Leia o caso abaixo, objeto de reportagem na Folha de São Paulo e o
Estatuto do Estrangeiro (LEI 6.815/1980). Prepare um relatório de suas conclusões, abordando as questões ao final colocadas.
Garry Davis
"Homem sem
nacionalidade" via na cidadania mundial caminho para paz
"'Quantas
bombas despejei? Quantos homens, mulheres e crianças assassinei? Não há outra
maneira?', não parava de me perguntar"
Por MARGALIT FOX
Em 25 de maio de
1948, um ex-piloto do Exército dos EUA entrou na embaixada americana em Paris,
renunciou à cidadania americana e, enquanto as autoridades atônitas olhavam
para ele, declarou-se um cidadão do mundo. Nas décadas que se seguiram, até o
fim de sua vida, no mês passado, aos 91 anos, ele continuou por opção um homem
sem Estado -entrando, saindo, sendo regularmente expulso e frequentemente preso
em uma série de países, usando um passaporte de sua própria criação. Seu
raciocínio era simples, e seu objetivo imenso: se não houvesse Estados-nações,
não haveria guerras.
Garry Davis, que é amplamente
considerado o decano do movimento One World [Um Mundo], uma tentativa de
eliminar as fronteiras nacionais que hoje tem quase um milhão de adeptos em
todo o mundo, havia praticamente encerrado suas perambulações e se estabelecido
no Estado de Vermont. "Não sou um homem sem país", disse Davis à
revista "Newsweek" em 1978. "Apenas um homem sem
nacionalidade." O modelo One World teve sua cota de adeptos proeminentes,
entre os quais Albert Schweitzer, Jean-Paul Sartre, Albert Einstein e E. B.
White.
Mas, enquanto a
maioria dos defensores se contentava em escrever e em discursar, Davis não foi
um teórico de poltrona: há 60 anos, ele fundou o Governo de Cidadãos do Mundo,
um autoproclamado governo internacional que emitiu passaportes, carteiras de
identidade, certidões de nascimento e de casamento, assim como selos postais e
moeda. Até hoje, foram concedidos mais de 2,5 milhões de documentos do Governo
Mundial, segundo a Autoridade de Serviços Mundiais, o ramo administrativo do
grupo.
Seus seguidores dizem
que os documentos que ele emitiu têm um valor genuíno para refugiados e outras
pessoas sem Estado. Seus críticos alegaram que, ao emiti-los cobrando uma taxa,
Davis estava vendendo falsas esperanças para pessoas que gastaram o pouco que
tinham em documentos que não são reconhecidos legalmente em praticamente nenhum
lugar. A longa insistência de Davis quanto ao direito inalienável de qualquer
pessoa de viajar para qualquer lugar prevê, em um espaço de décadas, o atual
debate sobre imigração. Da mesma forma, antecipa a atual condição de sem-Estado
de Julian Assange e Edward Snowden.
No ano passado,
Davis fez entregar um passaporte mundial a Assange, o fundador do WikiLeaks,
que está refugiado na embaixada do Equador em Londres. Poucas semanas antes de
morrer, Davis enviou um passaporte mundial a Edward Snowden, o ex-técnico da
Agência de Segurança Nacional dos EUA, hoje fugitivo, acusado de violar leis de
espionagem, que teve o passaporte americano revogado e recebeu um ano de asilo
na Rússia. Davis, que falou sobre o movimento One World em universidades e
escreveu um livro sobre o assunto, parecia impermeável às críticas. "O
Estado-nação é uma ficção política que perpetua a anarquia e é um terreno
fértil para a guerra", disse ele ao jornal japonês "The Daily Yomiuri"
em 1990. "A fidelidade a uma nação é um pacto de suicídio coletivo."
A busca por uma
terra unida nasceu de seu desconforto com uma infância muita privilegiada, sua
dor pela perda de um irmão na Segunda Guerra Mundial e sua própria experiência
na guerra."Desde minha primeira missão sobre Brandenburg, senti dor na
consciência", escreveu em uma memória em 1961, "The World Is My
Country" [O mundo é meu país]. "'Quantas bombas eu despejei? Quantos
homens, mulheres e crianças assassinei? Não há outra maneira?', eu não parava
de me perguntar."
A outra maneira, ele
passou a acreditar, seria erradicar o conflito erradicando as fronteiras. Hoje,
mais de 950 mil pessoas são cidadãs do mundo registradas, segundo a Autoridade
de Serviços Mundiais, sediada em Washington. Portador do passaporte mundial
número um, Davis passou décadas se esgueirando por fronteiras, viajando
clandestinamente em navios e encantando ou irritando autoridades. Nos anos
1950, quando a França tentou deportá-lo, ele furtou uma coleção de lingerie
colorida em uma loja de departamentos em Paris. Em consequência da prisão, foi
legalmente impedido de deixar o país.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/123669-quothomem-sem-nacionalidadequot-via-na-cidadania-mundial-caminho-para-paz.shtml
Elaborar um texto dissertativo a respeito de como é regulada a situação
do estrangeiro no ordenamento jurídico brasileiro. Incluir no texto uma
pesquisa a respeito de Julian Assange e Edward Snowden relacionada à
nacionalidade e a demais temas relativos ao Direito Internacional Privado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário