Economia é um sistema complexo,
probabilistico como a internet e o corpo humano. Tem muito mais implicações que
conseguimos prever, um input pode dar
um retorno completamente imprevisível. Economia da informação, então, é ainda
mais complexa pois não é fechado o conceito de informação apesar do termo ser
amplamente usado. Informação difere de conhecimento, que também não se sabe ao
certo o que é, depende de processos de cognição humana que ainda não é dominado
pela ciência. Conhecimento está ligado a cognição, não necessariamente é
verdade. Por um tempo, antes de Galileu Galilei, por exemplo o conhecimento da
humanidade era que o sol girava em torno da terra. Uma pessoa sabe como andar
de bicicleta mas ignora o processo neuromuscular e físico que é necessário para tanto. Já informação é
algo mais tangível. Contudo apesar da natureza da informação parecer coisa simples,
ela não é. Profissional da comunicação na verdade é um profissional que
trabalha com informação. Mas ao contrário do que era de se esperar, não se
estuda o que é informação da maneira profunda como deveria. O papel do
comunicador é atribuir valor à informação.
O estudo sobre a natureza da informação
permite concluir que o termo é um conceito labiríntico que, via de regra, vem
sendo mal utilizado. O mais disseminado é o proposto pela Teoria Matemática da
Comunicação. Contudo essa fundamentação teórica foi criada para otimizar
problemas de transmissão de sinais apenas. Portanto não pode ser suficiente
para abarcar as complexidades da Era da Informação
Claude Shannon e Warren Weaver, em 1948,
aplicaram a teoria booleana que captura a essência das operações lógicas em sim
ou não, 0 ou 1, ou seja o sistema binário que deu origem à revolução digital,
fundamentando toda linguagem computacional.
Shannon trabalhou com a segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia.
Precisava estudar onde o sinal ficava fraco, mas não acabava, para ser possível
amplificá-lo e assim distribuir melhor o sinal. Para essa teoria, quatro itens
integram o processo comunicacional: emissor de sinal, receptor de sinal,
mensagem e ruído. Porém sinais são apenas um tipo de informação.
Inclusive, essa lógica matemática, própria de
engenheiro, quando aplicada à comunicação social pode gerar problemas. Diferentemente
das máquinas computacionais, nosso órgão elétrico (cérebro) não usa só essa
lógica para entender os fenômenos. A complexidade aumenta ainda mais se for
incluída a capacidade da mente. Esses estudos vêm sendo desenvolvidos pelas
ciências cognitivas.
Na atual sociedade do conhecimento, houve
radicais mudanças sobre a importância da informação. A evolução humana, desde o
fim da pré-história, passou a depender da capacidade de registrar eventos, ou
seja, de fazer história, para assim acumular e transmitir informação. Porém,
atualmente o progresso e bem estar humano passou a depender muito mais do
controle eficiente sobre o ciclo de informações (criação, transmissão,
processamento, indexação, uso, tomada de decisões).
Vivemos a quarta revolução. A primeira foi
impulsionada pelo pensamento de Nicolaus Copernicus (1473-1543) que deslocou a Terra do centro do
universo. A segunda por Charles Darwin (1809-1882) que colocou o homem como uma
das várias espécies descendentes de um mesmo ancestral. E a terceira por
Sigmund Freud (1856-1939) que desvendou o inconsciente que impede a razão de
ser inteiramente transparente. Com a quarta revolução, mais uma vez algo muito
relevante mudou na forma como o ser humano se entende no mundo. Passamos a nos
perceber como seres informacionais interconectados. Quando estamos
desconectados da infoesfera nos sentimos como um peixe fora d’água.
Nesse contexto a Comunicação não é
importante por ser ciência, mas sim por ser interface. A preocupação da
Comunicação não deve ser ter corpo sólido como a física, mas se reconhecer como
interdisciplinar e, portanto, importante para todas as outras ciências como
interface. O desafio dos meios de comunicação é identificar como ser relevante numa
economia conectada em rede. E
para tanto precisa aprofundar o estudo sobre a vida na infoesfera, sobre o
paradoxo que é ao mesmo tempo a sociedade atual valorizar a privacidade e
divulgar informações confidenciais por meio de serviços como o Facebook..
A diferença entre online e offline vai
desaparecer, assim como hoje o tênis da Nike já conecta com o Ipod, cada vez
mais os equipamentos vão trocar informações entre si tornando nossa vida cada
vez mais sincronizada e interconectada. A conseqüência provável é surgirem
novas formas de discriminação entre aqueles que têm acesso a essas informações
interconectadas e os excluídos.
Para melhor conhecer o sistema
informacional e também posteriormente discutir a questão ética, é preciso
aprofundar o estudo sobre a estrutura da informação e para melhor entender o
conceito labiríntico de informação Luciano Floridi propõe um mapa (FLORIDI,
Luciano. Information – A Very Short Introduction. 2010)
Data structured: environmental or semantic (content).
Semantic institucional or factual
Factual untrue or true (information), que gera knowledge
Untrue unintentional (misinformation) or intentional
(disinformation)
Na internet apenas 5 % das informações são estruturadas,
ou seja podem ser utilizados para fundamentar outras informações estruturadas
Informação instrucionais de andar de bicicleta,
por exemplo, é a pergunta como. Dados factuais pergunta o que, por que quais os
fenômenos envolvidos no ato de andar de bicicleta. Dentro da informação factual
cabe a distinção entre verdadeira e falsa. Na verdadeira está o conhecimento.
Na falsa cabe a informação intencionalmente falsas (desinformation), e a sem
querer, não intencional, (misinformation). O jornalismo usa não só a informação
como também a desinformation e a misinformation. Em um processo dinâmico em
paralelo, ou seja, um dado quando é emitido pode ser logo unido a uma
informação, desinformation ou misinformation .
Além disso, a informação se divide em
primária, secundária, meta, operacional e derivativa. Informação primaria por
exemplo é C-l-a-u-d-i-a. Informação secundaria é Claudia que é estudante,
jornalista, mulher. Informação meta Claudia é também homo sapiens, mamífero.
Operacional Google tem informações primarias secundarias e categorizadas de
forma meta para ser operacional num sistema. Informação derivativa âmbito das
intencionalidades. Google não sabe as suas intencionalidades mas quer saber, para
derivar suas buscas para o âmbito da publicidade.
Esse mapa é apenas um esforço de facilitar
a racionalização, mas importante ressaltar que é simplificador e portanto
insuficiente para dar conta de todos os aspectos da realidade. Inclusive o sistema
analógico é o sistema mais rico de informação. Único aspecto que a revolução
digital atinge é a informação, o resto da vida humana se dá no mundo analógico
(não se come nem se comerá bits, mas o digital pode melhorar a distribuição de
alimentos, por exemplo). O diferencial do digital é dar agilidade. A riqueza do
analógico não permite que ele seja ágil. No analógico um ponto tem infinitas
informações pode-se chegar ao nível quântico, a informação é contínua.
O sistema binário tenta emular o analógico
promovendo a simplificação, perde-se a riqueza da informação. Trata-se de um
sistema discreto, ponto a ponto. Binário é uma forma que o digital pegou na
lógica. Poderia usar lógica fuzzy mas tem de ser na lógica binária pois as
maquinas não entendem se não for binário. Não pode usar lógica para-consistente
que admite contradição pois as máquinas não aceitam contradição, o cérebro,
pelo contrário, não só aceita como é pura contradição.
Sendo assim, melhor não usar o termo
conhecimento, por sua imprecisão. Melhor usar informação estruturada. Que significa
que um dado tem um princípio de verdade,
conexão com a realidade, e funciona no sistema real. O que é importante para
estruturar uma informação é o que é relevante. Então relevância tem função
primordial na informação estruturada. Sobre o que a pessoa presta atenção?. Não
podemos cair na vala comum do discurso “que é relevante para uma pessoa não é
relevante para outra pessoa”. É primordial aprofundar os estudos sobre a
relevância. E a relevância no mundo real é diferente da relevância na rede
(pois na rede há os filtros dos algorítimos).
A comunicacao produz ostensivos estímulos
dirigidos para o público alvo. Um estimulo é um fenômeno projetado para obter
efeitos cognitivos (retorno). O estímulo é uma informação, deve ser mais
relevante que qualquer outro fenômeno externo ou representação interna (caso
contrário a pessoa não presta atenção). Tem de haver uma teoria sobre
relevância. O problema não e tanto para avaliar os efeitos contextuais e
esforço de processamtno a partir do exterior, mas para descrever como a mente
avalia os seus próprios resultados e os esforços interiores e decide como
resultadao a prosseguir os seus esforços ou realocá-los em diferentes direções.
(SPERBER; Wilson, 1986:130)
Relevância
é uma questão de grau não sabemos
como os graus de relevância são determinados. Relevância pode ser definida como
a relação entre a suposição (certeza) e o contexto. Jornalismo cria
plataformas, o contexto, para chamar a relevância. Sala de aula é um
encapsulamento da relevância.
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