31/08/2011

Aula 2 Poéticas e Estéticas Contemporâneas Dulcília Buitoni

Por Danielle Denny

25/08/2011


Quem conhece os textos tradicionais de Walter Benjamin não imagina que ele também escreveu textos descompromissados, leves, irônicos, sobre a vida na cidade. “No verão chamam a atenção as pessoas gordas, no inverno as magras... O olhar é o fundo do copo do ser humano” (BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas Rua de Mao Dupla, Editora Brasiliense 1987)

Também curioso é o livro O imaginario da cidade, de Sandra Jatahi Pasavento, que mostra como Paris Rio de Janeiro e Porto Alegre eram relatados na literatura. (PASAVENTO, Sandra Jatahi. O imaginario da cidade, visões literárias do urbano Paris Rio de Janeiro e Porto Alegre, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1999).

Analisamos em seguida a coletânea organizada por Lucia Leão, Poéticas no mundo digital. Nela consta que a metáfora do labirinto traduz bem a forma que nos movimentamos no mundo digital. (LEÃO, Lucia. INTERLAB Labirintos do pensamento contemporâneo, Editora Iluminuras, 2002).

No mesmo livro, o texto de Mark Bernstein, Vistas prazerosas os jardins do hipertexto, compara o hipertexto a um jardim “a proliferação não planejada do hipertexto é como a natureza selvagem, complexa e inteligente, mas nada convidativa. Coisas interessantes nos esperam nos cerrados, mas relutamos em desbravar a mata, cheia de espinhos e mosquitos. (...) num hipertexto, assim como num jardim, é a combinação inteligente de regularidade e irregularidade que desperta o interesse e prende a atenção.”

Em seguida assistimos ao poema visual a João Guimarães Rosa, cujo áudio é formado apenas por trechos do Grandes Sertões Veredas. Vídeo de 1969 foi feito em película, depois convertido em VHS e depois digitalizado. Dirigido por Roberto Santos, com animação de Marcelo Tassara, é um exemplo de forma de exploração de imagem, mostra como imagens estáticas conseguem conferir movimento e dramaticidade.

Por último foi analisada a foto panorâmica do complexo do alemão feita pelo jornal O Dia.


Mais para frente, para as futuras aulas, ler Josep M Catalá Fenomenologia de La interfaz. pág. 537 -578



29/08/2011

Aula 2 Economia da Informação Walter Lima / Resumo FLORIDI, Luciano. Information – A Very Short Introduction.Oxford University Press, 2010

Por Danielle Denny


24/8/2011

O estudo sobre a natureza da informação permite concluir que o termo é um conceito labiríntico que, via de regra, vem sendo mal utilizado. O mais disseminado é o proposto pela Teoria Matemática da Comunicação. Contudo essa fundamentação teórica foi criada para otimizar problemas de transmissão de sinais apenas. Portanto não pode ser suficiente para abarcar as complexidades da Era da Informação

Claude Shannon e Warren Weaver, em 1948, aplicaram a teoria booleana que captura a essência das operações lógicas em sim ou não, 0 ou 1, ou seja o sistema binário que deu origem à revolução digital, fundamentando toda linguagem computacional.  Shannon trabalhou com a segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia. Precisava estudar onde o sinal ficava fraco, mas não acabava, para ser possível amplificá-lo e assim distribuir melhor o sinal. Para essa teoria, quatro itens integram o processo comunicacional: emissor de sinal, receptor de sinal, mensagem e ruído. Porém sinais são apenas um tipo de informação.

Inclusive, essa lógica matemática, própria de engenheiro, quando aplicada à comunicação social pode gerar problemas. Diferentemente das máquinas computacionais, nosso órgão elétrico (cérebro) não usa só essa lógica para entender os fenômenos. A complexidade aumenta ainda mais se for incluída a capacidade da mente. Esses estudos vêm sendo desenvolvidos pelas ciências cognitivas. (obs.: Cérebro é uma maquina elétrica molhada, que não dá curto circuito! =D)

Na atual sociedade do conhecimento, houve radicais mudanças sobre a importância da informação. A evolução humana, desde o fim da pré-história, passou a depender da capacidade de registrar eventos, ou seja, de fazer história, para assim acumular e transmitir informação. Porém, atualmente o progresso e bem estar humano passou a depender muito mais do controle eficiente sobre o ciclo de informações (criação, transmissão, processamento, indexação, uso, tomada de decisões). Para Luciano Floridi:

“The life cycle of information typically includes de following phases: occurrence (discovering, designing, authoring etc), transmission (networking, distributing, accessing, retrieving, transmitting etc), processing and management (collecting, validating, modifying, organizing, indexing, classifying, filtering, updating, sorting, storing etc) and usage (monitoring, modeling, analysing, explaining, planning, forecasting, decision-making, instructing, educating, learning etc)… nowadays the most advanced societies highly depend on information-based, intangible assets, information-intensive services (especially business and property services, communications, finance and insurance, and entertainment), and information-oriented public sectors (especially education, public administration, and health care)… all members of the G7 Group … qualify as information societies because, in each country, at least 70% of the Gross Domestic Product (GDP) depends on intangible goods, which are information-related, not on material goods, which are the physical output of agricultural or manufacturing process” (FLORIDI, 2010, pág. 4)

Novamente citando Floridi, vivemos a quarta revolução. A primeira foi impulsionada pelo pensamento de Nicolaus Copernicus  (1473-1543) que deslocou a Terra do centro do universo. A segunda por Charles Darwin (1809-1882) que colocou o homem como uma das várias espécies descendentes de um mesmo ancestral. E a terceira por Sigmund Freud (1856-1939) que desvendou o inconsciente que impede a razão de ser inteiramente transparente. Com a quarta revolução, mais uma vez algo muito relevante mudou na forma como o ser humano se entende no mundo. Passamos a nos perceber como seres informacionais interconectados. Quando estamos desconectados da infoesfera nos sentimos como um peixe fora d’água.

 “Since the 1950s, computer science and ICTs” (Information and Communication Technologies) “have exercised both an extrovert and an introvert influence, changing not only our interactions with the world but also our self-understanding. In many respects, we are not standalone entities, but rather interconnected informational organisms or inforgs, sharing with biological agents and engineered artefacts a global environment ultimately made of information, the infosphere. This is the informational environment constituted by all informational processes services, and entities, thus including informational agents as well as their properties, interactions, and mutual relations. If we need a representative scientist for the fourth revolution, this should definitely be Alan Turing (1912-1954). Inforgs should not be confused with the sci-fi vision of a ‘cyborged’ humanity. Walking around with a Bluethooth wireless headset implanted in our bodies does not seem a smart move, not least because it contradicts the social message it is also meant to be sending: being constantly on call is a form of slavery, and anyone so busy and important should have a personal assistant instead. Being some sort of cyborg is not what people will embrace, but what they will try to avoid… the future generations will increasingly fell deprived, excluded handicapped, or poor whenever they are disconnected from the infosphere, like fish out of water”. (FLORIDI, 2010, pág. 9 and 12)

Nesse contexto a Comunicação não é importante por ser ciência, mas sim por ser interface. A preocupação da Comunicação não deve ser ter corpo sólido como a física, mas se reconhecer como interdisciplinar e, portanto, importante para todas as outras ciências como interface. O desafio dos meios de comunicação é identificar como ser relevante numa economia conectada em rede. E para tanto precisa aprofundar o estudo sobre a vida na infoesfera, sobre o paradoxo que é ao mesmo tempo a sociedade atual valorizar a privacidade e divulgar informações confidenciais por meio de serviços como o Facebook..

“Indeed, we are fast moving towards a commodification of objects that considers repair as synonymous with replacement… the person who puts a sticker on the window of her car, which is otherwise perfectly identical to thousands of others, is fighting a battle in support of her individualism. The information revolution has further exacerbated this process….Instead of individuals as unique and irreplaceable entities, we become mass-produced, anonymous entities among other anonymous entities, exposed to billions of other similar informational organisms online… likewise, there is no inconsistency between a society so concerned about privacy rights and the success of services such as Facebook. We use and expose information about ourselves to become less informationally anonymous. We wish to maintain a high level of informational privacy, almost as if that were the only way of saving a precious capital that can then be publicly invested by us in order to construct ourselves as individuals discernible by others… The threshold between here (analogue, carbon-based, off-line) and there (digital, silicon-based, online) is fast becoming blurred… This recent phenomenon is variously known as ‘Ubiquitous Computing’… in the near future, the very distinction between online and offline will disappear”. (FLORIDI, 2010, pág. 14 a 16)

A diferença entre online e offline vai desaparecer, assim como hoje o tênis da Nike já conecta com o Ipod, cada vez mais os equipamentos vão trocar informações entre si tornando nossa vida cada vez mais sincronizada e interconectada. A conseqüência provável é surgirem novas formas de discriminação entre aqueles que têm acesso a essas informações interconectadas e os excluídos.

“…we shall be living in an infosphere that wil become increasingly synchronized(time), delocalized (space), and correlated (interactions)…we should probably be working on an ecology of the infosphere, if we wish to avoid foreseeable problems… One thing seems indubitable though: the digital divide will become a chasm, generating new forms of discrimination between insiders and outsiders, between information-rich and information-poor.”. (FLORIDI, 2010, pág. 17 e 18)

Para melhor conhecer o sistema informacional e também posteriormente discutir a questão ética, é preciso aprofundar o estudo sobre a estrutura da informação e para melhor entender o conceito labiríntico de informação Floridi propõe um mapa:
Data structured: environmental or semantic (content).
Semantic institucional or factual
Factual untrue or true (information) gera knowledge
Untrue unintentional (misinformation) or intentional (disinformation)
Na internet apenas 5 % das informações são estruturadas, ou seja podem ser utilizados para fundamentar outras informações estruturadas

Além disso, o sistema analógico é o sistema mais rico de informação. Único aspecto que a revolução digital atinge é a informação, o resto da vida humana se dá no mundo analógico (não se come nem se comerá bits, mas o digital pode melhorar a distribuição de alimentos, por exemplo). O diferencial do digital é dar agilidade. A riqueza do analógico não permite que ele seja ágil. No analógico um ponto tem infinitas informações pode-se chegar ao nível quântico, a informação é contínua.

O sistema binário tenta emular o analógico promovendo a simplificação, perde-se a riqueza da informação. Trata-se de um sistema discreto, ponto a ponto. Binário é uma forma que o digital pegou na lógica. Poderia usar lógica fuzzy mas tem de ser na lógica binária pois as maquinas não entendem se não for binário. Não pode usar lógica para-consistente que admite contradição pois a maquinas não aceitam contradição o cérebro não só aceita como é pura contradição.

Por fim a informação se divide em primária, secundária, meta, operacional e derivativa. Informação primaria por exemplo é C-l-a-u-d-i-a. Informação secundaria é Claudia que é estudante, jornalista, mulher. Informação meta Claudia é também homo sapiens, mamífero. Operacional Google tem informações primarias secundarias e categorizadas de forma meta para ser operacional num sistema. Informação derivativa âmbito das intencionalidades. Google não sabe as suas intencionalidades mas quer saber deriva suas buscas para o âmbito da publicidade.


Bibliografia:
FLORIDI, Luciano. Information – A Very Short Introduction.Oxford University Press, 2010



20/08/2011

Aula 1 Poéticas e Estéticas Contemporâneas Dulcília Buitoni

Por Danielle Denny


18/08/2011

O início das discussões se deu com a diferença entre poética e estética. A estética se ocupa das formas e elementos constituintes. É mais abstrato. Por isso é termo usado na Filosofia e na História da Arte. O foco é a visualidade, o texto visual. As poéticas, por sua vez, são mais as narrativas. Os poemas e poesias. O foco é o texto verbal. Como são organizados.

Texto visual é um conceito bem útil para ser aplicado a assuntos relativos às telas da web.

Kant divide a ciência em ética, estética e lógica. A razão ajudaria a apontar os caminhos da ética, influenciando na estética e na lógica. Para ele o gosto tem a ver com a razão. Para a estética também tem um juízo de entendimento.

Pierce divide a ciência em heurística (ciências da descoberta, duras naturais exatas) ciência sistemática (ciências normativas, da revisão) e ciência prática (relacionadas a aplicação). Para ele, estética é uma ciência normativa (primeiridade, primeira impressão) que se vincula à Ética (juízo de valor) que por sua vez se vincula à Lógica (semiotica, signos).

Jornalismo normalmente é lógica narrativa, mas na web outras formas são possíveis, não é só narrativa, tem vínculos sonoros, tem outra forma de linearidade, tem de levar em conta conceitos de labirinto.

No Google toda busca é por ordem alfabética, não se procura ícones. Mesmo as imagens têm de ser transcritas em texto para serem passíveis de serem encontradas via Google. Forma de organizar conhecimento é a do alfabeto e é linear


Dois eixos da linguagem:

Eixo da semelhança (oposição) ideia de paradigmas nosso dicionário interior com gradação de força, relevância.

Eixo da contigüidade (sintagma) eixo linear, uma palavra vem depois da outra. Para sermos entendidos temos de seguir essas regras.


Funções da linguagem questão de predominância. (Divisão de Roman Jakobson: Lingüística e Poética.)


Função referencial, ligada ao objeto, em terceira pessoa, texto jornalista básico, muito de sintagma, uma palavra depois da outra.

Função emotiva, ou expressiva, percebe-se a posição do enunciador. Texto em primeira pessoa, rico em adjetivos, com marcas lingüísticas como (! ? ...).

Função conativa, voltada ao receptor. Marcas lingüísticas: imperativo ou vocativo. Pede reação do receptor, quer convencer. Texto predominante da publicidade: “ compre e seja feliz”. Esse tipo de função que é chamativa é muito difícil de negar. Ninguém vai contestar um “Cuidado!” um “Olha aqui!”.

Função metalingüística. Discurso sobre o código.

Função fática testa o canal. Não tem sentido algum. “Entenderam?”, “É isso?”

Função poética. Definição de Roman Jakobson. Ao invés de usar as normas e princípios do sintagma para construir uma frase, usa-se o eixo de paradigma, de semelhança, de oposição. São subversões dos princípios comuns para a construção do sintagma..Artes plásticas, também fazem essas subversões na desconstrução.

19/08/2011

Desafios Socioambientais às megalópolis latinoamericanas

Por Danielle Denny


Compartilhamos os mesmos problemas, essa foi a principal conclusão do seminário “Desafios socioambientais às megalópolis latinoamericanas”, realizado em 18 de agosto de 2011, no Instituto de Estudos Avançados da USP. Se alterássemos algumas legendas do que foi apresentado sobre a Cidade do México, ou sobre La Paz, a análise seria aplicável a São Paulo. Participaram do evento os expositores Naxhelli Ruiz e Manuel Lastra, da Universidade Nacional Autônoma do México; Paul van Lindert, da Universidade de Utrecht na Holanda e Wagner Costa Ribeiro do IEA, Procam e FFLCH/USP


Naxhelli Ruiz, da Universidade Nacional Autônoma do México, chamou a atenção para o fato de que várias cidades pequenas estão articuladas às metrópoles e não têm regras de sustentabilidade. São pequenas cidades nos interstícios das grandes cidades e com aglomerados populacionais que se formam nas áreas de transição rural e urbana. Nelas o valor da terra é bem baixo e as regras de meio ambiente, quando há, são bem mais brandas.

Algumas complexidades são específicas a essas áreas intersticiais. Muitos dos recém chegados são os expulsos das grandes cidades. Há também muitas indústrias, pois é mais barato produzir nesses lugares onde a mão de obra é mais barata e não há regulação ambiental. Além disso, há ainda os moradores antigos dessas regiões, agricultores, por exemplo, compartilhando o mesmo espaço.

Assim, essas áreas são combinações de áreas rurais e urbanas, precisam de políticas combinadas de transporte, de conservação de solos agropecuários, de desenvolvimento industrial sustentável, entre outras.

Contudo o que se verifica é a falta de regulação e a fragmentação institucional (difícil identificar qual é o órgão ou ente da federação que é responsável). Enquanto isso, há uma demanda muito forte pelos recursos estratégicos dessas áreas, impactando, inclusive, as metrópoles, pois essas áreas são de recarga de afluentes por exemplo.

Assim, esses espaços ficam de fora da discussão política, enquanto há o uso intensivo dessas áreas como provedoras de bens ambientais e como espaços de despejo de água e de resíduos sólidos.

Manuel Suarez Lastra geógrafo urbano, também da Universidade Nacional Autônoma do México, tratou da contaminação do ar na cidade do México.

Segundo grande parte dos cientistas, o avanço tecnológico por si só será capaz de resolver os problemas de contaminação do ar. Para Manuel, contudo, é preciso alterar a forma de organização da vida em sociedade. É preciso mudar a forma de se distribuir as atividades em uma cidade, os usos do solo e a intensidade desse uso.

Se dividirmos a quantidade de emissões por produção. As áreas mais ineficientes são na periferia. Os centros das cidades são os mais eficientes. Por isso o ideal seria organizar o espaço urbano em torno de muitos centros (Triangulo de Brotchie). Assim, as pessoas precisariam de menos e mais curtas viagens para chegar ao lugar onde são oferecidos produtos e serviços.

Quanto mais crescem as cidades, são necessárias mais viagens, mais lentas, com mais automóveis, contaminando cada vez mais. Uma vez que a urbanização está consolidada é muito difícil mudar. O foco deve ser, portanto, as cidades em fase de crescimento, para atuar antes da “vitrificação”.

Paul van Lindert, da Universidade de Utrecht, na Holanda trouxe o exemplo de La Paz, na Bolívia. Lá, como em algumas áreas do Brasil, as construções são feitas em áreas com risco de desabamento. Muitas vezes a administração pública, releva esses riscos do terreno e autoriza a construção nessas áreas para aumentar a arrecadação de tributos. Entretanto, na maioria dos casos, a ocupação é irregular, em situação precária, sem casas duráveis, com insuficiente espaço para viver, sem acesso à água potável, ou ao saneamento básico.

E os desafios são que aumenta a quantidade de população, a terra é fraca, a altitude é grande, a maioria das habitações são feitas por auto construção (os próprios moradores às constroem, sem assessoria técnica qualificada), a infraestrutura de vida é inadequada e não existe plano habitacional.

Wagner Costa Ribeiro do IEA, Procam e FFLCH/USP, palestrou sobre o estresse hídrico na região metropolitana de São Paulo. Um grande avanço, para análise do tema, é a unidade de gestão recentemente criada pelo governo do Estado de São Paulo: a macrometropole, que engloba São Paulo, Santos, Campinas, Sorocaba e São Jose do Campos.


(http://www.emplasa.sp.gov.br/portalemplasa/imagens_home/mapa_teste.jpg   macrometropole paulista no site da EMPLASA)




A macrometrópole demanda muita água para processos produtivos. Por sorte não há falta de chuvas na região. Mas no futuro vai faltar água, pois o consumo total na bacia excede em muito sua própria produção hídrica, segundo a FUSP (Fundação USP). O desafio é decidir para que vai faltar água, de que maneira os recursos vão ser utilizados.

A demanda industrial é parcialmente atendida pela rede pública (15% do total distribuído) a outra parte se dá por abastecimento próprio, através de captações e extração de água subterrânea. Outorgas de captação no Alto Tietê: para parques industriais é de 39% enquanto que para abastecimento publico é de 58%.

Por essa razão, o pesquisador entende que a realocação de indústrias intensivas em água para outras áreas, fora da região metropolitana, seria uma alternativa para diminuir o estresse hídrico.

Além disso, é fundamental conferir à macrometrópole a capacidade de gestão articulada, o professor sugere a constituição de um conselho político para cada região metropolitana, com representação de vários setores da sociedade, de um conselho político da macrometrópole envolvendo os mesmos setores e, por último, articular com os prefeitos a implementação do que for indicado por esses conselhos.

Na fase de debates, perguntados sobre o pagamento por serviços ambientais os palestrantes identificaram que o principal problema é institucional, as áreas que oferecem serviços ambientais extrapolam as fronteiras municipais e os serviços ambientais não geram impostos, ao passo que a instalação de empresas, sim. Estabelecer o valor desses serviços também é um desafio. Usar o valor correspondente ao custo de oportunidade da economia não é bom. Como o preço da terra tende a ser muito alto, o valor que o proprietário pode receber se lotear o lugar é muito alto, não dá para concorrer com o preço a ser oferecido pelos serviços ambientais. Alternativas de remuneração precisam ser estudadas.

17/08/2011

Aula 1 Economia da Informação Walter Lima

Por Danielle Denny


Conforme blog da disciplina www.economiadainformacaomestrado.blogspot.com, nos próximos encontros vamos estudar “Natureza da informação. Impacto econômico das revoluções tecnológicas. As contradições da informação. A economia dos bens informacionais e imateriais. Elementos essenciais de uma Economia de Redes. Padrões de compatibilidade, monopólios de bens simbólicos e culturais, técnicas de aprisionamento, feedback e escala em um contexto informacional. Aspectos Regulatórios da Economia da Informação e do Conhecimento: patentes e copyright. A competitividade na Era da Informação e a eficácia econômica das práticas colaborativas.Políticas Públicas de Tecnologia da Informação”

Economia é um sistema complexo, probabilistico como a internet, o corpo humano. Tem muito mais implicações que conseguimos prever, um input pode dar um retorno completamente imprevisível. A matéria que estudaremos é economia da informação, não do conhecimento. Pois conhecimento não se sabe ao certo o que é, depende de processos de cognição humana que ainda não é dominado pela ciência. Conhecimento está ligado a cognição, não necessariamente é verdade. Por um tempo o conhecimento da humanidade era que o sol girava em torno da terra. Uma pessoa sabe como andar de bicicleta mas ignora o processo neuromuscular e físico  que é necessário para tanto.

Já informação é algo mais tangível. Contudo apesar da natureza da informação parecer coisa simples, ela não é. Profissional da comunicação na verdade é um profissional que trabalha com informação. Mas ao contrário do que era de se esperar, não se estuda o que é informação da maneira profunda como deveria. O papel do comunicador é atribuir valor à informação. Existem 8 formas de informação. 8 sistemas. Estudaremos todos durante o curso.

Debate:
Editoras, como a Editora Abril, estão apostando tudo nos tablets. Mas não é funny, não dá para agregar conteúdo, não dá para fazer nada nesse formato fechado, desconsidera apropriação tecnológica da sociedade.

Sugestão de livro:
“Comunicação e poder” livro novo do Manuel Castells. Informação é poder.

  

04/08/2011

RIO +20


Vinte anos separam a Conferência de Estocolmo da ECO92, realizada no Rio de Janeiro. Nessas duas décadas as mudanças paradigmáticas foram brutais.
Por Danielle Denny
Em 1972 o debate ambiental ainda não integrava os objetivos da ONU. Predominava o impasse entre o preservacionismo do norte, cujo objetivo era manter intocados os recursos naturais, mesmo que isso implicasse em não desenvolvimento, na seara das teses neomalthusianianas, contra o conservacionismo do sul, cujos interesses desenvolvimentistas, pressupunham a exploração dos recursos naturais, contudo não de forma irresponsável. O Brasil, sob regime castrista, integrava o segundo grupo, não admitia determinação externa em assuntos de soberania nacional, da mesma forma que em outros foros multilaterais, prevalecia também essa diplomacia soberanista, defensiva.

Vinte anos depois, o Brasil já democrático, quitadas as hipotecas soberanistas, assume uma posição ativa na conferência. A Declaracao do Rio, sobre princípios ambientais, consagra e amplia o relatório Brundtland, estabelecendo responsabilidades comuns porém diferenciadas para atingir o desenvolvimento sustentável, que pressupõe um compromisso com as gerações futuras. A atuação da ONU passa a se centrar no individuo, o Estado não pode se desenvolver a todo custo tem de se comprometer com o bem estar do ser humano, o equilíbrio natural é fundamental para o desenvolvimento social. O conflito entre países do norte e do sul passa a ser respectivamente o direito de acesso à diversidade biológica versus o dever de repartição equitativa dos ganhos, países que detém tecnologia têm de dividir seus lucros com os países possuidores dos recursos naturais.

Mais duas décadas se passaram, o Brasil volta a ser sede do encontro organizado pela ONU, desta vez mais reduzido, durante os dias 4 e 6 de junho de 2012 (a ECO92 durou 15 dias). Nesses anos, houve muitos avanços mas os objetivos socioambientais propostos pela Agenda 21 ainda não foram totalmente alcançados. O foco será a transição para a economia verde, com baixos impactos ambientais, garantindo o desenvolvimento sustentável e a diminuição da pobreza. A agenda ambiental interessa a todos os paises do planeta, mas como os impactos das mudanças climáticas serão especialmente nocivos para alguns países, principalmente os insulares e os de menor desenvolvimento relativo, provavelmente em 2012 haverá um significativo conflito entre os mais atingidos e aqueles que pressumem dispor de mais tempo para adotar medidas efetivas de controle de emissões.

O Brasil pode e deve assumir papel protagonista nas negociações sobre o clima. Além de ser um dos principais detentores de recursos naturais, dispõe de legitimidade internacional para propor mudanças. Interessa ao país a implementação de políticas de combate ao desmatamento, a garantia de uma matriz produtiva limpa, a efetiva eficácia do sistema nacional de unidades conservação. Os compromissos voluntários ambiciosos assumidos pelo governo precisam ser assegurados. As iniciativas da economia verde devem ser encaradas como oportunidade para gerar empregos e tecnologia que no futuro possa ser exportada para os demais países, a exemplo dos biocombustíveis que são utilizados em favor do desenvolvimento.

A política brasileira, contudo, não pode se perder em dogmatismo. Segundo o IPCC, 25% das emissões de efeito estufa no mundo são causadas por desmatamento; no Brasil, essa cifra chegaria a 70%. Estamos poluindo, não para nos desenvolver, pelo contrário, queimamos nossos recursos que a cada dia valem mais, recursos esses que poderiam ser muito bem usados economicamente. Não é suficiente o papel de articulador de consensos, assumindo compromissos voluntários de  combate ao desmatamento e de redução das emissões, de forma mensurável, reportável e verificável. O Brasil precisa encarar o desafio de usar a economia verde em seu favor, efetivamente buscar formas de desenvolvimento, por meio de tecnologia limpa, como foi feito quando propôs o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Não é sensato aguardar que seja resolvida a clivagem entre os EUA, que não querem engajar-se em metas obrigatórias, superestimando o mecanismo de mercado de carbono, e a União Européia, que adere a metas mais ambiciosas, desde que outros países desenvolvidos também o façam.