06/05/2011

DIPLOMACIA E JORNALISMO NA ERA WIKILEAKS


 Por Danielle Denny 

4 de maio de 2011 – Quarta-feira - 14h30 – 16h00
“Eu queria ser o Wikileaks” Willian Waack

Todo jornalista compartilha o desejo de ser o responsável por divulgar as informações  que as autoridades gostariam que permanecessem veladas. Assim como Willian Waack, gostariam de fazer o que o site Wikileaks fez. Mas será que todos dispõem de bom senso para informar de acordo com o interesse público em tempos de instantaneidade? E os diplomatas, acostumados à discrição, estão aptos a trabalhar em um ambiente de massiva exposição?

A informação na era digital passa a ser abundante. Uma infinita quantidade de dados privados e públicos passa a ser disponível online, facilmente acessível pelas ferramentas de busca como o Google ou passíveis de invasão de hackers. Vivenciamos um devassamento da vida privada e pública. O sigilo, não só diplomático, passa a ser impraticável.

O direito a vida privada, apesar de ser direito humano garantido constitucionalmente passa a ser mitigado. Além disso, o jornalismo up-to-the-minute não permite tempo para análise, tudo tem de ser instantâneo. Na pressa, noticia-se o que não foi comprovado, e imediatamente se emite juízo de valor. Assim, a potencialidade de lesão ao indivíduo aumenta muito.

Uma democracia se caracteriza pelo exercício em publico do poder comum, por isso o principio da publicidade é um dos que regem a administração pública. Contudo, não se trata de um valor absoluto. Documentos públicos não devem ser colocadas indefinidamente em sigilo, mas em algumas situações o interesse nacional ou o risco à pessoa humana justificam certo grau de discrição. Contudo, atualmente grande parte dos contatos se dão por emails e redes digitais escapam as hierarquias de poder.

O mesmo princípio da publicidade também se aplica à diplomacia na maioria dos países, desde que Woodrow Wilson identificou em seus 14 pontos que os acordos secretos foram os responsáveis pela Primeira Guerra Mundial. Assim, a diplomacia aberta é a regra, todas as regras internacionais têm de ser de conhecimento público. A exceção são alguns países que praticam a “diplomacia de combate” (Celso Lafer), como a Venezuela e o Irã. 

Independentemente disso, as negociações desses acordos internacionais costumam ser feitas com discrição para facilitar a convergência, o que os americanos denominam de “quiet diplomacy”. A transparência total não só dificulta ou impede a tarefa dos negociadores como pode colocar a vida de pessoas em risco, identificando-as como informantes a serem perseguidas. Relação de respeito entre fonte e jornalista continua, portanto com o Wikileaks.  

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