01/05/2011

O corpo da comunicação.


 Por Danielle Denny

19 de abril de 2011 – Terça-feira - 14h30 – 16h00
Dietmar Kamper, talvez por sua experiência como professor de educação física e dança, estuda a mídia por meio do corpo. Ao contrário do que faz a cultura de modo geral que abstrai o corpo para suprimir as distâncias e viabilizar a simultaneidade.


Por mais que haja uma perda da corporeidade, com a primazia do aqui e agora, nunca a cultura enfatizou tanto o corpo. Academia, balada, futebol são ambientes de culto do corpo. Por outro lado, o corpo é judiado a fim de se adequar a uma imagem cultural. Fala-se muito em corpo, mas ao mesmo tempo não se cuida do corpo.

Apesar de toda a tecnologia, amarrar o presente é quase impossível. Uma notícia de um minuto atrás já é passado. Contudo, o corpo humano só existe no presente. Fotos, livros, gravações são tentativas de imortalizar aspectos de nossa existência, mas o corpo não é mais o mesmo que aquele que foi fotografado, relatado ou gravado. A experiência corporal só existe no presente.

Corpo é o lugar de uma ecologia da comunicação. Independentemente da tecnologia a comunicação começa e termina no corpo e se dá com o corpo todo. É preciso parar para ouvir o corpo: respirar, alimentar, dormir bem. A desatenção com o corpo gera angústia.

Programas de auditório e grandes eventos presenciais como a Virada Cultural são válvulas de escape para essa ausência de corpo. A mesma mídia que cria a virtualidade cria os ambientes para a presença. São espaços controlados, neles até os atos e gestos mais simples são montados em processo civilizador (Norberto Elias). Esse processo civilizador disciplina o corpo.

As imagens são necessárias porém em excesso causam distanciamento se tornam repetitivas, sem criatividade, pasteurizadas, constrangendo o corpo a se adequar a elas em detrimento do bem estar. Um certo grau de produção sempre existirá. Ate nas relações muito concretas está ocorrendo uma performance mediática. Uma pessoa se embeleza para encontrar um namorado por exemplo. O limite está na sustentabilidade da ecologia da comunicação.

Bibliografia

KAMPER, Dietmar. "Corpo". in WULF, Christoph “Cosmo,  Corpo,  Cultura. Enciclopedia
Antropologica. “ Ed. Mondadori. Milano. Italia. 2002.. Disponível em < http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/corpokamper.pdf >. Acesso em 19 de abril de 2011.

SANTOS, Gilda; COSTA, Horácio (Org.). A poética dos cinco sentidos revisitada. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010. 159 p.

SERRES, Michel. Os cinco sentidos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 353 p. (Filosofia dos corpos misturados

GEBAUER, Gunter; WULF, Christoph. Mimese na cultura: agir social, rituais e jogos, produções estéticas. São Paulo: Annablume, 2005. 179 p. (Comunicações ;3)

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993-1994. 2 v


Danielle Denny participa do grupo de estudos sobre Dietmar Kamper, do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir, http://groups.google.com/group/culturadoouvir, o presente texto é uma ata das discussões travadas durante o terceiro dos cinco encontros que serão realizados na Cásper Líbero, durante o primeiro semestre de 2011.


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