26/06/2010

Artigos Repórter do Futuro

Artigos Repórter do Futuro

Sustentabilidade deveria ser a nova bandeira brasileira

Para surpresa de muitos, os países desenvolvidos não são os que mais exportam, nem os que mais importam. O crescimento tanto da demanda como da oferta, no comércio internacional, é decorrente dos países em desenvolvimento cuja população, ao sair do limiar da pobreza absoluta, passa a consumir.

Contudo, esse crescimento enfrenta condicionantes como alta de preços dos alimentos, crise energética, aquecimento global e estresse hídrico. Nesses três aspectos a importância da Amazônia é fundamental.

Mesmo sem inclusão de novas terras, a produção agrícola brasileira, se feita de maneira sustentável, garante produção de alimentos suficiente para o abastecimento da demanda atual e futura, por várias décadas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA realizou estudos em que ficou demonstrado que o manejo sustentável aumenta em 7 vezes a produtividade do solo.

As usinas hidrelétricas em construção na área do rio Xingu e do rio Madeira, bem como a extração de oleaginosas prometem mitigar a falta de energia sem sujar a matriz energética brasileira, que atualmente tem cerca de 50% de fontes renováveis (biomassa, etanol, hidreletricidade).

A capacidade de seqüestro de carbono da floresta em pé é um diferencial para o controle do aquecimento global. Além disso, as presentes mudanças climáticas já demandam novas tecnologias para conseguir adaptar a produção agrícola a esse novo clima e no futuro essa demanda tende a crescer exponencialmente.

O estresse hídrico, enfrentado por grande parte da população humana, também pode ser reduzido com a exportação direta ou indireta (via produtos agrícolas) dos recursos hídricos da região mais úmida do Brasil.

O diferencial da Embrapa em biotecnologia e em agricultura sustentável, já reconhecido mundialmente, deve ser explorado e incentivado de modo a consolidar o protagonismo brasileiro nessas áreas.

O Brasil inicia o milênio reconhecido internacionalmente como potência emergente. Para garantir seus interesses, precisa de uma política coordenada, em que todos os ministérios cooperem para superar a escassez de combustível, a ameaça de fome, o estresse hídrico e o desequilíbrio entre o ritmo de consumo de recursos naturais e a respectiva renovação.

A busca da sustentabilidade deve ser o objetivo de longo prazo de todas as políticas públicas. Pois o Brasil só tem a ganhar tanto em termos de país possuidor de recursos naturais como em termos de desenvolvedor e exportador de tecnologia limpa.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Precisamos de pragmatismo

O neoliberalismo e o pensamento politicamente correto travam o desenvolvimento e colocam em risco a soberania brasileira sobre a Amazônia.

Não faz sentido esperarmos que as leis do livre mercado levem infraestrutura e desenvolvimento para uma área de vazio demográfico.

Da mesma forma que é um disparate esperarmos que a população local, para preservar os recursos naturais, se sacrifique sob uma expectativa de vida de 36 anos, conforme ressaltou o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010.

Há que se atribuir valor econômico para a floresta em pé de modo a ser possível concorrer com as commodities. E só o investimento coordenado em pesquisa, ciência e tecnologia pode proporcionar isso.

O reconhecimento das situações reais de vida na Amazônia, frente à enorme potencialidade de recursos, deve ser sopesada com a multiplicidade de interesses sobre essa região, inclusive de estrangeiros. O idealismo pode ser uma arma inimiga.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Violência agrária aumenta na Amazônia

A política agrária implementada pela ditadura militar de levar homens sem terra para terras sem homem tem como consequência atual violência agrária e falta de infraestrutura.

Artur Zimerrman, citado por Guilherme Leite da Silva Dias , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010, documenta por gráficos que a maioria dos municípios com violência agrária está na fronteira da Amazônia.

Nessas áreas, o povoamento é consolidado, como ressalta Bertha K. Becker, em Amazônia, Geopolítica na virada do III milênio. A área não é mais uma fronteira, assim, a produção sustentável deve predominar sobre a conservação.

O objetivo deve ser dinamizar a economia regional de maneira sustentável, para não só fixar a mão de obra local, impedindo que outras áreas sejam degradadas, como também conter o nível de violência.

A regularização fundiária, levada a cabo pela MP 458/2009. retomou o modelo da Lei de Terras de 1850, reconhecendo a titularidade da terra a quem comprova a posse, mesmo que ilegítima, fruto de grilagens e invasões por exemplo.

Relatório da época da Independência concluía que todas as terras aproveitáveis estavam tomadas num país com um vazio demográfico ímpar. Da mesma forma, terrenos amazônicos ostentam placas de titulares que nunca estiveram na região.

O modelo mão de obra migrante, direito do Estado de dispor sobre as terras públicas e tributação da propriedade privada para cobrir o déficit fiscal tem sido implementado diversas vezes na história. Mas a inaplicabilidade das diversas leis fundiárias, seguidas por repetidas normas de regularização da posse, demonstra a incapacidade do governo de implementar medidas contrárias aos interesses dos proprietários.

A ocupação da região amazônica deveria ter sido feita de maneira planejada. Mas dada a atual situação, segundo Guilherme Dias, o ideal seria acabar com o reconhecimento de posse. A terra nessa região seria, então, obrigatoriamente pública. A importância estratégica dessa área é muito grande para se submeter às disposições de proprietários particulares sobre os seus usos.

Essa ideia de Guilherme Dias pode conter a violência agrária mas é bem dificil de ser implementada, frente à Constituição que confere maior representatividade aos eleitores da região norte: o voto de 1 cidadão de Roraima, por exemplo, corresponde ao voto de 13,4 cidadãos paulistas, conforme dados do Almanaque Abril 2010.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Agricultura sustentável

Guilherme Leite da Silva Dias , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010, demonstrou que o método tradicional de agricultura, implementado desde o período colonial: desmatamento, manejo com queimadas e produção extensiva tem como consequência solos exauridos entre 10 e 20 anos. Esse modelo se justificava numa época em que os recursos naturais eram tidos como ilimitados. Atualmente essa improdutividade é irracional e precisa ser substituída por formas mais sustentáveis.

A melhor solução pesquisada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA é a rotação entre lavoura e pastagem, feita de modo sustentável: com correção de solo, uso de adubos constantemente, troca de raizes num ciclo de cinco a oito anos e constante monitoramento. A agricultura sustentável demanda monitoração avançada de diversas especialidades como: água, lençol freático, erosão, química do solo, temperatura. O diagnóstico de sustentabilidade é altamente complexo. Mas esse sistema produz 7 vezes mais que o método tradicional e não esgota o solo, Segundo Guilherme Dias.

Dessa forma, não precisamos de mais terras, só o manejo sustentável já aumentaria a produtividade. O suficiente para alimentar a demanda dos próximos 50 anos. Mas esse modelo é muito mais complexo que os modelos industriais, de monocultura, implementados entre o Rio de Janeiro e Campinas. Assim, a demanda por mão de obra qualificada é muito maior. O nível educacional de um agricultor seria comparável ao do cidadão urbano.

Além disso, a agricultura sustentável precisa de muito capital e de muita tecnologia. Segundo, Guilherme Dias, o custo estimado é entre 15 e 20 mil reais por hectare. Ao passo que o método tradicional costuma custar entre 4 e 7 mil reais por hectare. Por essas razões, se o método sustentável fosse implementado hoje em larga escala, haveria mais uma onda de êxodo rural. As pessoas desqualificadas e sem capital seriam expulsas para a cidade. Para prevenir esse problema, o Brasil precisa qualificar a mão de obra agrícola nos próximos 20 ou 30 anos.

Nesse contexto de problemas complexos e interdisciplinares, a coordenação entre a política levada a cabo pelos diversos órgãos do governo é fundamental. Os ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e da Tecnologia, da Agricultura, do Planejamento precisam cooperar para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Políticas antagônicas, além de contraproducentes, revelam falta de estratégia de longo prazo, o que pode levar o país ao ostracismo.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Geopolítica amazônica

A Amazônia é um território ainda desconhecido, não integrado ao resto do Brasil e, como o território é um dos elementos constituintes da nação, junto com população e com governo soberano, a conformação da nação brasileira está incompleta, segundo o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, que afirmou em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010, que a Amazônia tem 26 trilhões de dólares em recursos naturais: 18 trilhões de recursos minerais e 8 trilhões em biodiversidade. Esses valores correspondem a 1/3 do PIB mundial.

Além disso a extensão territorial é tão grande que a Índia, com 1 bilhão de habitantes, caberia na Amazônia. Toda a Europa ocidental também serviria com folga. Os recentes 15.000km² de desmatamento por ano correspondem à metade da Bélgica. Essa grandeza é a responsável pelo sentimento de Brasil continental. Sem a Amazônia, o Brasil teria território semelhante ao da Argentina.

A posição estratégica, no centro da América do Sul, garante à Amazônia papel fundamental para integração sulamericana. Se do ponto de vista político o Mercosul é o cerne da integração sulamericana do ponto de vista geográfico a Amazônia é o seu centro de gravidade, comparou o general.

Suas riquezas podem ser resposta para os problemas da humanidade. Pode fornecer ao mundo alimentos, água, energia limpa, biodiversidade e sequestro de carbono para mitigar as mudanças climáticas. Um exemplo da importância geopolítica da região é o aquífero de Alter do Chão, divulgado como maior que o Aquífero Guarani.

No sul do Brasil, o aquífero está debaixo de rocha. Na Amazônia o terreno é arenoso. Além da areia servir de filtro natural ela diminui os custos de exploração do aquífero, uma vez que perfurar rochas seria muito mais caro. Num planeta ameaçado pelo aquecimento global e pela falta de recursos hídricos, o Aquífero Alter do Chão é uma reserva estratégica.

O governo, por meio da administração direta ou por meio de agências e de parcerias, é o agente principal para o planejamento estratégico e para promoção do desenvolvimento regional. A estratégia tem de ser pensada a longo prazo, norteada pelos interesses geopolíticos do Brasil e de forma pragmática.

Orlando Villas Boas, também citado pelo general, já na década de 1970, alertava para o risco dos índios estarem se capacitando nos Estados Unidos, para depois voltarem como líderes, falando inglês, muito mais americanos que brasileiros. Se esses líderes pedirem terra independente do Brasil e da Venezuela, os americanos e a ONU apoiariam e estaria instaurada uma disputa de fronteira internacional. Conhecer a Amazônia e implementar o desenvolvimento dessa região é a única forma de afirmar a soberania brasileira naquela região.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Meio ambiente, biodiversidade e biocombustíveis na Amazônia
Depois do futebol, a bioenergia é o diferencial brasileiro

O Brasil é o país mais verde do mundo, é o que mais usa biomassa, segundo Marcos Silveira Buckeridge , do Depto. de Botânica do Instituto de Biociências da USP. O etanol é o principal produto a tornar o Brasil liderança nessa área, mas não é o único. As possibilidades a serem exploradas via ciência e tecnologia são várias. Existe, por isso, uma “einstenlândia” montada para o desenvolvimento da pesquisa nessa área.

O Centro de Tecnologia Canavieira CTC é um dos exemplos , junto com o Programa de Bioenergia BIOEN da FAPESP, o Laboratório de Fisiologia Ecológica LAFIECO, o laboratório de mudanças climáticas e o Institudo de Ciência e Tecnologia do Bioetanol CTBE. Com laboratórios modernos e equipados esses centros de pesquisas desenvolvem produtos novos e melhoram a qualidade dos atualmente utilizados.


Foto da “einsteinlândia” http://msbuckeridge.wordpress.com/about/

Só usando a cana-de-açúcar como fonte energética, além do 1/3 de energia que hoje é produzido via alcool, ainda restam 2/3 de possibilidades para aumentar a produção, explorando o bagaço e a palha. Contudo, barreiras técnicas têm de ser superadas, principalmente com relação à celulose do bagaço. As equipes de pesquisadores se dividem, então, para pesquisar: variedades de plantas, carga genética, fungos, enzimas e processos catalizadores.

Com relação à planta, buscam-se, na equipe de Buckeridge, variedades de cana que sejam mais maleáveis, cuja parede celulósica não seja tão estruturada, para facilitar a hidrólise e, assim, a extração da energia. Geneticamente o sequenciamento da cana tem sido feito por um consórcio mundial do qual o Brasil é líder. Inserir gene de fruto pode gerar a “cana-papaia”, planta que se auto destrói, como os frutos, para liberar as sementes. Fungos e outros microorganismos que atacam a celulose para produzir açúcar, também têm sido pesquisados E têm sido buscadas enzimas. Em Riberão Preto já existe enzima sintética transgênica que aumenta a produtividade da hidrólise.

O objetivo principal de toda essa pesquisa é evoluir da primeira geração de biocombustíveis (cana-etanol) para a segunda geração que usa bioquímica e termoquímica para aproveitar açúcares como xylose, arabinose e glucose que as enzimas naturais não digerem e que em condições normais de temperatura e pressão são muito estruturados para que se possa extrair deles energia.

Durante o desenvolvimento dessa pesquisa, ocorrem externalidades positivas, como a descoberta de uma fibra solúvel que passou a ser utilizada pela indústria alimentícia e um composto anti-diabético que vem sendo estudado pelas farmacêuticas. Dessa forma, o investimento em pesquisa e tecnologia de ponta tem uma grande capacidade de produzir produtos e serviços derivados que podem vir a ser explorados economicamente de forma independente, gerando não só recursos para os centros de pesquisa e para os pesquisadores, como também desenvolvimento sustentável para o Brasil.

O esforço tem de ser transdiciplinar, com muitos cientistas de muitas áreas para desenvolver soluções para os problemas da sociedade. O Brasil, como país mais verde do mundo, investindo cada vez mais em pesquisa e tecnologia limpa, tem a oportunidade não só de se desenvolver como também de gerar benefícios para a humanidade como um todo, como a mitigação dos efeitos do aquecimento global.

Entenda mais sobre o assunto:

Viver Sustentável - Programa 10: Biocombustíveis - Biodiesel from Viver Sustentável on Vimeo.





Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


As Amazônias

O professor Ariovaldo Umbelino , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 22 de maio de 2010, citou Orlando Valverde que afirmava existirem várias amazônias dadas as muitas difereças e complexidades. São 7 milhoes km². 1/20 da superfície da terra. 1/5 da superfície da América do sul. Maior banco genético do planeta em biodiversidade. Maior concentração de água doce no planeta.

Há 20 anos a população indígena recomeçou a crescer. Recuperam a identidade e participam da luta de demarcação das suas terras. Para esses povos indígenas o território dos países não tem significado algum. Não existem 2 países fronteiriços como a Bolívia e o Brasil. Apenas uma terra indígena. Há, então, um processo de disputa pelo território brasileiro. O que menos se cartografa de modo evidente são as terras indígenas. Mapas municipais são uma forma de esconder a volúpia dos não índios de ocupar as terras indígenas, que nesses mapas aparecem como zona rural do município.

A legislação brasileira separa direito do solo do direito do subsolo. Subsolo é da União. E o Minstério da Minas e Energia tem o direito para conceder concessão para lavra. Quem tem direito da propriedade do solo não tem direito ao respectivo subsolo. Além disso, no Brasil, a terra tem que cumprir função social: ser produtiva, respeitar legislação ambiental, respeitar legislação trabalhista e não cultivar drogas. Assim, a propriedade da terra é relativa. Se o proprietário não cumprir a regulamentação tem de ser desapropriado.

A Amazonia é a maior província mineralógica do mundo. A energia que hoje é gerada na região é para a Vale do Rio Doce e para as outras mineradoras extrairem alumínio e exportarem. Mais de 90% do custo do alumínio é de energia. Por isso a construção de hidrelétricas gera tanta oposição, como as posições do Movimento dos Atingidos por Barragens.

Outro problema muito grave é que junto com a exploração da madeira e com os catadores de raízes de soja há o trabalho escravo, que tinha diminuido na década de 90 mas agora, durante o governo Lula, tornou a crescer.

A Amazônia é a região de menor presença dos movimentos sociais. Porém é onde está a maior parte de conflitos de terras. A ocupação se deu de forma desordenada e atualmente existem mais de um proprietário sobre a mesma terra, um verdadeiro beliche fundiário usado para se conseguir crédito. As diversas escrituras sobre o mesmo terreno permitem hipotecar o imóvel. Assim, há imóveis dados em garantida para diversas transações simultaneamente, usando número de registro diferente. Isso justifica o fato de, em Luciara, município mato-grossense, 70% dos proprietários nunca estiveram lá, conforme exemplifica Ariovaldo Umbelino.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Arqueologia na Amazônia

Eduardo Goes Neves , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 22 de maio de 2010, ressaltou que que a floresta amazônica não é só mata, pessoas vivem na Amazônia há 14 mil anos e alteraram a paisagem (natureza com intervenção humana) claro que em menor escala que a antropização que se dá hoje. A Amazônia antiga, elucidada pelo arqueólogo, demonstra a história pré colonial do Brasil.

O importante é afastar os critérios preservacionistas e substituí-los por paradigmas desenvolvimentistas. Mesmo porque, a biodiversidade hoje existernte na Amazônia também decorre da habitação de pessoas naquele terrritório há séculos. A terra preta por exemplo, onde se encontram vários sitios arqueológicos, é uma terra produzida pela ação humana.

Urbanóides, que vivem só nas cidades, ficam mais tranquilos de saber que há reserva, debocha o arqueólogo. Mas o modo de vida das populações locais das unidades de conservação são muito benéficas e pouco impactantes. Precisamos incorporar essa geração humana à sociedade brasileira, conferindo-lhe cidadania. Não se pode penalizar o seringueiro cujo meio de vida é muito pouco impactante com a proibição de desenvolvimento pessoal e familiar.

Além desses problemas estruturais, há dificuldades mais técnicas, um dos maiores desafios da arqueologia no Brasil é formar porfissionais e outro entrave é a necessidade melhorar a forma de documentar as pesquisas, porque isso permite aos estudiosos do futuro refazer o mesmo projeto e avançar sem precisar refazer todo o trabalho já feito.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


AmazonIEA aguarda parcerias

Maritta Koch-Wesser , coordenadora geral do projeto Amazônia em Transformação, forneceu, 29 de maio de 2010, detalhes sobre esse projeto do Instituto de Estudos Avançados da USP que envolve a digitalização de inúmeros documentos de renomados pesquisadores da Amazônia.

A pesquisadora ressaltou que devemos nos preocupar com as seguintes perguntas:
Qual é a visão de longo prazo para a Amazônia, para 2050 por exemplo? Como deve ser estruturada e explorada essa região enorme levando em conta cada especificidade subregional? Como contribuir com uma redução do aqueciemnto climático global? Como fazer uso dos recursos REDD para pagamento de serviços ambientais? Como desenvolver um Mercado Verde competitivo com a soja e com a pecuária? Como elaborar estratégias de desenvolvimento humano em ações com escala, pés-no-chão, valorizando os recursos naturais como meio de despertar o interesse do mercado? Como aproveitar melhor os recursos hídricos? Como implementar a infraestrutura de transportes e de geração de energia?

Para encontrarmos as respostas a esses problemas é essencial o aprendizado com os erros e acertos do passado recente, afinal a ocupação da Amazônia se intensificou somente a partir da década de 60.

É nesse ponto que se torna fundamental o projeto Amazônia em Transformação cujos objetivos são basicamente quatro.

1. O primeiro é salvar a memória dos processos de transformação da Amazônia e resgatar a memória histórica ameaçada. Para tanto é preciso identificação e mapeamento dos acervos multimídia não publicados e dos muitos documentos raros e ou ameaçados. A digitalização desses documentos deve ser feita em diversas cidades e compartilhadas em uma plataforma de Internet comum. Devem ser feitas entrevistas com testemunhas da época para captar a filosofia, entender por que alguém determinou a construção da Transamazônica, por exemplo. Por meio desse resgate da memória, o projeto busca viabilizar um futuro enraizado na aprendizagem sistemática.

2. O segundo objetivo é disponibilizar acesso a informação sobre a Amazônia com diferenciação subregional e criar um site acadêmico, na intranet da USP, para dar acesso a essas informações para o grande público, inclusive de fora das universidades. A idéia é criar um “Google Amazon” (geográfico-temático, acadêmico) para identificar que projetos aconteceram lá, quais empresas de engenharia já fizeram trabalho lá etc. O objetivo também é incentivar a informação botton up, ou seja, a alimentação de plataformas interativas já existentes na Internet como a Wikipédia

3. O terceiro objetivo é fazer do Instituto de Estudos avançados da USP um referencial de conhecimento sobre a Amazônia constemporânea. O IEA seria o Amazon Think Tank. Seria o receptor do acervo físico da documentação. Seria o dono do site acadêmico para compartilhamento das informações. E realizaria estudos avançados sobre a Amazônia disponibilizando, inclusive, uma pós graduação específica sobre Amazônia.

4. O quarto objetivo é promover a pesquisa e difusão do conhecimento sobre a Amazônia, alimentando estratégias atuais, com inclusão de instituições públicas de ciencia, ONGs especializadas científicas (como por exemplo instituto socio ambiental) e outras.

Para atacar essas quatro frentes de trabalho o projeto Amazônia em Transformação pretende articular quatro áreas de conhecimento:

1- a primeira seriam as estratégias sócioeconomicas de ocupação e de desenvolvimento. Politicas indigenistas. População tradicional. Diversidade cultural. Sociedade civil. Democratização. Atores coletivos e novas arenas.

2- a segunda área de conhecimento seria a expansão de fronteiras e do setor privado. Mineração, petróleo e gás. Urbanização e industrialização. Hidrelétricas, infraestrutura e transportes.

3- a terceira área de conheciemento seria biodiversidade e ciência. Zoneamento agroecológico. Manejo florestal. Indagações para um cenário sustentável.

4- e a última área de conhecimento seria temas pan amazônicos, relações transfronteiriças, manejo de bacias, clima e tudo que afeta não só o Brasil.

Para concretizar esses ambiciosos planos o projeto Amazônia em Transformação tem necessidade de vários parceiros como Goeldi, Embrapa, INPA, INPE, Universidades regionais, internacionais, empresas, fundações, ongs. É preciso financiamento público e privado. Nacional e internacional.

Vários pesquisadores já disponibilizaram seus acervos pessoais para o projeto Amazônia em Transformação, como por exemplo Adrian Cowell, Betty Mindlin, Mauro Leonel, Mary Allegretti, Paulo Nogueira Neto, Russel Mittermeier, Don Sawyer e Bertha Becker.

A estréia do Projeto Amazônia em Transformação como organizador de eventos será 30 de agosto, quando haverá na USP fórum sobre o manejo de recursos hídricos da Amazônia.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Novo jornalismo na Amazônia

Estamos em um novo mundo, um mundo falante, conforme apontou Manuel Carlos Chaparro , em palestra na Oboré, 12 de junho de 2010: “os protagonistas da atualidade agem pelo que dizem, nas várias formas de dizer e dizem pelo que fazem, nas várias formas de agir”. Essa nova fase do desenvolvimento comunicacional humano pode ser denominada de revolução das fontes.

Antes da globalização as notícias demoravam a chegar, hoje, os acontecimentos são noticiados simultaneamente, pelos próprios protagonistas dos eventos que filmam, fotografam e relatam o ocorrido e disponibilizam esse material on line para conhecimento de todos. Acabou o intervalo entre o acontecimento e a notícia. Assim, a notícia passa a ser a maneira mais eficaz de atuar no mundo de conflitos e contradições e o poder sobre as notícias não está mais com os jornalistas, mas sim com as próprias fontes. Aos jornalistas cabe o papel de facilitador do diálogo no espaço público da mídia, interpretando os conflitos discursivos dos diversos interessados.

No caso da Amazônia, por exemplo, pesquisadores já acompanham a evolução do desmatamento a cada dois dias. E afirmam ser possível zerar, até 2020, o desmatamento. Essa foi a proposta do IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e do e o WHRC – Woods Hole Research Center, na COP15, intitulada “O Fim do Desmatamento na Amazônia Brasileira”. A pesquisa revelou que devemos aproveitar a atual “janela de oportunidade” para salvar a floresta e, ainda, reduzir as emissões de carbono no Brasil.

O custo seria entre US$ 6,5 e US$ 18 bilhões para: apoiar os povos da floresta e os pequenos produtores da região em atividades de subsistência que demandem pouco desmatamento, identificar e recompensar os agricultores e criadores de gado responsáveis, melhorar a aplicação da legislação ambiental e, ainda, investir na gestão de áreas protegidas.

Os próprios IPAM e WHRC mantém sites de notícias. São ao mesmo tempo fontes e comunicadores. Aos jornalistas nesse contexto cabe a divulgação dessas notícias já disponibilizadas pela fonte, facilitando o entendimento pelo grande público.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.

15/06/2010

Artigos Repórter do Futuro

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Sustentabilidade deveria ser nova bandeira brasileira

Para surpresa de muitos, os países desenvolvidos não são os que mais exportam, nem os que mais importam. O crescimento tanto da demanda como da oferta, no comércio internacional, é decorrente dos países em desenvolvimento cuja população ao sair do limiar da pobreza absoluta passa a consumir.

Contudo, esse crescimento enfrenta condicionantes como a alta de preços dos alimentos, a crise energética, o aquecimento global e o estresse hídrico. Nesses três aspectos a importância da Amazônia é fundamental.

Mesmo sem inclusão de novas terras, a produção agrícola brasileira, se feita de maneira sustentável, garante produção de alimentos suficiente para o abastecimento da demanda atual e futura, por várias décadas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA realizou estudos em que ficou demonstrado que o manejo sustentável aumenta em 7 vezes a produtividade do solo.

As usinas hidrelétricas em construção na área do rio Xingu e do rio Madeira, bem como a extração de oleaginosas prometem mitigar a falta de energia sem sujar a matriz energetica brasileira que atualmente tem aproximadamente 50% de fontes renováveis (biomassa, etanol, hidreletricidade).

A capacidade de seqüestro de carbono da floresta em pé é um diferencial para o controle do aquecimento global. Além disso as presentes mudanças climáticas já demandam novas tecnologias para conseguir adaptar a produção agrícola a esse novo clima e no futuro essa demanda tende a crescer exponencialmente.

O estresse hídrico enfrentado por grande parte da população humana também pode ser enfrentado com a exportação direta ou indireta (via produtos agrícolas) dos recursos hídricos da região mais úmida do Brasil.

O diferencial da Embrapa em biotecnologia e em agricultura sustentável, já reconhecido mundialmente, deve ser explorado e incentivado de modo a consolidar o papel protagonista brasileiro.

O Brasil inicia o milênio reconhecido internacionalmente como potência emergente. Para garantir seus interesses precisa de uma política coordenada, em que todos os ministérios cooperem para superar a escassez de combustível, a ameaça de fome, o estresse hídrico e o desequilíbrio entre o ritmo de consumo de recursos naturais e a respectiva renovação.

A busca da sustentabilidade deve ser o objetivo de longo prazo de todas as políticas públicas. Pois o Brasil só tem a ganhar tanto em termos de país possuidor de recursos naturais como em termos de desenvolvedor e exportador de tecnologia limpa.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Precisamos de pragmatismo

O neoliberalismo e o pensamento politicamente correto travam o desenvolvimento e colocam em risco a soberania brasileira sobre a Amazônia.

Não faz sentido esperarmos que as leis do livre mercado levem infraestrutura para uma área de vazio demográfico.

Assim como é um disparate esperarmos que a população local, para preservar os recursos naturais, se sacrifique sob uma expectativa de vida de 36 anos, conforme ressaltou General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010.

Há que se atribuir valor economico para a floresta em pé para concorrer com as commodities. É só o investimento coordenado em pesquisa em ciencia e em tecnologia pode proporcionar isso.

O reconhecimento das situações reais de vida na região frente à enorme potencialidade de recursos deve ser sopesada com a multiplicidade de interesses sobre aquela região, inclusive de estrangeiros. O idealismo pode ser uma arma inimiga.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Violência agrária aumenta na Amazônia

A política agrária implementada pela ditadura militar de levar homens sem terra para terras sem homem tem como consequência atual violência agrária e falta de infra-estrutura.

Artur Zimerrman, citado por Guilherme Leite da Silva Dias , em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010, documenta por gráficos que a maioria dos municípios com violência agrária está na fronteira da Amazônia.

Nessas áreas, como ressalta Bertha K. Becker, em Amazônia, Geopolítica na virada do III milênio, o povoamento é consolidado. A região não é mais uma fronteira, assim, a produção deve predominar sobre a conservação.

O desenvolvimento da produção sustentável deve ser incentivado de modo a dinamizar a economia regional e dessa maneira não só fixar a mão de obra local, impedindo que outras áreas sejam degradadas como também conter o nível de violência.

A regularização fundiária, levada a cabo pela MP 458/2009. retomou o modelo da Lei de Terras de 1850. Relatório da época da Independência concluía que todas as terras aproveitáveis estavam tomadas num país com um vazio demográfico ímpar.

O modelo mão de obra migrante, direito do Estado sobre as terras públicas e tributação para cobrir o déficit fiscal tem sido implementado diversas vezes na história. Mas a inaplicabilidade das diversas leis fundiárias, seguidas por repetidas normas de regularização da ocupação, demonstra a incapacidade do governo de implementar medidas contrárias aos interesses dos proprietários.

A ocupação da região amazônica deveria ter sido feita de maneira planejada. Mas dada a atual situação, segundo Guilherme Dias, o ideal seria acabar com o reconhecimento de posse na região.

Utopia, frente à constituição que confere maior representatividade aos eleitores da região norte: o voto de 1 cidadão de Roraima corresponde ao voto de 13,4 cidadãos paulistas, dados do Almanaque Abril 2010.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Agricultura sustentável

Guilherme Dias, no mesmo evento, demonstrou que o método tradicional de agricultura implementado desde o período colonial: desmatamento, manejo com queimadas e produção extensiva tem como consequência solos exauridos entre 10 e 20 anos. Esse modelo se justificava numa época em que os recursos naturais eram tidos como ilimitados. Atualmente essa improdutividade é irracional e precisa ser substituída por formas mais sustentáveis.

A melhor solução pesquisada pela EMBRAPA é a rotação entre lavoura e pastagem, feita de modo sustentável: com correção de solo, com uso de adubos constantemente, com troca de raizes num ciclo de cinco a oito anos e com constante monitoramento. A agricultura sustentável demanda monitoração avançada de diversas especialidades como: água, lençol freático, erosão, química do solo, temperatura. O diagnóstico de sustentabilidade é altamente complexo. Mas esse sistema produz 7 vezes mais que o método tradicional e não esgota o solo, Segundo Guilherme Dias.

Dessa forma, não precisamos de mais terras, só o manejo sustentável já aumentaria a produtividade. O suficiente para alimentar a demanda dos próximos 50 anos. Mas esse modelo é muito mais complexo que os modelos industriais, de monocultura, implementados entre o Rio de Janeiro e Campinas. Assim, a demanda por mão de obra qualificada é muito maior. O nível educacional de um agricultor seria comparável ao do homem da cidade.

Além disso, a agricultura sustentável precisa de muito capital e de muita tecnologia. Segundo, Guilherme Dias, o custo estimado é entre 15 e 20 mil reais por hectare. Ao passo que o método tradicional costuma custar entre 4 e 7 mil reais por hectare. Por essas razões, se o método sustentável fosse implementado hoje em larga escala, haveria mais uma onda de êxodo rural. As pessoas desqualificadas e sem capital seriam expulsas para a cidade. Para prevenir esse problema, o Brasil precisa qualificar a mão de obra agrícola nos próximos 20 ou 30 anos.

Nesse contexto de problemas complexos e interdisciplinares, a coordenação entre a política levada a cabo pelo diversos órgãos do governo é fundamental. Os ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e da Tecnologia, da Agricultura, do Planejamento precisam cooperar para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Políticas antagônicas, além de contraproducentes, revelam falta de estratégia de longo prazo, o que pode levar o país ao ostracismo.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Geopolítica amazônica

A Amazônia é um território ainda desconhecido, não integrado ao resto do Brasil, e como o território é um dos elementos constituintes da nação, junto com população e com governo soberano, a conformação da nação brasileira está incompleta, segundo o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, que afirmou em conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, em 8 de maio de 2010, que a Amazônia tem 23 trilhões de dólares em recursos naturais: 18 trilhões de recursos minerais e 8 trilhões em biodiversidade. Esses valores corresponem a 1/3 do PIB mundial.

Além disso a extensão territorial é tão grande que a India, com 1 bilhão de habitantes, caberia na Amazônia. Toda a Europa ocidental também serviria com folga. Os recentes 15.000km2. de desmatamento por ano correspondem à metade da Bélgica. Essa grandeza é a responsável pelo sentimento de Brasil continental. Sem a Amazônia o Brasil teria território semelhante ao da Argentina.

A posição estratégica, no centro da América do Sul, garante à Amazônia papel fundamental para integração sulamericana. Se do ponto de vista político o Mercossul é o cerne da integração sulamericana do ponto de vista geográfico a Amazônia é o seu centro de gravidade, comparou o general.

Suas riquezas podem ser resposta para os problemas da humanidade. Pode fornecer ao mundo alimentos, água, energia limpa, biodiversidade e sequestro de carbono para mitigar as mudanças climáticas. Um exemplo da importância geopolítica da região é o aquífero de Alter do Chão, divulgado este mês como maior que o Aquífero Guarani.

No sul do Brasil, o aquífero está debaixo de rocha. Na Amazônia o terreno é arenoso. Alem da areia servir de filtro natural ela diminui os custos de exploração do aquífero, uma vez que perfurar rochas seria muito mais caro. Num planeta ameaçado pelo aquecimento global e pela falta de recursos hídricos, o aquifero Alter do Chão é uma reserva estratégica.

O governo por meio da administração direta ou por meio de agências e de parcerias é o agente principal para o planejamento estratégico e para promoção do desenvolvimento regional. A estratégia tem de ser pensada a longo prazo, norteada pelos interesses geopolíticos do Brasil e de forma pragmática.

Orlando Villas Boas, também citado pelo general, já na década de 1970, alertava para o risco dos índios estarem se capacitando nos Estados Unidos, pois voltariam como líderes, falando inglês, muito mais americanos que brasileiros. Se esses líderes pedirem terra independente do Brasil e da Venezuela, os americanos e a ONU apoiariam e estaria instaurada uma disputa de fronteira internacional. Conhecer a Amazônia e implementar o desenvolvimento dessa região é a única forma de afirmar a soberania brasileira naquela região.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Meio ambiente, biodiversidade e biocombustíveis na Amazônia
Depois do futebol, a bioenergia é o diferencial brasileiro

O Brasil é o país mais verde do mundo, é o que mais usa biomassa, segundo Marcos Silveira Buckeridge , do Depto. de Botânica do Instituto de Biociências da USP. O etanol é o principal produto a tornar o Brasil liderança nessa área, mas não é o único. As possibilidades a serem exploradas via ciência e tecnologia são várias. Existe, por isso, uma “einstenlândia” montada para o desenvolvimento da pesquisa nessa área.

O Centro de Tecnologia Canavieira CTC é um dos exemplos , junto com o Programa de Bioenergia BIOEN da FAPESP, o Laboratório de Fisiologia Ecológica LAFIECO,o laboratório de mudanças climáticas e o Institudo de Ciencia e Tecnologia do Bioetanol CTBE. Com laboratórios modernos e equipados esses centros de pesquisas desenvolvem produtos novos e melhoram a qualidade dos atualmente utilizados.


http://msbuckeridge.wordpress.com/about/

Só usando a cana-de-açúcar como fonte energética, além do 1/3 de energia que hoje é produzído via alcool, ainda restam 2/3 de possibilidade para aumentar a produção, explorando o bagaço e a palha. Contudo, barreiras técnicas têm de ser superadas, principalmente com relação à celulose do bagaço. As equipes de pesquisadores se dividem, então, para pesquisar: variedades de plantas, carga genética, fungos, enzimas e processos catalizadores.

Com relação à planta, buscam-se, na equipe de Buckeridge, variedades de cana que sejam mais maleáveis, cuja parede celulósica não seja tão estruturada, para facilitar a hidrólise e a extração da energia. Geneticamente o sequenciamento da cana tem sido feito por um consórcio mundial do qual o Brasil é líder. Inserir gene de fruto pode gerar a “cana-papaia”, planta que se auto destrói, como os frutos, para liberar as sementes. Fungos e outros microorganismos que atacam a celulose para produzir açúcar, também têm sido pesquisados E têm sido buscadas enzimas. Em Riberao Preto já existe enzima sintética transgênica que aumenta a produtividade da hidrólise.

O objetivo principal de toda essa pesquisa é evoluir da primeira geração de biocombustíveis (cana-etanol) para a segunda geração que usa bioquímica e termoquímica para aproveitar açúcares como xylose, arabinose e glucose que as enzimas naturais não digerem e que em condições normais de temperatura e pressão são muito estruturados para que se possa extrair deles energia.

Durante o desenvolvimento dessa pesquisa, ocorrem externalidades positivas, como a descoberta de uma fibra solúvel que passou a ser utilizada pela indústria alimentícia e um composto anti-diabético que vem sendo estudado pelas farmacêuticas. Dessa forma, o investimento em pesquisa e tecnologia de ponta tem uma grande capacidade de produzir produtos e serviços derivados que podem vir a ser explorados economicamente de forma independente, gerando não só recursos para os centros de pesquisa e para os pesquisadores, como também desenvolvimento sustentável para o Brasil.

O esforço tem de ser transdiciplinar, com muitos cientistas de muitas áreas para desenvolver soluções para os problemas da sociedade. O Brasil, como país mais verde do mundo, investindo cada vez mais em pesquisa e tecnologia limpa, tem a oportunidade não só de se desenvolver como também de gerar benefícios para a humanidade como um todo, como a mitigação dos efeitos do aquecimento global.

Entenda mais sobre o assunto:

Viver Sustentável - Programa 10: Biocombustíveis - Biodiesel from Viver Sustentável on Vimeo.





Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


As Amazônias

Professor Ariovaldo Umbelino , em palestra do dia 22 de maio de 2010, citou Orlando Valverde que afirmava existirem várias amazônias dadas as muitas difereças e complexidades. São 7 milhoes km2. 1/20 da superfície da terra. 1/5 da superfície da América do sul. Maior banco genético do planeta em biodiversidade. Maior concentração de água doce no planeta.

Há 20 anos a população indígena recomeçou a crescer. Recuperam a identidade e participam da luta de demarcação das suas terras. Para esses povos indígenas o território dos países não tem significado algum. Não existem 2 países fronteiriços como a Bolívia e o Brasil. Apenas uma terra indígena. Há, então, um processo de disputa pelo território brasileiro. O que menos se cartografa de modo evidente são as terras indígenas. Mapas municipais são uma forma de esconder a volúpia dos não indios de ocupar as terras indígenas, que nesses mapas aparecem como zona rural do município.

A legislação brasileira separa direito do solo do direito do subsolo. Subsolo é da União. E o Minstério da Minas e Energia tem o direito para conceder concessão para lavra. Quem tem direito da propriedade do solo não tem direito ao respectivo subsolo. Além disso, no Brasil, a terra tem que cumprir função social: ser produtiva, respeitar legislação ambiental, respeitar legislação trabalhista e não cultivar drogas. Assim, a propriedade da terra é relativa. Se o proprietário não cumprir a regulamentação tem de ser desapropriado.

A Amazonia é a maior província mineralógica do mundo. A energia que hoje é gerada na região é para a Vale do Rio Doce e para as outras mineradoras extrairem alumínio e exportarem. Mais de 90% do custo do alumínio é de energia. Por isso a construção de hidrelétricas gera tanta oposição, como as posições do Movimento dos Atingidos por Barragens.

Outro problema muito grave é que junto com a exploração da madeira e com os catadores de raízes de soja há o trabalho escravo, que tinha diminuido na década de 90 mas agora durante o governo Lula tornou a crescer.

A Amazônia é a região de menor presença dos movimentos sociais. Porém é onde está a maior parte de conflitos de terras. A ocupação se deu de forma desordenada e atualmente existem mais de um proprietario sobre a mesma terra, um verdadeiro beliche fundiário usado para se conseguir crédito. As diversas escrituras sobre o mesmo terreno permitem hipotecar o imóvel. Assim, há imóveis dados em garantida para diversas transações simultaneamente, usando número de registro diferente. Isso justifica o fato de, em Luciara, município mato-grossense, 70% dos proprietários nunca estiveram lá.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Arqueologia na Amazônia

Eduardo Goes Neves , em palestra do dia 22 de maio de 2010, ressaltou que que a floresta amazônica não é só mata, pessoas vivem na Amazônia há 14 mil anos e alteraram a paisagem (natureza com intervenção humana) claro que em menor escala que a antropização que se dá hoje. A Amazônia antiga, elucidada pelo arqueólogo, demonstra a história pré colonial do Brasil.

O importante é afastar os critérios preservacionistas e substituí-los por paradigmas desenvolvimentistas. Mesmo porque a biodiversidade hoje existernte na Amazônia também decorre da habitação de pessoas naquele terrritório há séculos. Terra preta por exemplo onde se encontram vários sitios arqueológicos é uma terra produzida pela ação humana.

Urbanóides, que vivem só nas cidades, ficam mais tranquilos de saber que há reserva, debocha o arqueólogo. Mas o modo de vida das populações locais das unidades de conservação são muito benéficas e pouco impactantes. Precisamos incorporar essa geração humana à sociedade brasileira, conferindo-lhe cidadania. Não se pode penalizar o seringueiro cujo meio de vida é muito pouco impactante com a proibição de desenvolvimento pessoal e familiar.

Além desses problemas estruturais, há dificuldades mais concretas, um dos maiores desafios da arqueologia no Brasil é formar porfissionais e outro entrave é a necessidade melhorar a forma de documentar as pesquisas, porque isso permite aos estudiosos do futuro refazer o mesmo projeto e avançar sem precisar refazer todo o trabalho já feito.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


AmazonIEA aguarda parcerias

Maritta Koch-Wesser , coordenadora geral do projeto Amazônia em Transformação, forneceu, 29 de maio de 2010, detalhes sobre esse projeto do Instituto de Estudos Avançados da USP que envolve a digitalização de inúmeros documentos de renomados pesquisadores da Amazônia.

A pesquisadora ressaltou que devemos nos preocupar com as seguintes perguntas:
Qual é a visão de longo prazo para a Amazônia, para 2050 por exemplo? Como deve ser estruturada e explorada essa região enorme levando em conta cada especificidade subregional? Como contribuir com uma redução do aqueciemnto climático global? Como fazer uso dos recursos REDD para pagamento de serviços ambientais? Como desenvolver um Mercado Verde competitivo com a soja, com a pecuária? Como elaborar estrategias de desenvolvimento humano em ações com escala, pé no chão, valorizando os recursos naturais como meio de despertar o interesse do mercado? Como aproveitar melhor os recursos hídricos? Como implementar a infraestrutura de transportes e de geração de energia?

Para encontrarmos as respostas a esses problemas é essencial o aprendizado com os erros e acertos do passado recente, afinal a ocupação da Amazônia se intensificou somenta a partir da década de 60.

É nesse ponto que torna-se fundamental o projeto Amazônia em Transformação cujos objetivos são basicamente quatro.

1. O primeiro é salvar a memória dos processos de transformação da Amazonia e resgatar a memória histórica ameaçada. Para tanto é preciso identificação e mapeamento dos acervos multimídia não publicados e dos muitos documentos raros e ou ameaçados. A digitalização desses documentos deve ser feita em diversas cidades e compartilhadas em uma plataforma de Internet comum. Devem ser feitas entrevistas com testemunhas da época para captar a filosofia, entender por que alguém determinou a construção da Transamazônica, por exemplo. Por meio desse resgate da memória o projeto busca viabilizar um futuro enraizado na aprendizagem sistemática.

2. O segundo objetivo é disponibilizar acesso a informação sobre a Amazonia com diferenciação sub- regional e criar site acadêmico, na intranet da USP, para dar acesso a essas informações para o grande público, inclusive de fora das universidades. A idéia é criar um “Google Amazon” (geográfico-temático, acadêmico) para identificar que projetos aconteceram lá, quais empresas de engenharia já fizeram trabalho lá etc. O objetivo também é incentivar a informação botton up, ou seja, a alimentação de plataformas interativas já existentes na Internet como a Wikipédia

3. O terceiro objetivo é fazer do Instituto de Estudos avançados da USP um referencial de conhecimento sobre a Amazônia constemporânea. O IEA seria o Amazon Think Tank. Seria o receptor do acervo físico da documentação. Seria o dono do site acadêmico para compartilhamento das informações. E realizaria estudos avançados sobre a Amazônia disponibilizando, inclusive, uma pós graduação específica sobre Amazônia.

4. O quarto objetivo é promover a pesquisa e difusão do conhecimento sobre a Amazônia, alimentando estratégias atuais, com inclusão de instituições públicas de ciencia, ONGs especializadas científicas (como por exemplo instituto socio ambiental) e outras

Para atacar essas quatro frentes de trabalho o projeto Amazônia em Transformação pretende articular quatro áreas de conhecimento:

1- a primeira seriam as estratégias socio economicas de ocupação e de desenvolvimento. Politicas indigenistas. População tadicional. Diversidade cultural. Sociedade civil. Democratização. Atores coletivos e novas arenas.

2- a segunda área de conhecimento seria a expansão de fronteiras e do setor privado. Mineração, petróleo e gás. Urbanização e industrialização. Hidroelétricas, infra estrutura e transportes.

3- a terceira área de conheciemento seria biodiversidade e ciencia. Zoneamento agro ecologico. Manejo florestal indagações para um cenario sustentável.

4- e a última área de conhecimento seria temas pan amazônicos, relações transfronteiriças, manejo de bacias, clima e tudo que afeta não só o Brasil.

Para concretizar esses ambiciosos planos o projeto Amazônia em Transformação tem necessidade de vários parceiros como Goeldi, Embrapa, INPA, INPE, Universidades regionais, internacionais, Empresas, fundações, ongs. É preciso financiamento publico e privado. Nacional e internacional.

Vários pesquisadores já disponibilizaram seus acervos pessoais para o projeto Amazônia em Transformação, como por exemplo Adrian Cowell, Betty Mindlin,Mauro leonel, Mary Allegretti, Paulo Nogueira Neto, Russel Mittermeier, Don Sawyer e Bertha Becker.

A estréia do Projeto Amazônia em Transformação como organizador de eventos será 30 de agosto, quando haverá na USP fórum sobre o manejo de recursos hídricos da Amazônia.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.


Novo jornalismo na Amazônia

Estamos em um novo mundo, um mundo falante, conforme apontou Manuel Carlos Chaparro , em palestra na Oboré, 12 de junho de 2010: “os protagonistas da atualidade agem pelo que dizem, nas várias formas de dizer e dizem pelo que fazem, nas várias formas de agir”. Essa nova fase do desenvolvimento comunicacional humano pode ser denominada de revolução das fontes.

Antes da globalização as notícias demoravam a chegar, hoje os acontecimentos são noticiados simultaneamente, pelos próprios protagonistas dos eventos que filmam, fotografam e relatam o ocorrido e disponibilizam esse material on line para conhecimento de todos. Acabou o intervalo entre o acontecimento e a notícia. Assim, a notícia passa a ser a maneira mais eficaz de atuar no mundo de conflitos e contradições e o poder sobre as notícias não está mais com os jornalistas, mas sim com as próprias fontes. Aos jornalistas cabe o papel de facilitador do diálogo no espaço público da mídia, interpretando os conflitos discursivos dos diversos interessados.

No caso da Amazônia, por exemplo, pesquisadores já acompanham a evolução do desmatamento a cada dois dias. E afirmam ser possível zerar, até 2020, o desmatamento. Essa foi a proposta do IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e do e o WHRC – Woods Hole Research Center, na COP15, intitulada “O Fim do Desmatamento na Amazônia Brasileira”. A pesquisa revelou que devemos aproveitar a atual “janela de oportunidade” para salvar a floresta e, ainda, reduzir as emissões de carbono no Brasil.

O custo seria entre US$ 6,5 e US$ 18 bilhões para: apoiar os povos da floresta e os pequenos produtores da região em atividades de subsistência que demandem pouco desmatamento, identificar e recompensar os agricultores e criadores de gado responsáveis, melhorar a aplicação da legislação ambiental e, ainda, investir na gestão de áreas protegidas.

Os próprios IPAM e WHRC mantém sites de notícias. São ao mesmo tempo fontes e comunicadores. Aos jornalistas nesse contexto cabe a divulgação dessas notícias já disponibilizadas pela fonte, facilitando o entendimento pelo grande público.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro, módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”.

11/06/2010

Entrevista no Estadão sobre o futuro do jornalismo

As teclas de Juan Luis Cebrián, fundador do 'El País'

Ele fez do jornal espanhol símbolo da luta contra o franquismo. Hoje, em novo livro, fala em salvar o jornalismo

17 de abril de 2010 | 16h 00

estadao.com.br/noticias/arteelazer,as-teclas-de-juan-luis-cebrian-fundador-do-el-pais,539361,0.htm

Jornalista e escritor espanhol lança livro de ensaios. Foto: Valéria Gonçalves/AE

LAURA GREENHALGH - SÃO PAULO - Não contem para minha mãe que sou jornalista. Prefiro que ela continue pensando que toco piano num bordel. Engraçado até que é, mas o ditado popular espanhol tem lá um quê de nostalgia, além de nos contar sobre o estado de espírito de uma das grandes grifes do jornalismo do século 20. Juan Luis Cebrián, fundador e primeiro diretor do El País, este que é um dos melhores e mais importantes diários do mundo, não hesita em apelar para o humor quando se trata de refletir sobre o futuro da imprensa na era digital. Combina tiradas irônicas com raciocínios minuciosos e previsões realistas, valendo-se da longa experiência vivida em redações. "Isso aqui? Diga adiós...", brada, esgrimindo no ar um exemplar do jornal que se transformou no símbolo da transição democrática espanhola e na pá de cal do franquismo. "Teremos que dizer adiós para este El País."

Mesmo golpeando a entrevistadora na alma, Cebrián avança com seu arsenal de argumentos para explicar por que teremos de aceitar que jornais impressos, tal como os conhecemos hoje, são típicos produtos da Revolução Industrial e, queiramos ou não, já fomos transferidos para um outro tempo pela Revolução Digital. Esta conversa de altas emoções aconteceu há uma semana, em São Paulo, por onde Cebrián passou para lançar o livro O Pianista no Bordel (ed. Objetiva), conjunto de dez reflexões sobre jornalismo, democracia e solavancos tecnológicos. Antes, o autor esteve em Brasília para entrevistar o presidente Lula, justamente por encomenda do jornal que ajudou a criar em 1976.

"Não estou afirmando que o El País vai morrer. Ele está na rede, com uma clientela global em torno de 17 milhões de internautas, e no papel tenderá a ser mais seletivo e analítico", tranquiliza a torcida. Em O Pianista no Bordel, Cebrián cultiva o gosto pelo ensaísmo, admitindo ser um gênero que casa bem com seu momento de vida. É que hoje o escritor de romances premiados como La Rusa e La Isla del Viento não anda com tempo para a ficção. Depois de ter comandado o jornal espanhol por 12 anos e de fazer escalada em cargos executivos, chegou a CEO do Grupo Prisa, um gigante europeu de mídia, do qual faz parte o El País. Continua no board do grupo, mas também tem assento no conselho deliberativo do jornal francês Le Monde, hoje com parte das ações comprada pelos espanhóis. É muita agitação para um ficcionista carente de sossego.

Ao repassar neste livro momentos de sua trajetória no jornalismo, Cebrián vai recuperando personagens e momentos históricos de seu país, ao mesmo tempo em que confessa pequenas, porém insuperáveis alegrias. Como a de não mandar mais para o Ministério do Interior aqueles dez exemplares que a censura franquista exigia ter em primeira mão, todo santo dia, antes que se iniciasse a distribuição do jornal. Um belo dia resolveu não mais despachar os exemplares. Então um burocrata no ministério ligou para a redação, contentou-se com explicações protocolares e ali se teve a prova de que o regime estava de fato combalido.

Uma das reflexões mais instigantes que faz poderá ser confundida com a defesa do jornalismo como gênero literário. E é mesmo, escancaradamente. Tanto que fecha o livro com um capítulo cujo título é Escritores de Jornal, em que insiste ser impossível imaginar a obra de grandes nomes da literatura como Hemingway, Camus e García Márquez sem levar em conta que todos tiveram passagens como redatores, editorialistas ou correspondentes. "Quanto a Vargas Llosa, já repeti muitas vezes a anedota de que, lá por volta do ano de 1964, ele se levantou de sua cadeira de redator da Agence France-Press, situada num velho edifício parisiense no número 13 da Place de la Bourse, para que eu assentasse ali o meu traseiro", escreve Cebrián, que se tornaria chefe de redação ainda muito jovem. E cheio de rigores formais no trato com o jornalismo, comentam os que com ele trabalharam.

Histórias a perder de vista temperam as páginas de O Pianista no Bordel, ao mesmo tempo em que demonstram o esforço extremo de um homem de imprensa que em breve completará 66 anos, ainda apaixonado pelo cheiro da tinta e do papel, mas compelido a adaptar-se às tecnologias que rendem milhões e milhões de páginas eletrônicas, nas quais nós jamais sujaremos os dedos. Cebrián parece preparado para tudo, inclusive receber romances pelo celular, o que certamente abalará os membros da Real Academia Espanhola, da qual faz parte. Mas não abre mão do capital humano. Acredita que enquanto houver jornalistas, produtores, escritores, roteiristas, enfim, enquanto houver criadores com paixão suficiente para traduzir nossos desejos e estados de espírito, então estaremos salvos. E o jornalismo sobreviverá no exercício cotidiano da liberdade.

Parte da sua carreira na imprensa se deu como jornalista combativo e influente. Outra parte como executivo de um grande grupo de comunicação. Ao refletir sobre os impasses da imprensa hoje, quem fala mais alto - o jornalista ou o executivo?

Eu me tornei um executivo com o passar do tempo, e fui me envolvendo com as questões do grupo, mas a verdade é que sou um executivo de uma empresa de comunicação, não de um banco ou de uma empresa de engenharia. Ao menos no meu caso, o executivo não modificou o jornalista. Fora isso, um executivo também precisa de tempo para pensar, daí o fato de eu ter aceitado o convite do meu editor para escrever estes ensaios sobre jornalismo, aproveitando reflexões feitas em conferências, mas gerando novas também. Escrevi e organizei o livro em três meses no ano passado, antes que começasse o verão europeu. Confesso que hoje estou sem tempo e sem a necessária solidão para fazer ficção. Mas a disposição para o ensaísmo continua. Escrevo sempre que posso, quando estou em aviões, quando volto para casa, enfim, faço uso de muitos truques para continuar com meus artigos e ensaios.

No livro, você retrata a passagem da censura institucional para a liberdade de imprensa na Espanha. Mas dá a entender que houve um período meio regressivo no governo José Maria Aznar (1996/2004). Afinal, a transição espanhola está encerrada?

Em termos políticos, temos uma democracia estabilizada. Isso se faz com a chegada ao poder de Felipe González, um socialista, e se confirma na vitória seguinte da direita, com Aznar, vitória pelo voto, e não pelo golpe. Depois, voltamos ao socialismo com Zapatero, mais uma prova de que tudo funciona bem. Mas a liberdade é sempre um bem escasso. E a democracia, ameaçada até pelos sistemas que a defendem. Portanto, não poderemos dizer que conseguimos um sistema de liberdade plena, e que está tudo feito, quando sempre há tudo por fazer. Em outro livro, desenvolvo melhor a ideia de que a democracia não é uma ideologia, mas um método. Há uma tendência nos países latinos, sobretudo nos setores de esquerda, a defini-la de modo ideológico. Disputas entre governantes, parlamentos, juízes, partidos e meios de comunicação também podem parecer regressivas, mas fazem parte dos aspectos formais da democracia. Aznar foi regressão? Pode ter sido sob vários aspectos, mas ele teve participação na alternância de poder, o que é algo importante.

Mas a relação do 'El País' com Aznar não era serena.

Verdade. E natural, até, Já escutei em debates que as transições democráticas na América Latina foram difíceis porque os países não contaram com um jornal como El País, que se transformou, ele próprio, no emblema de um processo político. Ouvi muito jornalista latino-americano se queixando disso. Bobagem. A verdade é que os meios de comunicação tendem a ter, sempre, uma relação conflituosa com o poder. Porque fazem parte dele. A ideia de que o jornalismo é o "quarto poder" me parece absurda. Nós, jornalistas, pertencemos ao establishment desde que se fundou o jornalismo moderno. E os meios de comunicação compõem a institucionalidade de democracia representativa. Somos parte dessa estrutura, para o bem e para o mal. O que está mudando é o exercício do poder. Hoje há pressões para que se adote a democracia direta, feita de consultas, plebiscitos, enquetes online, e tudo isso é muito complicado.

Por quê?

Porque no fundo a internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro aguarda os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Do início ao fim da última campanha presidencial americana, circularam pela web algo como 180 milhões de vídeos sobre os candidatos Obama e McCain, mas apenas 20 milhões haviam saído dos partidos Democrata e Republicano. As próprias organizações políticas foram ultrapassadas pela movimentação dos cidadãos. Como ordenar tudo isso? Não sei. Ao mesmo tempo, estamos assistindo a um processo de radicalização das ideias políticas, que afeta o jornalismo. O que dizer do alinhamento da Fox com os republicanos para fazer oposição a Obama? O envolvimento da imprensa com a política é um fenômeno antigo. O que é novo é a instantaneidade, a globalidade e a capacidade de transmissão de dados que, por si só, configura um poder fabuloso.

Há diferença entre estar mais informado e estar bem informado?

Vejamos, nossos leitores, hoje, são melhores que os do passado. Faço essa observação me guiando pelo processo histórico da humanidade, que se beneficiou do progresso em diferentes setores. Mas considere que hoje existem 2 bilhões de internautas no mundo, ou seja, um terço da população planetária já tem acesso à rede. Há 200 milhões de páginas web à escolha do navegante. Na rede, você diz o que quer, quando quiser e a quem ouvir, portanto, o acesso à informação aumentou de forma espetacular. Isso é fato. Só que, paradoxalmente, vamos de encontro a um modelo de concentração: 90% das buscas estão no Google, 80% dos navegadores de internet são propriedade da Microsoft e 90% dos vídeos postados moram no YouTube.


Estudiosos se perguntam se o jornalismo online vai preservar os valores do jornalismo da era moderna, num tempo em que reputações estão sujeitas a virar pó instantaneamente, num blog qualquer.

Posso lhe dizer que sou uma vítima da difamação online. Na Espanha, a rede está ocupada pela extrema direita, que é sempre muito cáustica. Os chamados confidenciales, pretensamente noticiosos, são blogs que mentem, caluniam, sabotam, sem qualquer apuração. Esse fenômeno é típico de um mundo sem hierarquias, como o da internet. E nós, acostumados ao mundo piramidal, com instituições fortes, o Estado, a Igreja, os partidos, enfim, com ordem estabelecida, agora temos que nos achar nessa imensa rede onde todos mandam e ninguém obedece. A sociedade democrática se move pela norma, que nos conduz à lei. No mundo virtual, a norma não conduz à lei, mas ao software. Ou seja, quem tem software controla a norma. Isso já se nota no "governo do Google", que não respeita praticamente nenhuma das legislações internacionais sobre propriedade intelectual, direitos de privacidade, nada disso o afeta.

Esta pergunta já virou um mantra, mas é preciso fazê-la: qual será o futuro dos jornais impressos, na sua opinião?

Os jornais, tal como os conhecemos, se acabaram. Adiós... (diz em tom teatral, balançando no ar um exemplar do ‘El País’). Não significa dizer que deixarão de existir. Esse adiós resulta tão somente da constatação de que os impressos pertencem à sociedade industrial, e não estamos mais nela. Entramos na sociedade digital. No ano passado, cerca de 600 jornais fecharam as portas nos EUA, alguns deles com muita tradição. Há cidades americanas que simplesmente ficaram sem o seu jornal local, o que chega a ser traumático. Em geral, jornais nascem defendendo bandeiras políticas e, ao se manterem à custa das receitas publicitárias, preservam sua independência. Como esse modelo ficará? Embora a edição digital do El País venha crescendo bastante, eu não posso lhe dizer que se trata só de uma bem-sucedida transposição do impresso para o online, porque não é verdade. São veículos diferentes. Gastamos horas e horas de discussão para saber se devemos ou não cobrar por nossos conteúdos na internet ou oferecê-los de graça. A esta altura do jogo, me parece uma pergunta sem sentido. O que nos cabe perguntar é que tipo de jornalismo queremos ter na rede. Não está claro.

Seria possível uma investigação jornalística na internet como a de Watergate?

Por que não? O caso de Monica Lewinsky apareceu na internet e quase derrubou um presidente. Há investigações importantes em curso na web. Como há novas maneiras de informar. Hoje, as melhores imagens que tenho visto, do ponto de vista jornalístico, estão saindo dos celulares de amadores, e não das máquinas dos fotógrafos profissionais. Há um terremoto no Chile e as primeiras imagens que recebemos vêm de cidadãos anônimos. E o que dizer de reportagens feitas por leitores? Extrapolando esse raciocínio, um jornal de 300 mil leitores tem potencialmente 300 mil redatores. Quem sabe, se soubermos lidar bem com esta situação, poderemos garantir a sobrevivência dos nossos diários...

Se a informação pode ser captada e distribuída por qualquer pessoa, o jornalista torna-se um tipo descartável. É isso?

Ao contrário, teremos de investir em capital humano na rede se quisermos fazer diferença: ter bons jornalistas, gente com preparo para enfrentar operações globais. Mas é preciso mudar nossa forma de pensar. Nós continuamos a fazer jornais como se fôssemos o centro do mundo. Obama ganhou as eleições porque teve dois ou três editoriais favoráveis no New York Times ou porque contou com uma avassaladora campanha na internet? Creio que já me livrei da dúvida de se a internet é uma ameaça ou uma oportunidade. Estou convicto de que é uma oportunidade. Mas tenho uma visão europeia, de quem vem enfrentando muitos problemas e precisa reagir. Os jornais brasileiros vão indo bem. Também há dados apontando que na Índia e no Japão os jornais estão crescendo, ou seja, ainda não chegamos ao fim do mundo (ri). Enquanto isso, vamos nos acostumando à ideia de que os impressos são vistos como produtos que podem levar a danos ecológicos. Se todos os indivíduos no mundo tiverem acesso a jornais e livros nos patamares dos países desenvolvidos, as florestas da Amazônia somem em dez anos. Eis aí um aspecto positivo da sociedade digital.

Em seu livro, você ressalta que jornais tradicionais foram marcas que resistiram ao passar do tempo, preservando anseios e valores até civilizatórios.

São marcas fortes, que resistiram a muita coisa. Mas, do que se fala hoje? De Google, Microsoft, Yahoo, Facebook, Twitter, marcas que nunca existiram no campo analógico. Elas nem precisaram de campanha publicitária de lançamento, ou seja, nunca vi um cartaz dizendo "compre Google". Entramos nele porque as portas estavam abertas. E há um aspecto desconcertante a considerar: nenhuma dessas marcas nasce de um processo convencional, tendo uma estrutura por trás. Todas foram boladas por estudantes em quartos, sótãos e garagens das casas paternas, ou em dormitórios de universidades. Todas. Isso já reflete uma mudança cultural impressionante.

Idiomas socializam, portam legados históricos, firmam identidades culturais. Como eles sobreviverão no mundo online, onde já reina uma língua web, esquisita, mas compreensível em escala global?

Se pensarmos em termos de culturas dominantes e dominadas, vamos ter de admitir que a da web não foi imposta pelo poder das armas, mas pela tecnologia. E está afetando o uso do idioma. Por outro lado, adotar todos esses neologismos, clic, blog, chat, post, bit, web, internauta e por aí vai, dá a sensação de pertencer ao ciberespaço. Também é importante. Ainda assim, creio que os espaços linguísticos, tal como os entendemos, podem ganhar relevância. Fez muito bem o Brasil em estabelecer um acordo ortográfico que unifica a língua, pois se há 190 milhões de brasileiros, há outros tantos milhões de falantes do português em lugares como Angola, Moçambique, Macau ou Portugal mesmo, totalizando um mercado linguístico imenso. Vejo como uma boa oportunidade o Brasil globalizar suas publicações não só para o mundo que fala português, mas estendendo também ao mundo que fala espanhol. Se temos alguma dificuldade para entender o que vocês falam, não temos para ler o que vocês escrevem. E há uma cultura em comum. Sempre digo que Portugal não se separou da Espanha, somente da Galícia. E fez bem (ri).

08/06/2010

RESUMO DO LIVRO: UM OLHAR SOBRE ÉTICA E CIDADANIA

RESUMO DO LIVRO: UM OLHAR SOBRE ÉTICA E CIDADANIA
DE CARLA RODRIGUES

Referência: RODRIGUES, Carla. Um olhar sobre a ética e cidadania. São Paulo: Moderna, 2002. 72 p. ISBN 851601147X

ÉTICA E CIDADANIA
A BUSCA HMANA POR VALORES SOLIDÁRIOS
RICARDO QUADROS GOUVÊA

Revolução conunicacional-cibernética, liberação das energias atõmicas, início das explorações espaciais, desgaste do meio ambiente tornou a humanidade capacitada para executar sua própria extinção, fez dela consiente de si mesma enquanto espécie sincular, e da fragilidade do planeta. A sociedade tecnológica pode ser autodestrutiva. A ciência não possui respostas para os problemas éticos e sociais que cria. É preciso empenho multidiscipliar em busca de valores sociais universais indispensáveis para o futuro da espécie humana e para o bem-estar. A esse empenho dá-se o nome de ética e cidadania. O objetvo maior da disciplina ética e cidadania é o de auxiliar os alunos a se tornarem cidadãos conscientes de que em cada atitude tomada e em cada discurso proferido, cada um de nós ajuda a definir o futuro de nosso ambiente sociocultural, de nossa cidade, de nosso país e de toda a humanidade. A plena consciencia da cidadania, tanto no que se refere aos direitos como no que se refere aos deveres, por todos os indivíduos é absolutamente necessaria para a construção de um país democrático.
ÉTICA X MORAL
MORAL referência aos costumes e opiniões sobre conduta individual e relacionamentos interpessoais aceitos por um determinado grupo social, etnico e religioso. Moral é uma questão de geografia e de história pode variar muito de acordo com o grupo social e com o tempo. Se desobedeço os preceitos morais e não sigo os padrões de conduta, vivo na IMORALIDADE. Se os preceitos e padrões do grupo social a que pertenço tornam-se irrelevantes para mim, então posso ser chamado de AMORAL. Se confundo a moral de minha cultura ou de meu grupo social com a ética, torno-me um MORALISTA. O moralismo é a absolutização e universalização de minha própria mora..
ÉTICA reflexão humana sobre o tema, teórica, racional e sistemática, uma reflexão que sem desrespeitar, ignora por princípio e por definição todas as relatividades inerentes à moral. A ética é filha da cultura dos antigos helenos. Com Sócrates e os sofistas a filosofia grega virou-se para o ser humano entendido agora como medida de todas as coisas (Protágoras). O fundamental não rea mais conhecer o mundo, mas antes conhecre-se a si mesmo (Sócrates).
PLATÃO é o pai da ética. Platão desenvolveu uma teoria racional sobre a constituição da alma humana que julgava ser eterna, estabelecendo a supremacia e autonomia da razão sobre as emoções e os impulsos ou a vontade. Platão tornou evidente a centralidade da ética na filosofia e a necessidade de pensar racionalemnte as questôes éticas e sociopolíticas bem como a dificuldade de fazê-lo.
ARISTÓTELES, em Ética e Nicômaco, sugere ser a virtude, entendida como perfeição da condição humana, a base de toda reflexão ética racional. Viver eticamente é buscar a atualização de todas as potências do ser humano. O desenvolvimento intelectual, o estudo, o conhecimento de si e do mundo é o que Aristóteles considera primordial. O comportaemento eticamente adequado e feliz é fruto, portanto, do aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, e as principais virtudes advindas desse desenvolvimento são a justiça (que inclui honestidade e retidão nos julgamentos), a prudência (que inclui paciência, mansidão e cautela), a coragem (que inclui ousadia, a disposição ou prontidão, a perseverança e a resistência) e a moderação (a virtute está no equilíblio) essa útlima acaba sendo a virturde suprema uma vez que as outras virtudes são pontos de equidistância intermediários entre os vícios, isto é, sentimentos, estados-se-espírito ou atitudes que se opõem às virtudes.
TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ a novidade é entender os mandamentos como universalmente válidos, independentemente das convicções religiosas dos indivíduos, o que estabelece uma diferença crucial entre normas meramente religiosas presente em toda e qualquer religião e os mandamentos da tradição judaico-cristã que estabelecem valores sociais universais. Eros amor que faz buscar algo em benefício do que ama, por mais nobre que seja esse desejo (busca pelo conheciemento, por inspiração). Agape não é um desejo nem uma busca mas um sacrifício um doar-se sem esperar nada em troca.
COSMOVISÃO CALVINISTA engloba todas as áreas da vida humana e todos os diverentes comparitmentos da reflexão teórica. A ética calvinista do trabalho e o desenvolvimento do pensamento sociopolítico calvinista. A ética social calvinista se fundamenta em 3 pilares: vocação, honestidade e economia ou poupança. A cosmovisão calvinista implica em um sofisticado sistema de checagens e balanceamentos que visam a promover a justiça e evitar que todos sofram pela fraqueza de alguns. A prática da auditoria, que está se tornando comum, é resultado da influência dessa mentalidade em que a transparência é valorizada como um bem supremo da socidade e indispensável para o sucesso econômico. Calcado no conceito teológico de soberania divina sociedades calvinistas não mais se submetiam a reis ou tiranos, surge, paulatinamente o direito à desobediênica civil e a checagem epla população dos magistrados e de todas as autoridades civis.
KANT proposta ético-política inteiramente racional que envolve, entre outras singularidades, o chamado “imperativo categórico” segundo o qual cada ato deve ser avaliado pela sua potencial universalidade. Quão mais elevado for o potencial para a aplicação da ação como um princípio universal de conduta, maior será seu valor ético. Em outras palavras, a genialidade de Kant foi inverter a quertão fundamental da ética: não se tratava mais, como entre os gregos, de encontrar os princípios, virtudes e valores racionais e universais, mas antes de encontrar ou não a universalidade dos princípios, virtudes e valores.
HEGEL há uma síntese que sucede logicamente a tensão existente enter a moralidade relativa de uma etnia, tradição, religião ou grupo social, entendida como tese e a ética racional da tradição filosóvica, entendida como antítese. A síntese acontece quando uma cultura superior assume a ética racional da tradição filosófica como sua moralidade e simultaneamente transforma sua moralidade particular em uma ética racional com valores sociais universais.
FEUERBACH sugeriu que a filosofia fosse inteiramente reconstruída sobre novas bases puramente antropológicas, ética dessa nova filosofia surgiria de uma base empírica, pela análise dos processos históricos de transformação cultural.
MARX utiliza-se da dialética hegeliana para construir uma filosofia materialista inteiramente fundamentada na história. O resultado foi uma filosofia de ação revolucionária: chega de pensar sobre o mundo; chegou a hora de transformá-lo. A ética marxista fundamenta-se na busca da justiça entendida como comunhão universal dos bens materiais: de cada um segundo sua possibilidade, a cada um segundo sua necessidade.
KIERKEGAARD insiste no primado do indivído que, enquanto indivíduo, havia desaparecido tanto em Hegel como em Marx, indiferenciado para sempre seja na concepção abstrata de um Espírito Absoluto, seja na construção concreta de uma massa uniformizada e manipulável, uma monstruosidade que não é de forma alguma exclusiva do marxismo mas que muito pelo contráio tem sido almejada nas sociedades de consumo do mundo capitalista. Kierkegaard demonstrou que toda ética racional é por natureza universalizante e, portanto, ignora e anula o indivíduo. Como nada pode ser mais antiéticoque a anulação de uma pessoa, a ética filosófica é uma contradição. O que nos resta é a moralidade que é sempre relativa geografica, histórica e culturalmente.
NIETZSCHE toda moralidade é, por definição, um moralismo, isto é, a absolutização da moral de um grupo sobre todos ou um reducionismo na melhor das hipóteses. Tradição crista sempre beneficia o fraco e o desfavorecido pela natureza e pela cultura, nivelando toda a sociedade pro baixo e criando a massa. Nietzsche previa e condenava a chegada de uma cultura niilista, formada por exemplares daquele que Nietzsche chama de “ o último homem”. Nietzsche, no entanto, apregoa o advento do super-homem (übermensch) que incorpora a nova moralidade radical dos valores transvalorizados de Nietzsche, em que vale, acima de tudo, a lei da sobrevivência do mais apto e a auto-afirmação.

RESUMO DO LIVRO: UM OLHAR SOBRE ÉTICA E CIDADANIA

RESUMO DO LIVRO: UM OLHAR SOBRE ÉTICA E CIDADANIA
DE CARLA RODRIGUES

Referência: RODRIGUES, Carla. Um olhar sobre a ética e cidadania. São Paulo: Moderna, 2002. 72 p. ISBN 851601147X

ÉTICA E CIDADANIA
A BUSCA HMANA POR VALORES SOLIDÁRIOS
RICARDO QUADROS GOUVÊA

Revolução conunicacional-cibernética, liberação das energias atõmicas, início das explorações espaciais, desgaste do meio ambiente tornou a humanidade capacitada para executar sua própria extinção, fez dela consiente de si mesma enquanto espécie sincular, e da fragilidade do planeta. A sociedade tecnológica pode ser autodestrutiva. A ciência não possui respostas para os problemas éticos e sociais que cria. É preciso empenho multidiscipliar em busca de valores sociais universais indispensáveis para o futuro da espécie humana e para o bem-estar. A esse empenho dá-se o nome de ética e cidadania. O objetvo maior da disciplina ética e cidadania é o de auxiliar os alunos a se tornarem cidadãos conscientes de que em cada atitude tomada e em cada discurso proferido, cada um de nós ajuda a definir o futuro de nosso ambiente sociocultural, de nossa cidade, de nosso país e de toda a humanidade. A plena consciencia da cidadania, tanto no que se refere aos direitos como no que se refere aos deveres, por todos os indivíduos é absolutamente necessaria para a construção de um país democrático.
ÉTICA X MORAL
MORAL referência aos costumes e opiniões sobre conduta individual e relacionamentos interpessoais aceitos por um determinado grupo social, etnico e religioso. Moral é uma questão de geografia e de história pode variar muito de acordo com o grupo social e com o tempo. Se desobedeço os preceitos morais e não sigo os padrões de conduta, vivo na IMORALIDADE. Se os preceitos e padrões do grupo social a que pertenço tornam-se irrelevantes para mim, então posso ser chamado de AMORAL. Se confundo a moral de minha cultura ou de meu grupo social com a ética, torno-me um MORALISTA. O moralismo é a absolutização e universalização de minha própria mora..
ÉTICA reflexão humana sobre o tema, teórica, racional e sistemática, uma reflexão que sem desrespeitar, ignora por princípio e por definição todas as relatividades inerentes à moral. A ética é filha da cultura dos antigos helenos. Com Sócrates e os sofistas a filosofia grega virou-se para o ser humano entendido agora como medida de todas as coisas (Protágoras). O fundamental não rea mais conhecer o mundo, mas antes conhecre-se a si mesmo (Sócrates).
PLATÃO é o pai da ética. Platão desenvolveu uma teoria racional sobre a constituição da alma humana que julgava ser eterna, estabelecendo a supremacia e autonomia da razão sobre as emoções e os impulsos ou a vontade. Platão tornou evidente a centralidade da ética na filosofia e a necessidade de pensar racionalemnte as questôes éticas e sociopolíticas bem como a dificuldade de fazê-lo.
ARISTÓTELES, em Ética e Nicômaco, sugere ser a virtude, entendida como perfeição da condição humana, a base de toda reflexão ética racional. Viver eticamente é buscar a atualização de todas as potências do ser humano. O desenvolvimento intelectual, o estudo, o conhecimento de si e do mundo é o que Aristóteles considera primordial. O comportaemento eticamente adequado e feliz é fruto, portanto, do aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, e as principais virtudes advindas desse desenvolvimento são a justiça (que inclui honestidade e retidão nos julgamentos), a prudência (que inclui paciência, mansidão e cautela), a coragem (que inclui ousadia, a disposição ou prontidão, a perseverança e a resistência) e a moderação (a virtute está no equilíblio) essa útlima acaba sendo a virturde suprema uma vez que as outras virtudes são pontos de equidistância intermediários entre os vícios, isto é, sentimentos, estados-se-espírito ou atitudes que se opõem às virtudes.
TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ a novidade é entender os mandamentos como universalmente válidos, independentemente das convicções religiosas dos indivíduos, o que estabelece uma diferença crucial entre normas meramente religiosas presente em toda e qualquer religião e os mandamentos da tradição judaico-cristã que estabelecem valores sociais universais. Eros amor que faz buscar algo em benefício do que ama, por mais nobre que seja esse desejo (busca pelo conheciemento, por inspiração). Agape não é um desejo nem uma busca mas um sacrifício um doar-se sem esperar nada em troca.
COSMOVISÃO CALVINISTA engloba todas as áreas da vida humana e todos os diverentes comparitmentos da reflexão teórica. A ética calvinista do trabalho e o desenvolvimento do pensamento sociopolítico calvinista. A ética social calvinista se fundamenta em 3 pilares: vocação, honestidade e economia ou poupança. A cosmovisão calvinista implica em um sofisticado sistema de checagens e balanceamentos que visam a promover a justiça e evitar que todos sofram pela fraqueza de alguns. A prática da auditoria, que está se tornando comum, é resultado da influência dessa mentalidade em que a transparência é valorizada como um bem supremo da socidade e indispensável para o sucesso econômico. Calcado no conceito teológico de soberania divina sociedades calvinistas não mais se submetiam a reis ou tiranos, surge, paulatinamente o direito à desobediênica civil e a checagem epla população dos magistrados e de todas as autoridades civis.
KANT proposta ético-política inteiramente racional que envolve, entre outras singularidades, o chamado “imperativo categórico” segundo o qual cada ato deve ser avaliado pela sua potencial universalidade. Quão mais elevado for o potencial para a aplicação da ação como um princípio universal de conduta, maior será seu valor ético. Em outras palavras, a genialidade de Kant foi inverter a quertão fundamental da ética: não se tratava mais, como entre os gregos, de encontrar os princípios, virtudes e valores racionais e universais, mas antes de encontrar ou não a universalidade dos princípios, virtudes e valores.
HEGEL há uma síntese que sucede logicamente a tensão existente enter a moralidade relativa de uma etnia, tradição, religião ou grupo social, entendida como tese e a ética racional da tradição filosóvica, entendida como antítese. A síntese acontece quando uma cultura superior assume a ética racional da tradição filosófica como sua moralidade e simultaneamente transforma sua moralidade particular em uma ética racional com valores sociais universais.

PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Fernanda Mazza Garcia

terça-feira, 11 de maio de 2010
RESENHA

RESENHA X RESUMO

RESUMO da mesma forma reduz 10 a 20% do texto. TEM QUE CONTER TUDO. PESSOA QUE LER O RESUMO NÃO PRECISA LER O LIVRO
É proibido mencionar o autor.
Resumo tem de finjir que é a voz do autor

RESENHA = SINOPSE

A RESENHA NÃO PODE CONTER TUDO PQ ESTÁ RECOMENDANDO A LEITURA.Com a apresentação de idéias pessoais. Fora a resenha só a crônica e o editorial pode apresentar opiniões. Descritivas (só apresenta as características da obra) e argumentativas (recomenda ou não a leitura).
Tem de falar que o fulano fale isso ou aquilo.é obrigatório mencionar Segundo fulano, fulano falou etc.

A)
1. título
2. nome do autor
3. título completo e extrato da obra
4. nome da editora e se for o caso, da coleção de que faz parte a obra.
5. lugar e data da publicação
6. número de volumes e páginas.

7. apresentar aqui a estrutura da obra(divisão em capítulos, índice, assunto dos capítulos, nome do tradutor, se houver um)

B)

Uma rápida indicação do conteúdo total da obra e do ponto de vista do autor.
Resumo que apresenta os pontos essenciais do texto
A resenha crítica, além de conter todos os elementos já citados, iclui também julgamentos e comentarios do estudante sobre as idéias do autor, sempre bem fundamentados.

De 3 a 5 páginas.

Apresentar pontos positivos e negativos.

PONTUAÇÃO
terça-feira, 11 de maio de 2010

Os ciúmes de um namorado são homenagem; os do marido, um insulto. ATENÇÃO PONTO E VÍRGULA É OBRIGATÓRIO PARA INDICAR OMISSÃO DE CONJUNÇÃO ADVERSATIVA.

As preocupações trazem o aborrecimento; o aborrecimento traz a melancolia; a melancolia produz a solidão; a solidão leva ao tédio; do tédio nasce a infelicidade e a infelicidade conduz ao fim de tudo. PONTO E VIRGULA PARA SEPARAR IDÉIAS DIFERENTES E NÃO TEM VÍRGULA ANTES DO E PQ O SUJEITO É O MESMO.

A águia voa sozinha; alguns pássaros precisam de solidão.

PONTUAÇÃO
terça-feira, 4 de maio de 2010

vírgula antes de e
só se:
- mudar o sujeito. Maria foi ao teatro, e João foi à feira.
- ou se for polissíndeto. Ele é bonito, e gordo, e branco, e jovem.

Vírgula para indicar zeugma (elipse do verbo)
Eu fui de ônibus, e ela, de avião.
Nós tivemos só alegrias; eles, tristezas.

Ponto e vírgula pode colocar no lugar de mas ou de logo quando tiver muito explicito ou antes de conjunção para enfatizar o caráter da conjunção

Ponto e vírgula OBRIGATÓRIO para separar elementos fortes de uma enumeração (com verbo por exemplo. Concluimos que: faltava assinaturas; o documento 2 era falso; o autor era português.

COESÃO II
terça-feira, 27 de abril de 2010

PRONOME RELATIVO

QUEISMO
evitar no mesmo período 2 quês

O exército que libertou a cidade
O exército, libertador da cidade (aposto com vírgulas)
O exército libertador da cidade (reduzida de infinitivo)

Assisto em = moro
Assisto algo = cuido
Assisto a algo = vejo

Exercicio capítulo 30 e 31 do livro para entender o texto.




COESÃO II
terça-feira, 27 de abril de 2010

PRONOME RELATIVO

QUEISMO
evitar no mesmo período 2 quês

O exército que libertou a cidade
O exército, libertador da cidade (aposto com vírgulas)
O exército libertador da cidade (reduzida de infinitivo)

Assissto em = moro
Assisto algo = cuido
Assisto a algo = vejo

Exercicio capítulo 30 e 31 do livro para entender o texto.



COESÃO
terça-feira, 20 de abril de 2010

coesão link entre as palavras.
garante a coerência do texto, o texto tem sentido.

CONECTIVOS
Elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso.

CONECTIVOS DE RETOMADA = ELEMENTOS ANAFÓRICOS
Elementos anafóricos pronomes, adjetivos, substantivo, verbo, demonstrativos
A professora deu uma atividade. Mandou fazer um parágrafo. (o próprio verbo retomou professora)

REFERENCIA DISTRIBUTIVA
Pontuação e concordância esta eu tenho dificuldade, aquela me tira o sono.
Se tiver 3 elementos tem de usar primeiro, segundo terceiro. Não pode por pronome demonstrativo.

CONECTIVOS DE ANTECIPAÇÃO =CATAFÓRICOS
As matérias mais pedidas são estas: pontuação e concordância

COESÃO DE LIGAÇÃO DAS IDÉIAS RETOMADA POR PALAVRA LEXICAL
Substantivos, verbos adjetivos
Lia toa espécie de livro. Policiais, então, nem se fala, devorava.

COESÃO POR ENCADEAMENTO DE SEGMENTOS TEXTUAIS
Fulana foi a feira e sicrana ficou em casa (encadeia)
Fulana foi a feira mas sicrana ficou em casa (encadei e julga a sicrana)


PARÁGRAFO

terça-feira, 13 de abril de 2010

Para que: Qual a finalidade: texto literário tem de ter ambiguidade no texto jornalistico a ambiguidade é proibida.

Para quem público-alvo: quem vai ler.

Qual é a condição de leitura, se vc está numa autoestrada, tem de ser texto curto.no máximo 7 palavras. No telejornal ou no rádio linguagem de sedução tem de ser diferente.

Próxima aula parágrafo sobre política ou economia nacional ou internacional

Tópico frasal duas primeiras frases do parágrafo. É a idéia central do parágrafo.

Cada parágrafo tem de ter um tópico frasal apenas, uma idéia principal só.

Resto é Desenvolvimento e desfecho.

TIPOS DE PARÁGRAFO
Parágrafo de alusão histórica: historia para explicar o presente
Parágrafo declaração: uma idéia principal. Declarar dizer o que pensa.
Parágrafo definição: forma didática de inserir o assunto do texto.
Parágrafo por divisão consiste em subdividir um assunto. Cita aspecto que serão abordados ao londo do texto. Três paixões simples governam minha vida: desejo, conhecimento e compaixão.
Parágrafo interrogação. Pergunta na primeira frase.
Parágrafo citação. Direta ou indireta. Direta entre aspas sem mudar nada mesmo se contiver erros de portugues.
Parágrafo de frase nominal seguida de explicação: Uma tragédia. Essa é a explicação da própria secretaria.
Alusão a um livro, poema ou romance. Tal qual o grande irmao de george orwell...
Descriçao de um fato de forma cinematográfica.


Paragrafo sobre violencia nas universidades utilizando uma frase nominal seguida de explicação. Escreva um parágrafo sobre o aquecimento global, utilizando o recurso da descrição de um fato de forma cinematográfica.



NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990)

3 vezes mais reforma para portugues de Portugal, por isso portugueses chamam de abrasileiramento da lingua.

CPLP
• Portugal
• Brasil
• Cabo Verde
• Angola
• Sao Tome e Principe
• Guine Bissau
• Mocambique
• Timor Leste entra na CPLP em 2004, antes disso não era país independente e estava em guerra civil (CPLP não aceita colônia ou país em guerra civil).

Brasil representa 80% dos lusoparlantes.

Mas o voto de todos os membros da CPLP é o mesmo.

VOLP
Vocabulário ortográfico da lingua portuguesa (não é um dicionário pq não contém as significações).


HISTÓRICO DO ACORDO
1911 = reforma criaram-se regras novas Brasil já pedia a unificação da ortografia.
1931 = primeiro acordo ortográfico entre Portugal e Brasil
1943 = convenção ortográfica de 1943 academia de ciencia de Lisboa fez VOLP diferente do VOLP feito pela academia brasileira de letras.
1945 = convensao ortográfica luso brasileira de 1945
1971 e 1973 redução das divergências ortográficas entre os dois países.
1986 = ano de idealização do acordo Rio de Janeiro, muito radical as propostas levadas (até as proparoxítonas perderiam os acentos) mas foi importante porque pela primeira vez eram todos os membros da CPLP não sõ portugal e Brasil. E alem disso todos reconheceram que era um absurdo ter de traduzir livros brasileiros para ser vendido em portugal
1990 = assinatura oficial em Lisboa, mas o acordo não obteve as ratificações necessárias para que as regras se tornassem válidas. O Brasil o ratificou em 1995, por meio do Decreto Legislativo 54, de 18 de abril. Precisava 7 ratificações e VOLP comum. Prazo máximo previsto era 1994. Ninguem tinha ratificado em 1995. Brasil ratificou em 1995 para pressionar.
1998 = primeiro protocolo modificativo retirou-se clausula de fazer novo VOLP, continuou a cláusula de necessidade de 7 países da CPLP para aprovar o acordo
2004 = segundo protocolo modificativo como só 3 países (Brasil Cabo Verde e Guiné) queriam o acordo retirou-se a cláusula de necessidade de 7 países da CPLP para aprovar o acordo. E aceitou-se Timor na CPLP.
2008 Lula torna o acordo lei decreto 6583, de 29 de setembro de 2008 e um Manifesto-Petição. Jornalista já tinha de escrever com nova ortografia mas ainda nao existia o Volp. Para-choque em um dicionário e parachoque em outro dicionário.
2009 VOLP (349.737 volabulos e 966p) e Manifesto-Petição em Portugal (grandes intelectuais apresentando um não ao novo acordo). Consequencia foi 56 erros nos dicionãrios que sairam antes de 2009 e até o VOLP preecisou de errata. (a quinta edição do VOLP já tem errata). Mas o novo acordo tb é lei em Portugal.

1. Alfabeto com 26 letras KWY usados em unidades de medida, para grafar termos estrangeiros. Km mas quilômetro.

2. O trema caiu em lingua protuguesa. Pronùncia não muda. Palavras estrangeiras e nomes próprios continuam com o trema. Exemplo dado pelo acordo mülleriano continua porque deriva de Müller.

3. Acento agudo cai o acento do éi e ói nas penúltimas sílabas. Jiboia, estreia, ideia, asteroide. Ma permanece nas oxitonas: pastéis, contrói, herói, dói, anéis, papéis, anzóis. Se for paroxitona terminada em r continua com acento: méier e destróier.

4. Acento agudo nos hiatos de u e e na penúltima sílaba que seguem ditondo: feiura, costa do Sauipe, baiuca (uma arma), bocaiuva (uma palmeira), saiinha, cheiinho (também existe essa forma de grafia). Se o hiato tônico estiver na última não cai: tuiuiú, tuiiuiús, Piauí.

5. CREDELEVE cai acento nas vogais que dobram

6. Acento diferencial não morreu alguns cairam: pára do verbo parar. Têm e vêm no plural do verbo ter e vir e nos derivados não cairam. Poder tb não perde o acento. Fôrma continua. Mas decorar ele para o carro. Ele foi ao Polo Norte. Eles gostam de jogar polo. Aquele coelho tem pelos brancos. Adoro pera. Atenção não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circumflexo.

7.


SÓ SEPARA QUANTO TEM “H” OU QUANTO TEM VOGAIS GEMEAS

Hifen
Qualquer prefixo mantém hífen

Irmãos gêmeos separa da sala de aula
o-o a-a
micro-ondas
anti-inflamatório
semi-intentivo
inter-racial
hiper-requintado
super-refrescante

exceção
co rre pre (sidiário)
coordenador
coerdeiro

RESTO JUNTA TUDO PORQUE JUNTINHO É MAIS GOSTOSO
geopolítico
semianalfabeto
infraestrutura
minissaia
microssistema
antirrugas
microrriscos
hiperativo
superamigo
superaquecimento
ultrarromantismo

exceção sempre com hífen
recém
além
aquém
sem
pré
pós
ex
vice
pró
Regina alguem sem pre estcola sem pos graduação ex presidiária se tornou prefeita pró ambientalismo
Além-mar
Além-túmulo
Pró- natureza
Sem-terra
Pós-graduação
Pré-vestibular
Recém-casado


Encadeamentos vocabulares
Liberdade-igualdade-fraternidade
Ponte Rio-Niteroi
Estrada Rio-Santos


Palavras compostas
Se cada uma tem sentido separado e juntas formam um sintagma com semântica própria
Cachorro é animal
Quente estado de alta temperatura
Cachorro-quente é um sanduiche

Guarda = policial
Chuva = preciptação
Guarda-chuva = sombrinha

Segunda-feira
Ano-luz
Arco-íris
Decreto-lei
Amor-perfeito
Luso-brasileiro
Primeiro-ministro
Azul-escuro
Afro-luso-brasileiro
Mato-grossense (Mato Grosso)
Norte-americano

Com elemento no meio não tem hífen
Cão de guarda
Fim de semana
Sala de jantar
Cor de açafrão
Cor de café com leite
Cor de vinho
Pé de moleque

Cor de qualquer coisa perde o hífen com exceção do cor-de-rosa
Exceções:
Água-de colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa

Lei pró hifen natureza= continuam com hifen temperos, espécies botânicas e zoológicas
Abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, erva-do-chá,
Flor bico-de-papagaio
doença

Cai o hífen de palavars que perderam a noção de composição
SÓ EXISTE ESSAS PALAVRAS:
1. Girassol
2. Madressilva
3. Mandachuva
4. Paraquedas
5. Paraquedista
6. Pontapé

Cuidado com para-choque, para-raio e para-brisa

VOLP passatempo, varapau


Blog:
www.onovoacordo.com.br
procurar 4 resenhas
e trabalhos (animação adjornal, livro infantil com músicas para cada uma das regras, e um game)

entender a complexidade do trabalho do video clipe! Iniciar imediatamente