29/11/2011

III Seminário Comunicação e Cultura do Ouvir, Comunicação e sustentabilidade: o ambiente comunicativo do SWU


Comunicação e sustentabilidade: o ambiente comunicativo do SWU
Palestra ministrada por Danielle Denny, em 29/11/2011



Artigo: 

FACULDADE CÁSPER LÍBERO
PROGRAMA de pós graduação em COMUNICAÇÃO
Mestrado
2º. semestre de 2010




Comunicação e sustentabilidade: o ambiente comunicativo do SWU




DANIELLE  DENNY
Mestrado



São Paulo, novembro de 2011





1.    •Resumo


As apresentações musicais em eventos coletivos como os festivais de música são capazes de gerar um ambiente privilegiado para intervenções de forma a favorecer a educação, despertar e promover a postura ética e ecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoras podem ser vinculadas a determinadas atitudes e, assim, promover ações e compromissos ecológicos. O caso concreto sob análise é o SWU 2010 (sigla de Starts With You ou Começa Com Você) que tinha como objetivo articular a educomunicação ambiental à imersibilidade sonora nos três dias de festival realizado em Itú/SP, na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. Em seu site o SWU pretendia ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver. O presente artigo busca identificar se a sustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU, ou se foi uma importante oportunidade para criarem-se vínculos e usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade. Estuda as iniciativas comunicacionais do SWU sob a lógica do eco marketing e do eco capitalismo, sob os conceitos de imagem complexa, de ecologia da comunicação e sob a perspectiva de estabalecimento de vínculos. A análise teórica do presente artigo é feita sob a perspectiva dos valores econômicos, da vinculação, da comunicação orquestral, da iconofagia, da ecologia da comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. Este artigo parte de uma análise de caso, segue a metodologia fenomenológica e tem como referencial teórico autores como Shapiro(1999), Castells (2009), Català (2005), Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980), Romano (2004), dentre outros.
Palavras-chave: Vínculos. Comunicação Orquestral. Diálogo. Educomunicação. Cultura do  Ouvir. Ecologia da comunicação.


O universal está no coração do particular
Goethe

2.    •Antecedentes



A presente pesquisa nasceu de uma experiência de aplicação do aprendido nas aulas de Teoria da Comunicação do mestrado da Cásper Líbero. Depois de estudar a escola de Palo Alto, a pesquisadora foi a campo, durante os três dias de festival realizado em Itú/SP, na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010, seguindo a metodologia fenomenológica de buscar experiências, de ir da teoria ao trabalho de campo, como propõe o título do livro de Winkin (1998). Alguns dos resultados dessa pesquisa de campo já constam da descrição do objeto de pesquisa, logo abaixo.

3.    •Introdução


a.   TEMA



A presente pesquisa tem uma temática dividida em três itens principais: vinculação, educomunicação e ecologia da comunicação.

b.   Descrição do objeto



O SWU (sigla em inglês para Começa Com Você) era para ser uma mega campanha publicitária de comunicação de massa em defesa da sustentabilidade, traduzida em uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretende ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver.

O idealizador do movimento foi Eduardo Fischer, presidente do Grupo Totalcom, holding de agências publicitárias com atuação no Brasil, na Argentina e em Portugal e cujo capital social é 100% brasileiro. Contou com a parceria da produtora de shows The Groove Concept e da Consultoria Visão Sustentável. Os principais patrocinadores foram Nestlé, Heineken e OI. A premissa do movimento seria que pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças. A manifestação empírica desse movimento se deu durante os dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010, na fazenda Maeda, em Itu (SP) com a realização do Fórum Global de Sustentabilidade e do Music and Arts Festival, para um público de 164,5 mil pessoas.

A primeira parte do evento foi o Fórum Global de Sustentabilidade que funcionou entre 12h e 14h40, com apresentações de palestrantes e debates sobre os temas Negócios Sustentáveis, Inclusão de Minorias e Jovens e Meio Ambiente. A participação do público, contudo, ficou muito reduzida. Apenas três mil pessoas compareceram às 29 palestras de convidados nacionais e internacionais. Algumas das razões que podem ser apontadas para esse insucesso são, primeiro, o horário exíguo e desvinculado dos eventos do festival de música e, segundo, problemas práticos, como o comprometimento de boa parte do público alvo dessas palestras com as filas dos banhos ou para alimentação.

O fórum deveria ficar aberto durante todo o evento. Suas palestras deveriam ter sido gravadas e disponibilizadas para o público que chegasse fora do horário. E depois na internet para o público em geral. Deveria haver ações inclusivas que envolvessem as pessoas que já estivessem no evento no horário das palestras. Mas nem a programação o público recebia. As pessoas do camping estavam presas às filas do banho ou às do restaurante, não podendo comparecer. E não havia estímulos para a participação. As ONGs poderiam ter sido acionadas para isso. Atividades lúdicas e inclusivas poderiam ter sido implementadas para despertar o interesse do público e consequentemente aumentado a audiência dessas palestras.

Todo o material produzido pelos 24 speakers e outros 20 convidados entre especialistas, pensadores, empresários e representantes de entidades não-governamentais, foi perdido. Se estivesse disponível de forma mais abrangente durante o evento e depois na internet, poderia estar repercutindo até o momento.

A segunda parte do evento foi o Music and Arts Festival. O festival de música teve 74 atrações musicais, 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música. Começava por volta das 15h e terminava depois das 2h, com shows de diversas bandas distribuídos por 4 palcos. Essa parte foi um sucesso, com exceção de alguns atrasos, como por exemplo, do show do Pixies e falhas técnicas, como a falta de som e de imagem durante a apresentação do Rage Against the Machine.

No dia 9 de outubro, no Palco Água, se apresentaram: 15h45 - Brothers of Brazil, 16h50 - Macaco Bong, 18h40 – Mutantes, 20h55 - The Mars Volta. No Palco Ar: 16h15 - Black Drawing Chalks, 17h35 - Infectious Grooves, 19h50 - Los Hermanos, 22h05 - Rage Against the Machine. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h – Glocal, 16h - Killer on the Dance Floor, 17h - The Twelves, 18h – Switch, 19h15 – MSTRKRFT, 20h45 - The Crystal Method, 23h59 - DJ Marky, 01h15 - Steve Angelo. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h20 - Letuce + qinhO, 16h10 - Sobrado 112, 17h – Superguidis, 17h50 - Curumin & The Aipins, 18h45 - Mallu Magalhães, 19h45 - Cidadão Instigado, 20h50 - The Apples in stereo.

No dia 10 de outubro, no Palco Água: 14h - Ilo Ferreira, 15h40 - Jota Quest, 17h45 - Sublime with Rome, 19h55 - Joss Stone, 22h55 - Kings of Leon. No Palco Ar: 14h50 - Teatro Mágico, 16h40 - Capital Inicial, 18h45 - Regina Spektor, 21h - Dave Matthews Band. Na Tenda Heineken Greenspace: 16h30 - Mario Fischetti, 17h45 - Nike Warren, 19h - Life is a Loop, 20h15 - Sander Kleinenberg, 21h30 - Roger Sanchez, 22h45 – Sharam, 00h15 - Markus Schulz. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h20 - Luisa Maita, 16h20 – Volver, 17h20 - Lucas Santtana, 18h30 - Tulipa Ruiz, 19h40 - Rubinho e a Força Bruta, 20h50 - Bomba Estéreo, 22h10 – Otto.

No dia 11 de outubro, no Palco Água: 15h05 – Gloria, 16h10 – Rahzel, 17h45 - Cavalera Conspiracy, 19h55 – Incubus, 22h20 – Pixies, 01h35 – Tiesto. No Palco Ar: 14h30 - Alan Johanes, 15h35 – Crashdiet, 17h - Yo La Tengo, 18h50 - Avenged Sevenfold, 20h55 - Queens of the Stone Age, 23h25 - Linkin Park. Na Tenda Heineken Greenspace: 15h30 - Anderson Noise, 16h45 - Anthony Rother, 18h – Aeroplane, 19h15 - Mix Hell, 20h30 - Gui Boratto, 21h45 - Erol Alkan. No Palco Oi Novo Som: 14h40 - Banda Batalha das Bandas, 15h30 – Tono, 16h30 - Fino Coletivo, 17h30 – Mombojó, 18h35 – Autoramas, 19h40 - BNegão & Seletores de Frequência, 20h50 - Josh Rouse, 22h10 - CSS (Cansei de Ser Sexy)

O festival de arte recebeu instalações de Eduardo Srur, Urban Trash Art, Bijari, Oficina Jamac, Flávia Vivacqua, Cooperaacs. Além disso, promoveu a exposição “Brasil em Chamas” em homenagem a Frans Krajcberg, sob curadoria de Sergio Caribe, com 7 esculturas e 8 fotos do artista. Apesar de ser permanente, ou seja, podia ser experimentado durante o festival de música, as obras eram poucas e muito dispersas pelo grande espaço do evento (233 mil m2) o que desestimulava o acesso e o interesse do público. Para quem tinha a expectativa de encontrar obras impactantes, que causassem estranhamento e envolvessem o público, como normalmente são as instalações do curador do festival, Eduardo Srur, a mostra foi frustrante. Esse artista é conhecido por instalar garrafas pet gigantes e iluminadas nas bordas do rio Tietê e por prender barracas de camping coloridas nos prédios monocromáticos de São Paulo.

c.    Justificativa



Frente aos desafios enfrentados atualmente pela Comunicação, num contexto em que a informação deixou de ser escassa e os meios ainda não desenvolveram uma nova linguagem, iniciativas como o SWU é um caso a ser estudado. Além disso, para a linha de pesquisa do Mestrado para a qual o presente projeto foi admitido: “Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado”, o modelo de negócio do SWU e a experiência de vinculação ampliada nas mediações terciárias e potencializada ainda mais pela convergência dos meios formando uma teia de vínculos (Menezes, 2007) é de suma importância e atualidade.


d.   OBJETIVO



Este trabalho busca, por meio das teorias da comunicação, analisar os processos de vinculação gerados em virtude do SWU. Busca estudar, ainda, o papel potencializador exercido pelos suportes técnicos que permitem a convergência e as características de educomunicação exploradas pelo SWU. Além disso, busca estudar o caso prático de comunicação convergente utilizado para identificar alguns pontos focais que poderão ser utilizados em futuras comunicações.

A pesquisa, como já observado acima, busca articular conceitos de vínculos (Pross, 1980 e Baitello, 1999), comunicação orquestral (Winkin, 1998) e comunicação como diálogo (Flusser, 2007). Os vínculos serão entendidos como mais complexos que o simples contato cibernético para troca de informações, pressupondo que comunicar seja diferente de informar. Se as máquinas processam informações, os seres humanos trocam sentimentos, compartilham sensações e emoções, comunicam.

Os processos de vinculação serão analisados no contexto denominado comunicação orquestral no qual a antiga linearidade de um emissor para um receptor é substituída pela participação dos indivíduos na comunicação. Supera-se a comunicação como era feita via telégrafo, mensagem fixa a ser emitida fechada para um receptor; os interlocutores estruturam uma rede na qual os conteúdos, ao menos potencialmente, fluem permanentemente.

Com relação ao diálogo e ao discurso, ambos serão entendidos como indispensáveis para aquisição e armazenamento de conteúdo pelas pessoas. Na história, primeiro predominou o diálogo, depois o discurso; contemporaneamente o diálogo vem ganhando força também graças à revolução digital, cujas técnicas permitem o acesso fácil, barato, colaborativo e simultâneo entre as pessoas.

O SWU será empiricamente estudado em diálogo com esses conceitos que ajudarão a descobrir os diversos tipos de vínculos estabelecidos entre os interlocutores. Há discurso, mas também houve e continua havendo diálogo. A cada instante algum novo conteúdo é acrescentado sobre o SWU nos blogs e redes sociais conectadas. O festival pode ser então praticamente a menor parte de uma realização permanente, uma performance coletiva seguindo uma lógica reticular orquestral.

A dissertação terá, portanto, o objetivo de analisar um aspecto tangível da comunicação mediática e do desenvolvimento das tecnologias de comunicação por meio de um objeto empírico e de grande visibilidade.

e.    PROBLEMATIZAÇÃO



Com a análise, por meio das teorias da comunicação, dos processos de vinculação gerados durante o SWU possivelmente irão se evidenciar vínculos durante o festival e posteriores: entre os espectadores e fãns por meio das mídias sociais conectadas. Será analizado, ainda, o papel potencializador exercido pelos suportes técnicos que permitem a convergência e as características de educomunicação exploradas pelo SWU. Possivelmente a pesquisa indicará que a vinculação humana foi ampliada nas mediações terciárias e potencializada pela convergência de meios que interagem com o festival, ensinando valores de sustentabilidade, de forma lúdica, por meio da educomunicação. O esmiuçamento dessa problemática pode ser importante para as futuras comunicações que pretendam seguir a mesma lógica orquestral potencializada pelas inovações técnicas.

Contudo, sob a análise da economia da comunicação, pode ser que se identifique que a sustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU, que, contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva dos valores éticos da sustentabilidade, ou o uso do ambiente musical para promover informação socioambiental. Pode ser que tenha sido perdida uma importante oportunidade para usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade. As iniciativas comunicacionais do SWU podem se demonstrar estruturadas de acordo com a lógica do eco marketing e do eco capitalismo, com suas ações não verdadeiramente sustentáveis.

Dessa problematização, portanto, pode restar demonstrado que faltou ação política, que o SWU foi apenas uma mega campanha publicitária de comunicação de massa que usou a defesa da sustentabilidade para se promover mas não traduziu os valores socioambientais em uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretendia ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver.

Contudo, pode restar demonstrado que a principal mensagem passada pelo SWU foi que a sustentabilidade pode ser usada para aumentar os preços, diminuir os custos e ganhar competitividade perante os concorrentes, reafirmando os princípios básicos da economia da comunicação. Por exemplo, que sob a bandeira da sustentabilidade muita gente trabalhou de graça, foram conseguidos incentivos fiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente, bandas que não viriam se fosse um concerto comum, simplesmente patrocinado por empresas como Nestlé, Heineken e OI, vieram só porque o evento se propunha ético e socioambientalmente comprometido. Ou seja, pode restar demonstrado que o uso econômico dos valores socioambientais foi fundamental para viabilizar o modelo de negócio do SWU.

Uma outra problematização é o fato de o SWU poder ser tomado apenas como uma reafimação de uma imagem da sociedade do espetáculo à medida que as pessoas, como em qualquer outro show de música levam prontas em suas cabeças uma imagem de como o show deve ser aproveitado, uma imagem fechada com uma lacuna que só falta ser preenchida pela efetiva presença da pessoa naquele local. E esses modelos prontos, pré-fabricados pela indústria do entretenimento podem inclusive vir de outros países, como dos festivais ingleses que, como o SWU, oferecem camping, longa lista de shows de diversas bandas em palcos de estilos diferentes. No festival inglês Glastonbury, por exemplo, é notório o banho de lama. O fato de no SWU de 2011 ter havido também banho de lama pode ser entendido como reafirmação dos modelos já pré-estabelecidos, como desses festivais ingleses.

Por último, frente à baixa atividade nas mídias sociais conectadas e ao baixo uso de linguagens alternativas a pesquisa pode vir a concluir de apesar da idéia do SWU ter sido inovadora as potencialidades não foram exploradas ao extremo e as vinculações esmaeceram frente à fraca atuação de animação das redes e promoção de atividades educomunicativas. Se, pelo contrário, for verificado um alto nível de atividade nas mídias sociais e de imagens complexas, para atividades ecuducomunicativas e sociambientalmente responsáveis ficará demonstrado que as potencialidades foram atingidas.

f.    HIPÓTESES



A fim de servir de explicação para os problemas enunciados, levantam-se as hipóteses de que uma nova linguagem adequada à abundancia de informações, hiperconectividade e escassez de tempo precisa ser desenvolvida e de que o SWU pode ser estudado como exemplo de iniciativas inovadoras de comunicação, pois logrou envolver os participantes antes e depois dos três dias de evento, se utiliza das mídias eletrônicas para criar e manter os vínculos e tem finalidade educativa. Levanta-se a hipótese dos valores da economia da comunicação, a lógica do eco marketing e do eco capitalismo, terem sido usados sim mas de não serem o essencial. Da mesma forma que o uso da imagem fechada prefabricada da sociedade do espetáculo ter sido apenas acessório.

O SWU deve ter se desdobrado para muito além desses conceitos, a comunicação orquestral deve ter gerado vínculos afetivos que quando a pessoa fez parte do eco marketing e do eco capitalismo, ou quando entrou na imagem pré estabelecida de como desfrutar de um show, se apropriou dos pontos de interesse, sociabilizou, entrou em contato pessoal com outras pessoas, experimentou ambientes sensoriais de forma a chamar a atenção para a corporeidade e assim promover ecologia da comunicação. A análise dos sucessos e fracassos dessa experiência, portanto, servirá para fundamentar futuras investidas semelhantes, contribuindo para a formação de uma nova linguagem comunicacional, adaptada à escassez de tempo e abundância de informações, possibilitadas pela revolução digital.

g.   QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA



Serão estudados os conceitos de mediação e vinculação (Pross, 1980 e Baitello, 1999), comunicação orquestral (Winkin, 1998) e comunicação como diálogo (Flusser, 2007). O vínculo como base para a comunicação deve ser entendido como mais complexo que o contato cibernético para troca de informações. Comunicar é diferente de informar (Wolton, 2010), somente seres humanos comunicam, trocam sentimentos, compartilham sensações. Os aparelhos eletrônicos podem ampliar ou, muitas vezes, reduzir as possibilidades de vinculação humana.

Numa perspectiva comunicacional orquestral, a mensagem não segue mais a linearidade como acontecia com o telégrafo; os diversos interlocutores são dispostos em um processo estruturado em fluxo permanente. A cada instante algum novo conteúdo é acrescentado sobre o SWU. Os shows podem ser a menor parte de uma realização permanente, uma performance coletiva seguindo uma lógica reticular, como se fosse uma orquestra, não um telégrafo (Winkin, 1998).

Para adquirir e armazenar conteúdo, as pessoas precisam de diálogos e discursos (Flusser, 2007). A tendência de predomínio do discurso, difusão de uma informação pronta, fechada, como por meio de um livro, programa de TV, filme, CD, ou show tem sido substituída pela crescente troca dialógica, possibilitada também pela revolução digital. Pela Internet as trocas de informações e os conteúdos colaborativos ficam muito facilitados. No SWU há discurso nos show em si e na cobertura televisiva do Multishow, mas também houve e continua havendo diálogo, como por exemplo, na convivência em barracas, nas danças ritmicas dos corpos em multidão, nas redes sociais. Essa análise entre discurso e diálogo parece promissora.

Para complementar, a pesquisa pretende estudar a audiência que não se vê mais no papel de simples espectadora de eventos sobre os quais não possui controle. Os sujeitos envolvidos buscam experiências de participação e de interação (Jenkins, 2008). Além disso, as novas tecnologias em celulares, câmeras e gravadores digitais portáteis possibilitam que cada pessoa possa produzir conteúdo, explorar meios tradicionais e novos meios. É preciso estudar as possibilidades de vinculação nos ambientes das novas tecnologias e aprender com o que o SWU propiciou.

Lembrando os estudos de McLuhan (1988), mais importante que o conteúdo que os meios de comunicação estão divulgando é o tipo de comunicação que o público recria. O fato das pessoas subirem no Youtube suas filmagens do show, acessarem simultaneamente um site, postarem suas percepções em blogs etc pode ser até mais importante do que o conteúdo divulgado. Uma vez que a cognição humana é alterada de acordo com os meios de comunicação utilizados, a capacidade de assimilação e de recriação do conteúdo pelo participante do SWU pode repercutir os valores éticos e socioambientais  em múltipos meios lúdicos e dinâmicos.

Se pretende complementar a pesquisa com o estudo sobre o par comunicação e incomunicação. A constante busca por produtividade levou a delimitações e conceitos cada vez mais precisos, o que dificulta a demarcação do território da incomunicação. Contudo ela se faz presente sobretudo em grandes centros urbanos, onde os contatos são rápidos e superficiais e as imagens são esvaziadas, formando uma sociedade conectada, mas pouco vinculada, com dificuldade para compartilhar emoções. Idéias inovadoras e culturas locais são substituídas, muitas vezes, por padrões de consumo globalizados e padronizados.

A pesquisa vai incluir uma análise sobre o SWU como experiência de educomunicação. Na atual sociedade imagética, milhares de imagens são consumidas e consomem as pessoas constantemente. As imagens são reproduzidas sem limites, para minar qualquer tipo de reflexão, na esperança de substituir as outras dimensões humanas deixadas de lado. Neste quadro, qualquer preocupação sobre o ecossistema, incluindo o ambiente comunicacional, não se encaixa. A ecologia tem como objetivo a integração entre o humano e o meio ambiente. E este ambiente não é apenas físico, mas também imaterial, uma vez que, na sociedade atual, a nossa existência virtual é particularmente importante.

“A realidade de um objeto é medida pelo eco que desperta na esfera afetiva. Se algo é de todo indiferente para uma pessoa, é como se não existisse... Há que se integrar razão e sentimento. Entender é um modo de sentir e sentir é, no homem, um modo de entender.”
(DENNY, E. A, 2003: 177.)

Depois de séculos de supremacia da racionalidade, o corpo e seus sentimentos precisam ser resgatados. Na verdade, o que normalmente move os atos humanos são emoções, como amor, simpatia, respeito, e não a racionalidade. Porque, como afirmou Ercílio Denny no fragmento citado acima, a percepção humana depende das emoções. Neste contexto, é importante redescobrir o ser humano não apenas como homo faber, um trabalhador racional, focado em resultados e produtividade, mas também como homo ludens, com senso de humor, paixões, com foco em lazer e diversão. E é isso que pretende a Educomunicação, integrando as áreas de educação com as áreas de comunicação e, portanto, criando ecossistemas comunicacionais nos ambientes educativos.

O termo Educomunicação pode ser usado em diferentes contextos. Pode significar a educação para a comunicação que diz respeito ao impacto que a mídia tem sobre as crianças e adolescentes. Ele pode designar educação para os meios que trata de preparar os alunos e professores para tirar proveito da tecnologia, aprender a usar as ferramentas tecnológicas. E também pode ser usado em um sentido mais amplo, como uma forma de promover a ecologia da comunicação. O SWU possivelmente é um exemplo de Educomunicação, neste sentido mais amplo, é entretenimento, mas ao mesmo tempo promove a educação. Ele integra música, imagens, internet, redes sociais, blogs, amigos, família ...

Nosso tempo tem sido caracterizada como "modernidade líquida", conforme termo de Zygmunt Bauman, nesta realidade, os padrões são "liquefeito". Portanto, é absolutamente necessário aprender a quebrar regularidades. Conhecimento não é mais durável. Ele muda em uma velocidade difícil de lidar. Se uma pessoa não atualiza regularmente, ele / ela se torna ultrapassada e, por isso, descartáveis. Assim, hoje em dia a capacidade humana mais importante é articular a multiplicidade de informação que se está exposto em uma base diária na maioria das plataformas tecnológicas diferentes. O indivíduo deve ser capaz de aplicar lógicas que aprendeu em ambientes diferentes, em momentos diferentes. A mídia pode ser usada para ligar os indivíduos e a realidade, integrando o conhecimento à experiência. Em tempo de modernidade líquida, a educação também tem de ser mais fluida, como a que possivelmente se dá em ambientes como o do SWU.

Todas as sociedades humanas em todos os momentos têm valores, mitos, deuses, idéias, em outras palavras, a noosfera, conforme definido por Edgard Morin (MORIN, 2002, 44). A noosfera é compartilhada por pessoas de diferentes gerações através de um processo de mímese das práticas do cotidiano sócio-cultural e também através dos processos formais de educação. Pode servir a humanidade para alcançar o progresso, ou obstruí-lo.

Idéias em nossa sociedade podem ter um poder incrível. A idéia de mercado, por exemplo. Foi uma vez um conceito racional, mas hoje em dia tem sido deificado. Desemprego é por causa do mercado, bem como crises do subprime, as alterações climáticas, preços, e assim por diante. Uma infinidade de coisas é por causa do mercado. Mas são poucas as pessoas que efetivamente entendem o porquê. Para a maioria, o mercado é algo como um deus, uma entidade criada pela racionalidade humana que vai além, alcançando a sua própria existência no mundo imaginário.

Nossa sociedade atual reduz todas as coisas, incluindo o ser humano, a partes. Neste contexto, a pessoa se torna parte de um grupo e seu próprio corpo físico é considerado como um elemento separado. Nossa existência física é tomada como em paralelo à nossa existência imagética, especialmente quando as imagens são tecnicamente reproduzidas em série. Não só as pessoas consomem essas imagens, mas também as imagens consomem as pessoas, como Norval Baitello explica através do conceito de iconofagia (Baitello, 2005:53).

Imagens pré-concebidas de sucesso, beleza, perfeição, entre outros, fazem as pessoas forçarem seus corpos para caber nessas imagens, às vezes em detrimento do corpo. O corpo adoece de trabalhar 7 dias por semana, mais de 10 horas por dia, mas algumas pessoas parecem não perceber isso e se sujeitam a isso, na busca pelo sucesso, uma imagem preconcebida. Nesse exemplo, a pessoa consumiu a imagem de sucesso, mas também a imagem de sucesso consumiu o corpo, fez com que ele adoecesse.

Por outro lado a revolução digital possibilita a inflação exacerbada das imagens. Com a convergência de mídias e a divergência de meios, são criadas multiplataformas de interação entre emissor e receptor de conteúdo informativo via mídias sociais conectadas (LIMA, 2009:54). O SWU, adequado a esse contexto, foi lançado já com diversas comunidades oficiais em várias dessas multiplataformas de interação como Facebook, Orkut, Flickr, Twitter, com site oficial aberto a colaboração de alguns escolhidos e propondo flash mobs.

Contudo a apropriação que foi dada pelas pessoas pode ter ficado muito aquém das possibilidades, uma vez que o uso desses media poderia ser muito mais contundente. As filmagens postadas no Youtube, por exemplo, tendem a ser muito parecidas entre si, seguindo um padrão, ilustrativas, denotativas. Parece que falta o desenvolvimento de uma linguagem, de acordo com a nova realidade de abundância de informação, excassez de tempo e hiperconectividade. Uma linguagem que possibilite a utilização de imagens complexas (CATALÀ, 2005:41).

Em nossa sociedade imagética, milhares de imagens são consumidas e consomem as pessoas constantemente. As imagens são reproduzidas sem limites, para minar qualquer tipo de reflexão, na esperança de substituir as outras dimensões humanas deixadas de lado. Neste quadro, qualquer preocupação sobre o ecossistema, incluindo o ambiente comunicacional, são muito escassas. A ecologia tem como objetivo a integração entre o humano e o meio ambiente. E este ambiente não é apenas físico, mas também imaterial, uma vez que, na sociedade atual, a nossa existência virtual é particularmente importante.

Portanto, a ecologia da comunicação tem a intenção de conciliar as várias dimensões que o ser humano tem. Nossa existência física é permeada por nossas imagens, não paralela à ela. Por essa razão, todas as dimensões humanas devem ser integradas. E a meta da Educomunicação é exatamente isso: fornecer um ambiente criativo para apoiar a apropriação de práticas comunicativas. O SWU em seus múltiplos desdobramentos como os endereços nas redes sociais, os blogs, as músicas, os vídeos, pode ser considerado uma tentativa de possibilitar a educomunicação dos valores socioambientais.

4.    •Plano de trabalho e cronograma de sua execução



A realização do presente projeto pretende dar-se por meio de pesquisa que se estenda por 24 meses. Durante esse período as atividades compreenderão: entrevistas, análise documental e bibliográfica, reuniões periódicas com orientador, participação em seminários pertinentes ao tema, redação e revisão.
Atividade
2º. sem 2010
1º. sem 2011
2º. sem 2011
1º. sem 2012
Pesquisa de campo e bibliográfica
X
X
X

Análise do material coletado

X
X

Redação da pesquisa


X
X
Revisão final



X
Entrega



X

5.    Material e métodos



Foram entrevistados participantes e foi feito um diário das experiências vivenciadas durante os três dias de festival, utilizando o método descritivo de pesquisa exploratória, a fim de conhecer melhor o tema, delimitar o foco e determinar os aspectos dos objetivos mais relevantes que devem ser ressaltados na futura conclusão. Algumas estratégias etnográficas experimentadas pela Escola de Palo Alto para “aprender a ver, aprender a estar-com e aprender a anotar as observações para posterior comprensão” (Winkin, 1998:132) também foram utilizadas no desenvolvimento da pesquisa de campo que se deu durante os três dias de festival. Além disso, a pesquisa se baseará em análise bibliográfica dos conceitos pertinentes ao tema, com ênfase no estudo sobre vinculação, educomunicação, ecologia da comunicação, comunicação orquestral e comunicação como diálogo.

6.    •Forma de análise dos resultados



Os resultados serão analisados parcialmente, a cada etapa, com acompanhamento do orientador, na medida em que os assuntos pertinentes ao tema aparecerem na bibliografia estudada e foram colhidos os relatos dos entrevistados. Cotejar as vinculações humanas, ampliadas ou não no contexto da convergência de meios utilizados pelo SWU possibilitará, durante o percurso de pesquisa, manter a pesquisadora aberta a descobertas que ocorrerão no meio do caminho.

7.    •Referências bibliográficas

BAITELLO JUNIOR, Norval. O animal que parou os relógios: ensaios sobre comunicação, cultura e mídia. São Paulo: Annablume, 1999.

BAITELLO JUNIOR, Norval. O tempo lento e o espaço nulo. mídia primária, secundária e terciária. Disponível em: < http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/tempolento.pdf.>. Acesso em: 20 de agosto de 2010.
BAITELLO JUNIOR, Norval; CONTRERA, Malena Segura; MENEZES, José Eugenio de Oliveira (Orgs.). Os meios da incomunicação. São Paulo: Annablume, 2005.
BAUER, Thomaz A. Understanding Media. Media Literacy as Key Competence. De Scripto. A Journal of Media in South East Europe.  No 3/4 2007. Disponivel em: < http://www.descripto.info > . Acesso em: 22 ago 2010.
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
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24/11/2011

Estéticas e poéticas do SWU

Apresentação na Cásper Líbero, 24/11/11, às 9h.

Por Danielle Denny

Material de apoio, com filmes e fotos.


 CONCLUSÃO: SWU É ECOLOGIA ²

Ecologia da comunicação (Romano), cujo objetivo a integração entre o humano e o meio ambiente. E este ambiente não é apenas físico, mas também imaterial, uma vez que, na sociedade atual, a nossa existência virtual é particularmente importante.

Ecologia ambiental, pois a finalidade última de todos os fluxos comunicacionais é fomentar a sustentabilidade.



22/11/2011

Caso Chevron encarece pré-sal



Por Danielle Denny

“Os estados que não produzem petróleo e querem o dinheiro dos royalties do Rio de Janeiro topam ficar também com um pedaço do vazamento da Chevron na Bacia de Campos?”  Luiz Rodrigues e Maurício Santoro
no Facebook, sábado, às 08:59.



Ilustração: Blog do Amarildo




A existência de petróleo profundo não é uma novidade. A viabilidade econômica sua exploração, essa sim parece ser inédita.O caso Chevron pode trazer à evidência custos que não estavam dimensionados e previstos. Custos que, no entanto, já deveriam estar sendo considerados, pois constam em lei, como na Lei do Petróleo, nº 9.966, que é de 2000.


O art. 7 da citada lei, por exemplo, estabelece a necessidade de planos de emergência individuais para o combate à poluição por óleo. Planos estes que devem ser submetidos previamente à aprovação do órgão ambiental competente, no caso o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama).


O órgão já multou a Chevron em R$ 50 milhões, teto previsto pela Lei do Petróleo, e a notificou para apresentar, todos os documentos que comprovem o cumprimento do plano de emergência individual que fez parte do licenciamento ambiental.


Aliás, segundo o próprio presidente do Ibama, Curt Trennepohl, o valor da multa é pequeno face à infração cometida. E está defasado. Se fosse corrigido pela inflação, desde 2000, estaria em torno de R$116 milhões.


Caso apuradas outras infrações, novas multas, com o mesmo teto, poderão ser aplicadas. Há suspeitas de omissão de informações, desrespeito à licença ambiental e uso de barreiras e barcos em quantidade inferior à informada, para contenção do óleo que vazou.


O gerenciamento da crise tem sido feito de forma atabalhoada, sem a devida transparência para atender os interesses da sociedade. Faltam, por exemplo, fontes independentes para apurar e avaliar as reais dimensões do vazamento.

Nesse contexto, é de se esperar que a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e outros órgãos reguladores sejam mais rigorosos, para evitar que acontecimento semelhante ao “caso Chevron” se repita.


A atual forma de licenciamento para exploração de petróleo, não mais “poço a poço”, mas por bloco de áreas, agilizou o procedimento, porém não contempla, por exemplo, a análise das fissuras geológicas como as que presumivelmente geraram, ou contribuiram para gerar, o presente vazamento.


É de se espantar, diante do potencial produtivo de petróleo do pré-sal, que não se tenha concluído, nos últimos anos, a consolidação dos planos de contingência locais e regionais, partes do Plano Nacional de Contingência previsto pela Lei do Petróleo e fundamental para atribuir as responsabilidades para cada setor governamental ou privado, quando houver vazamentos.


Pode ser que, uma vez implementadas as normas, de maneira rígida e eficaz, o atual debate acalorado sobre a distribuição dos royalties do petróleo fique prejudicado, por ter se tornado mais vantajoso buscar outras alternativas energéticas, como a solar e a eólica, hoje inviabilizadas em virtude do preço.


Além disso, os rendimentos do pré-sal deveriam ser discutidos como instrumentos financiadores da transição para uma economia verde, que garanta desenvolvimento econômico com sustentabilidade socio-ambiental.


Há necessidade de diretrizes claras e de implementação das normas já existentes. Um marco regulatório eficaz precisa não só atualizar os instrumentos de comando e controle, as leis de incentivo, mas também fortalecer as instituições que serão fundamentais na organização e regulação da exploração petrolífera brasileira, inclusive da do pré-sal.


 A polêmica trazida por Luiz Rodrigues e Maurício Santoro, no Facebook, é incompleta, o desastre ambiental causado pela Chevron tem proporção nacional, senão internacional. O Brasil todo vai pagar essa conta e não somente o Estado produtor. É fundamental também esse custo ser precificado para ser repassado às empresas que lucram com a exploração dos recursos naturais.




Protesto do Greenpeace Rio de Janeiro 18/11/11