Por Danielle Denny
A Pricewaterhousecoopers há anos aplica o teletrabalho. Os auditores e
consultores não precisam mais ir ao escritório. Atendem seus clientes
diretamente, via celulares e computadores. A economia de recursos ambientais
decorrente dessa política é imensa: menos combustível, menos energia elétrica,
menos água... Mas isso só é possível porque existe uma infraestrutura de TI muito
bem desenvolvida a disposição dos funcionários, integrando-os e processando a
infinidade de dados produzida por cada um deles em diversos locais.
Parece simples, mas esse volume massivo demanda uma estrutura física
robusta, com vários servidores, cabos, gabinetes, muito bem estocados e
refrigerados. Assim, esses data centers corporativos são verdadeiras dragas de
recursos ambientais. O mais relevante, contudo, é a perda de energia eletrica,
antes de chegar ao data center, em cada uma das fases desde a criação até o
uso. A dissipação de energia e a ineficiência do sistema pode levar à conta de
1Watt para operar necessitando de outro 1 Watt para resfriar.
Claro que o setor de TI é um dos menos poluntes, corresponde, segundo
Gartner, a 2% das emissoes globais de CO2, além dissso, é o setor que mais
consegue contribuir para a redução das emissões dos outros setores. Mas esse
desperdício representa custo. As empresas que não investirem em tecnologias
verdes vão perder competitividade.
Visto por esse prisma, os ideais verdes se tornam bem pragmáticos. Como
aponta Newton Figueiredo, presidente do Grupo Sustentax, “sustentabilidade é
garantir rentabilidade com ética e responsabilidade socioambiental” mas “maquiagem
verde é o que mais tem”. No afã de conquistar clientes socioambientalmente
responsáveis, as empresas enveredam por caminhos que não trazem resultado.
Relatórios de sustentabilidade com formulários complicadíssimos,
caríssimos, podem não agregar nenhum valor para o produto, para os clientes ou
para os funcionários. Nesse contexto só enfeitam as prateleiras, não agregam
valor às empresas. Têm de ser feitos apenas quando for necessário ou importante
reportar, por isso tem de ser feito voltado para o público alvo, para o
acionista, funcionário, ou cliente, em linguagem específica.
A quantificação de GEE (gás de efeito estufa) também não é remédio para
tudo. Só para as empresas que têm emissão significativa ou têm operação no
exterior. Afinal a emissão brasileira é muito baixa se comparada com a
americana (13,8ton/pessoa nos EUA e 5,4ton pessoa no Brasil) assim, as
políticas aplicadas pelos executivos americanos não podem ser aplicadas
irrefletidamente no contexto brasileiro.
Esforços para se adequar ao ISE (indice de sustentabilidade da BOVESPA)
que indica qual empresa é mais sustentável, também pode ser inócuo pois o
medidor não é levado em consideração pelos investidores, uma vez que é tido
como fora do mercado, feito por acadêmicos.
Muita da maquiagem verde se dá nas embalagens e rótulos. De nada adianta
uma campanha de marketing ecológica, se o produto é tóxico, se a empresa não
incentiva a redução, reutilização e reciclagem. Mudar apenas o envólucro pode
gerar só prejuízo, principalmente depois do CONAR (Conselho Nacional de Autoregulamentação
Publicitária) regulamentar o uso do termo sustentabilidade.
Assim, não adianta executivos e formadores de opinião pensarem em ações
isoladas, dissimuladoras. Tem de investir em tecnologia e em governança, para
criar uma estrutura que propicie a sustentabilidade. Só assim será possível
aproveitar a janela de oportunidade e se lançar a frente dos concorrentes, para
implementar um modelo de negócio rentável e socioambientalmente responsável.
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Danielle Denny, foi convidada pelos organizadores do evento para
participar do Fórum Green Tech, que aconteceu na terça-feira, 25/10/2011, Hotel
Paulista Plaza, São Paulo, SP. Mais informações no site: http://www.convergeeventos.com.br/seminarios/600/index.htm
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