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02/03/2010

FREUD POR LUIZ TENORIO OLIVEIRA LIMA

FREUD POR LUIZ TENORIO OLIVEIRA LIMA

DIFERENÇA ESSENCIAL DOS HUMANOS
Vivência da capacidade de sentir prazer em várias partes de seu corpo é tão importante para seu desenvolvimento quanto o alimento.

Os mecanismos pelos quais o ser humano experimenta essa capacidade de ter prazer são o ponto de partida da teoria de Freud, que demonstra como a história de cada indivíduo é não só inseparável da vivência do prazer, mas determinada por ela. O modo como convivemos com a satisfação e a frustração de nossos desejos define quem somos, além de nos diferenciar dos outros mamíferos desde o nascimento.

Inconsciente = força motivadora e determinante do comportamento humano.

Parceria com Jean Martin Charcot com pacientes histéricos (1886). Parceric com Josef Breuer no trabalho clínico.

Chegou à conclusão que histeria era resultante da censura ou repressão de desejos e fantasias experimentados durante a primeira infância. Não tinham noção de tal censura nem dos fatos que escondiam e, por isso, não tratavam do assunto quando estavam em estado normal, de vigília. O relato de tais vivências só aparecia durante a hipnose (também chamada de método catártico).

Libido = energia corporal expressa pelos instintos sexuais, dá origem às experiências do prazer e produz reflexos em nosso comportamento psíquico. São três as fases de amadurecimento sexual descrits por Freud: oral, anal e fálico-genital.

Perversões (sadismo, masoquismo, exibicionismo) aparecem, são a foto.
Neuroses (inibição, teme até realizar o que é normal e natural, o que se espera dele) ficam escondidas, são o negativo.
Ambos os lados, porém, são resultado da desorganização da libido sexual e indicam que os impulsos sexuais vividos pela criança durante seu desenvolvimento até a fase genial (de 3 a 6 anos) não se integraram.

Transferência = manifestação de fatores emocionais profundos, infantis, nas relações do adulto com outras pessoas. Ocorre transferência na relação paciente analista, repetiçao de padrões de relacionamento das pacientes com os pais. Freud concluiu entao que as neuroses tem origem na relação da criança com os pais e de que, na análise, se repetiria na forma do que ele chamou de neurose de transferência. A cura da neurose de transferência seria a cura do indivíduo de tal sujeição a padrões infantis de conduta. Mas não há cura absoluta. Como dizia Sartre em As Palavras: “Ninguém se cura de si mesmo”.

Superego = nossa polícia interna, senhor da razão, aprova ou censura nossos atos e escolhas. Totem interno. A idéia de afastar o pai do caminho para ter a mãe só para si permanece e obriga o menino a devorá-lo, simbolicamente – a incorporar o pai em sua mente. Essa seria a origem do superego, instância destacada do eu, produto da identificação do menino com a figura paterna e que, de resto, é condição indispensável para o indivíduo vir a se tornar adulto. Como não pode ser pai de sua própria família, ele incorpora o pai, introjeta a figura paterna e se identifica com ela em grande parte. A identificação com o pai permite ao sujeito sair da família e constituir outra.

Do ponto de vista psicanalítico, não existe separação nítida entre entre o mundo real e o que é construído por nós, nossas fantasias e desejos. Suportar essa mão dupla, do que contruimos com base no que é real fora e dentro de nós é bom sinal de sanidade. Somos a origem de nossos sentimentos. Só podemos responsabilizar a nós mesmos pelo que somos.

O mal-estar na civilização 1930: paradoxo = quanto mais civilizada é a cultura, ou seja, mais democrática e libertária, mais se dissemina a insatisfação entre os indivíduos e mais se manifesta a angústia. Dificuldade cada vez mais pronunciada nos indivíduos de desenvolver métodos estáveis que transformem a agressividade e a sexualidade em algo produtivo e inventivo.

Sublimação = capacidade dos indivíduos de desenvolver métodos estáveis que transformem a agressividade e a sexualidade em algo produtivo e inventivo. Capacidade de expressar a angústia, a agressividade, as forças em conflito de forma criativa. Sem mutilá-las. Mas tem sido cada vez mais difícil as pessoas se responsabilizarem por seus próprios sentimentos e impulsos. O sujeito contemporâneo se sente desamparado.

Estamos vivendo hoje um mal-estar na cultura que é diferente daquele que Freud diagnostico, e para cujos desdobramentos a própria teoria psicanalítica contribuiu, mediante sua influência sobre a pedagogia, os costumes e o individualismo contemporâneo. A psicanálise e as ideologia libertárias contribuíram para a erosão dos sentimentos patrióticos e para a redução do nacionalismo e dos militarismos. Também relativizaram o poder da Igreja e da família patriarcal. Sem a proteção das diferentes formas de autoritarismo, os indivíduos restaram sós. Ou o sujeito suporta a angústia e se torna responsável por suas escolhas, no nível político, social e afetivo e responde por tudo aquilo que tem origem nele, ou tende a tribuir essa responsabilidade a outrem. Toda vez que o indivíduo não se responsabiliza por si próprio, ele está sujeito a causar danos.

De boas intenções o inferno está cheio. Não basta, portanto, a pessoa ter boa intenção ou bom caráter. É preciso que reconheça suas motivações masi torpes e hostis. A única forma de se proteger da própria violência e proteger o mundo é reconhecê-la.

Freud inventou a psicanálise esse método que criou para fazer o diagnóstico e encontrar a causa e a forma de tratamento dos pacientes histéricos acabou distanciando-o do saber médico, positivo, empírico, para levá-lo a inaugurar uma nova área do conhecimento, que trabalha com um saber simbólico. Ele construiu o conhecimento psicanalítico graças a sua teoria do inconsciente e à descoberta da importância da sexualidade infantil na formação da mente, faz a clivagem entre inconsciente e consciente. Freud conseguiu ligar as duas naturezas fundamentais do sujeito: a material ou corporal, e a que está na base de sua interação com a cultura e o grupo social. Ele reorganizou de tal maneira a relação entre a mente e o corpo do indivíduo que acabou criando uma nova área de conhecimento.

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