14/08/2010

É preciso equilibrar o feijão e o sonho.

 Assim como na obra de Orígenes Lessa, o projeto Repórter do Futuro também precisou combinar com sonhos uma certa dose de pragmatismo. A idéia de Sérgio Gomes (Oboré) de capacitar novos jornalistas, de diversas universidades, para a elaboração, in loco, de notícias complexas e críticas, só pôde ser implementada porque contou com o apoio de várias instituições, entre elas, as Forças Armadas brasileira e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

 

O sucesso da quarta edição do módulo "Descobrir a Amazônia, descobrir-se repórter" foi comemorado 13/8/10, com participação de representantes do Exército e das principais universidades apoiadoras. Na ocasião, foi feito um balanço da experiência jornalística proporcionada aos estudantes e também da produtiva parceria entre militares e universitários.

 

"Os jovens são o fermento para o futuro" segundo Sérgio Gomes. Para construir um Brasil cada vez mais importante no cenário internacional, os estudantes têm de entrar em contato com os grandes especialistas de seu tempo. O ciclo de palestras que antecedeu a viagem jornalística à Amazônia colaborou em muito com essa aproximação. Foram ouvidos e entrevistados alguns dos principais cientistas sobre o tema, entre eles: Guilherme Dias, General Villas Boas, Marcos Buckeridge e Maritta Koch Wesser.

 

Nas quatro visitas jornalísticas à Amazônia, "o universo de estudantes contemplados foi pequeno, mas o resultado tem sido grandioso" como apontou o Coronel Barbosa. Diferentemente dos estudantes de outras graduações, os jornalistas difundem as suas reportagens por diversas áreas, entre um número muito maior de pessoas.

 

Com o Brasil neste novo patamar de relevância internacional a responsabilidade dos formadores de opinião nacionais é muito maior, por isso eles passam a ter a obrigação de conhecer melhor este pais e os problemas a serem enfrentados para saber como melhor participar da democracia brasileira. O exército com conhecimento específico de diversas regiões remotas do país tem muito a agregar aos comunicadores, portanto.

 

Apesar de ter havido um barateamento da viagens e das tecnologias necessárias para reportar, os meios de comunicação têm cada vez mais cortado os gastos com reportagens. As matérias tem sido compradas de agências de notícias e os jornalistas têm se limitado a escolher da tela de computador as melhores matérias a serem divulgadas, sem análise crítica e sem vivência da realidade. Então, há uma maior facilidade técnica, mas poucas são as pessoas hábeis a converter essas técnicas em pensamento crítico

 

Com a revolução digital , a idéia de departamentalização esta condenada ao desaparecimento. O jornalista tem de ser polivalente: pesquisar, escrever, fotografar, gravar, editar, divulgar. O tempo entre o acontecimento e a notícia que era do jornalista, para pesquisar e elaborar a matéria, acabou. Hoje as notícias são imediatas, distribuídas simultaneamente em escala global, houve uma "compressão do tempo e dos espaços", como definiu David Harvey. Assim, se o jornalista não tem antecipadamente, em sua cabeça, um quadro geral da situação noticiada, ele se perde. Mais uma razão para investir na capacitação dos futuros profissionais, como os repórteres do futuro. Sumarizou o General Carbonel: "uma pessoa, desde que bem formada e informada, pode fazer a diferença."

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