Por Danielle Denny
Desde a Rio 92, as negociações sobre as temáticas das mudanças climáticas e das florestas avançaram bastante, ambas ligadas ao problema do aquecimento global. Tanto que em Cancun, México, na próxima reunião sobre clima, o problema serão apenas equações e porcentagens. Diferentemente disso, na áreas de biodiversidade, muito pouco foi feito. Para a reunião de Nagoya, Japão, a próxima sobre biodiversidade, as expectativas ainda são muito grandes, questões conceituais ainda estão por ser decididas.
As empresa, principalmente brasileiras, têm dificuldade de reconhecer na biodiversidade uma oportunidade para negócios. O principal motivo é a falta de quantificação do ponto de vista econômico. A biodiversidade é muito difícil de ser avaliada economicamente. Além disso, as atuais leis são muito rígidas, porém de difícil aplicação. Prospetar negócios nessa área virou sinônimo de biopirataria.
O marco regulatório precisa ser alterado para fazer da biodiversidade uma oportunidade de negócio. A conceituação teórica precisa avançar. Como na área de clima há o IPCC, painel internacional para mudanças climáticas, na sigla em inglês, a área de biodiversidade precisa de um painel próprio, com cientistas especializados que possam pesquisar os dados relativos à biodiversidade. Além disso, precisam ser estabelecidas as diretrizes sobre financiamento, filantropia, usos permitidos e repartição justa dos benefícios.
O tema da biodiversidade tem de ser tratado com profundidade, não pode ser negligenciado à espera de uma solução espontânea. Os perigos são muitos. Não se substitui a biodiversidade, as qualidades das espécies são muito próprias dos ambientes em que se desenvolvem. Não adianta replantar uma árvore de Pau Brasil em outro habitat por exemplo. A densidade dos galhos replantados será outra, diferente da dos nativos, valiosíssimos para a produção de instrumentos musicais.
Além disso, uma unidade de conservação da Amazônia pode ter o dobro do tamanho do Estado de São Paulo. As políticas públicas tradicionais não se aplicam, na mesma medida. Há necessidade de criação de um índice de sustentabilidade específico e precisa ser pesquisada uma nova métrica para a biodiversidade, assim como foi desenvolvida uma para as emissões de carbono. Nessa tarefa têm de atuar, não só os cientistas, mas a sociedade como um todo, inclusive as empresas.
A biodiversidade tem de deixar de ser parte do problema para ser parte da solução. A recente carta para conservação e uso sustentável da biodiversidade lançada pelo Movimento Empresarial pela Biodiversidade – MEB, em evento realizado pelo Valor Econômico, dia 23 de setembro de 2010, em São Paulo, demonstra que a comunidade empresarial está preparada para ser parte da solução.
Danielle Denny é pesquisadora da Cásper Líbero.
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