Por Danielle Denny
O termo hermenêutica significa
“a arte de interpretar” e etimologicamente refere-se a Hermes, que na mitologia
grega, era o intérprete dos deuses e condutor das almas humanas para o Hades ou
para o Olimpo, sendo o intermediário entre deuses e mortais e conduzindo o
homem nas suas decisões morais ou imorais conforme o livre arbítrio de cada um
e depois ao seu decorrente destino. Apesar de Hermes ser filho de Apolo e Maia,
não era propriamente um deus, mas sim o que traduzia a palavra divina aos
homens.
O termo hermenêutica é largamente
utilizado como interpretação de textos dogmáticos, elaborados para servir de
lei como os religiosos e jurídicos, ou seja, aqueles tomados como expressão da
verdade. A hermenêutica seria assim o meio pelo qual se chega a essa verdade contida
nesses textos.
No entanto, Hermes é o único
que compreende e traduz a verdade absoluta divina que nenhum humano é capaz de
conhecer e dessa forma comprovar se a tradução está certa ou errada. Assim, Hermes não pode ser visto simplesmente como
mensageiro dos deuses – aquele que reproduz na íntegra a mensagem divina para
que o homem a cumpra.
A arte de interpretar, também
faz parte do livre arbítrio, representa uma escolha moral a ser feita pelo ser
humano em uma determinada situação espaço temporal e que condiciona o seu
destino. Assim, a hermenêutica não é prescritiva, como um manual de conduta,
mas sim uma ferramenta crítica.
Qualquer mensagem que seja
não chega ao intérprete inalterada. O emissor compartilha com o receptor alguns
pontos, mas naturalmente tem perceptivas e visões de mundo diferentes. Um texto,
por exemplo, é a vontade expressa do seu autor que resulta da interpretação dessa
pessoa sobre o mundo de acordo com a sua condição espaço temporal. O leitor não
compartilha dessa mesma perspectiva e, portanto, pode interpretar o que foi
escrito de uma infinidade de formas diferentes.
Toda e qualquer comunicação
pode ser entendida como a constituição de vínculos, de interação, de
interiorização no espaço do outro, sendo a vida social a somatória desses vínculos
dinâmicos, submetidos às condições de tempo e espaço. Dessa forma o interprete não
deve obediência cega a nenhum mensageiro ou mensagem. Perceber, criticar e
criar são processos recorrentes dentro do fenômeno da comunicação e a palavra expressa
e interpretada decorre da própria existência humana, como ser e como estar no
mundo.
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