefonica foi depois da 1 guerra) a da microeletronica que é a base de toda tecnologia computacional. Mudando os paradigmas eventualmente até cultural.
Antes da guerra, linha de produção fordista aplicada à produção industrial para acelerar o sistema produtivo. Quanto mais se produz mais mao de obra por isso valoriza mao de obra, redistribui renda. No pós guerra automação. Nova metodologia permite robotização do trabalho. Sistemas automáticos substituem a mao de obra, principalmente não qualificada. Só precisa de MDO qualificada.

Pearl Harbor foi destruido com toda a frota naval americana no pacífico sul. Garantindo hegemonia japonesa sobre o pacífico sul. E um ser humano nao derruba um zero japones que é muito manobravel para ser derrubado por um artilheiro antiaéreo. Norbert Winner matemático prodígio doutorado em Harvard aos 18 anos estudou na Inglaterra e na Alemanha, voltou aos EUA e foi ser jornalista na área trabalhista. Ele cria sistema articulado que conecta radares e sensores eletrônicos à base antiaérea com base em cálculos matemáticos do movimento do aviao e também dos efeitos balísticos das atividades atmosféricas. Canhao interpretando essas informações matemáticas nao precisa mais de humano para derrubar um aviao. Inverteu a lógica da guerra. Nunca mais um aviao japones escapou desse sistema eletronico, por isso foi desenvolvido o kamikase (ainda que atingido tentar derrubar o aviao nos inimigos, porque a partir daquele momento inevitavelmente o aviao seria atingido).

Escola de desenho industrial de Ulm (bauhaus experiencia esquerdizante pós 1 guerra) cria o expressionismo geométrico. Uso da topologia (conceito matemático). Fita de Möbius, fora da geometria euclidiana tridimensional, acaba o conceito de fora ou dentro. Fundamental para que computadores possam processar a quantidade de dados que faz hoje.  

Ciencia do pós guerra é capaz de gerir o caos. Aerofotogrametria por exemplo (fotos sequenciais de milésimos de segundos, cronometra o acaso. Pesquisa de misseis do Werner Von Braun (duarante gov Kennedy, bem estar social do pos guerra). Conquista do espaco para controlar a terra. Tem programa de TV the rocket man. Controle em tempo real do planeta graças ao sistema de satélites estacionários integrados.

O manifesto concretista de Augusto de Campos, Decio Pignatari e Haroldo de Campos menciona isto. Arte para além da arte. Nao é só conjunto de memória. Campo de experimentacao de articulação simbolica e cognitiva.

Musica eletronica começa com o instrumento de Terement, nao prendam esse instrumento a memoria auditiva do passado ele é da memoria auditiva do futuro (sons ficaram conhecidos como o som do disco voador). Depois o uso foi disseminado quando foi criado o sintetizador.

Arte passou a poder ser criada instantaneamente pela interação do performance com a música. Dancarina que interfere na música que interfere na coreografia da dancarina e assim por diante. Acaba a ideia de performance limitada a um código pré-estabelecido.

Casas portáteis, Geodos, com imagens projetadas no teto, e com som acustico. Black Montain Park.
Lixo produzido em escala global decorrente do consumo exacerbado.

Cidades arrasadas pelo bombardeio de varredura e bombas incinerárias, construção posterior de prédios conjunto de cubículos. Quadratura da experiencia humana, international style, articulados em funcao de estacionamentos e vias expressas.Brasilia é um exemplo de international style, assim como o nosso JK (o homem moderno, o presidente bossa nova). Realidade urbanistica do pos guerra (antes eram todas as cidades no estilo frances hausmaniano). Cidade vira depósito de minorias, migrantes, menos talentosos, lugar do fracasso. Suburbios passam a ser o lugar do sucesso. Razao para isso foi que houve estímulo para ocupar espaco rarefeito (after total war can come total living). Ferrovias quando bombardeadas demoram a ser recompostas. Autobahns não, destruidas a noite de manha já estao prontas para uso. Novo modelo portanto é suburbios, vias expressas rodoviárias e ar (avioes, satélites).

Rockfeller governador de NY, cria o museu de arte moderna de NY, no centro de sua reforma urbanistica, é presidente de petroleira e de financeira (chase manhatan). Muda a capital cutural da Europa para NY, pq tem os recursos para comprar as obras na Europa arruinada. Museus de arte moderna e obras modernas estão no centro de toda reforma urbanistica da época, tanto de NY como no Rio com Lacerda (MAM no centro do aterro do Flamengo), em sp com o Masp e Mam (nas duas vias expressas que ligam a cidade ao aeroporto) e em Brasilia com JK.