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02/02/2014

O Hermes na Hermenêutica

Por Danielle Denny

O termo hermenêutica significa “a arte de interpretar” e etimologicamente refere-se a Hermes, que na mitologia grega, era o intérprete dos deuses e condutor das almas humanas para o Hades ou para o Olimpo, sendo o intermediário entre deuses e mortais e conduzindo o homem nas suas decisões morais ou imorais conforme o livre arbítrio de cada um e depois ao seu decorrente destino. Apesar de Hermes ser filho de Apolo e Maia, não era propriamente um deus, mas sim o que traduzia a palavra divina aos homens.

O termo hermenêutica é largamente utilizado como interpretação de textos dogmáticos, elaborados para servir de lei como os religiosos e jurídicos, ou seja, aqueles tomados como expressão da verdade. A hermenêutica seria assim o meio pelo qual se chega a essa verdade contida nesses textos.

No entanto, Hermes é o único que compreende e traduz a verdade absoluta divina que nenhum humano é capaz de conhecer e dessa forma comprovar se a tradução está certa ou errada. Assim,  Hermes não pode ser visto simplesmente como mensageiro dos deuses – aquele que reproduz na íntegra a mensagem divina para que o homem a cumpra.

A arte de interpretar, também faz parte do livre arbítrio, representa uma escolha moral a ser feita pelo ser humano em uma determinada situação espaço temporal e que condiciona o seu destino. Assim, a hermenêutica não é prescritiva, como um manual de conduta, mas sim uma ferramenta crítica.

Qualquer mensagem que seja não chega ao intérprete inalterada. O emissor compartilha com o receptor alguns pontos, mas naturalmente tem perceptivas e visões de mundo diferentes. Um texto, por exemplo, é a vontade expressa do seu autor que resulta da interpretação dessa pessoa sobre o mundo de acordo com a sua condição espaço temporal. O leitor não compartilha dessa mesma perspectiva e, portanto, pode interpretar o que foi escrito de uma infinidade de formas diferentes.

Toda e qualquer comunicação pode ser entendida como a constituição de vínculos, de interação, de interiorização no espaço do outro, sendo a vida social a somatória desses vínculos dinâmicos, submetidos às condições de tempo e espaço. Dessa forma o interprete não deve obediência cega a nenhum mensageiro ou mensagem. Perceber, criticar e criar são processos recorrentes dentro do fenômeno da comunicação e a palavra expressa e interpretada decorre da própria existência humana, como ser e como estar no mundo.



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