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29/08/2011

Aula 2 Economia da Informação Walter Lima / Resumo FLORIDI, Luciano. Information – A Very Short Introduction.Oxford University Press, 2010

Por Danielle Denny


24/8/2011

O estudo sobre a natureza da informação permite concluir que o termo é um conceito labiríntico que, via de regra, vem sendo mal utilizado. O mais disseminado é o proposto pela Teoria Matemática da Comunicação. Contudo essa fundamentação teórica foi criada para otimizar problemas de transmissão de sinais apenas. Portanto não pode ser suficiente para abarcar as complexidades da Era da Informação

Claude Shannon e Warren Weaver, em 1948, aplicaram a teoria booleana que captura a essência das operações lógicas em sim ou não, 0 ou 1, ou seja o sistema binário que deu origem à revolução digital, fundamentando toda linguagem computacional.  Shannon trabalhou com a segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia. Precisava estudar onde o sinal ficava fraco, mas não acabava, para ser possível amplificá-lo e assim distribuir melhor o sinal. Para essa teoria, quatro itens integram o processo comunicacional: emissor de sinal, receptor de sinal, mensagem e ruído. Porém sinais são apenas um tipo de informação.

Inclusive, essa lógica matemática, própria de engenheiro, quando aplicada à comunicação social pode gerar problemas. Diferentemente das máquinas computacionais, nosso órgão elétrico (cérebro) não usa só essa lógica para entender os fenômenos. A complexidade aumenta ainda mais se for incluída a capacidade da mente. Esses estudos vêm sendo desenvolvidos pelas ciências cognitivas. (obs.: Cérebro é uma maquina elétrica molhada, que não dá curto circuito! =D)

Na atual sociedade do conhecimento, houve radicais mudanças sobre a importância da informação. A evolução humana, desde o fim da pré-história, passou a depender da capacidade de registrar eventos, ou seja, de fazer história, para assim acumular e transmitir informação. Porém, atualmente o progresso e bem estar humano passou a depender muito mais do controle eficiente sobre o ciclo de informações (criação, transmissão, processamento, indexação, uso, tomada de decisões). Para Luciano Floridi:

“The life cycle of information typically includes de following phases: occurrence (discovering, designing, authoring etc), transmission (networking, distributing, accessing, retrieving, transmitting etc), processing and management (collecting, validating, modifying, organizing, indexing, classifying, filtering, updating, sorting, storing etc) and usage (monitoring, modeling, analysing, explaining, planning, forecasting, decision-making, instructing, educating, learning etc)… nowadays the most advanced societies highly depend on information-based, intangible assets, information-intensive services (especially business and property services, communications, finance and insurance, and entertainment), and information-oriented public sectors (especially education, public administration, and health care)… all members of the G7 Group … qualify as information societies because, in each country, at least 70% of the Gross Domestic Product (GDP) depends on intangible goods, which are information-related, not on material goods, which are the physical output of agricultural or manufacturing process” (FLORIDI, 2010, pág. 4)

Novamente citando Floridi, vivemos a quarta revolução. A primeira foi impulsionada pelo pensamento de Nicolaus Copernicus  (1473-1543) que deslocou a Terra do centro do universo. A segunda por Charles Darwin (1809-1882) que colocou o homem como uma das várias espécies descendentes de um mesmo ancestral. E a terceira por Sigmund Freud (1856-1939) que desvendou o inconsciente que impede a razão de ser inteiramente transparente. Com a quarta revolução, mais uma vez algo muito relevante mudou na forma como o ser humano se entende no mundo. Passamos a nos perceber como seres informacionais interconectados. Quando estamos desconectados da infoesfera nos sentimos como um peixe fora d’água.

 “Since the 1950s, computer science and ICTs” (Information and Communication Technologies) “have exercised both an extrovert and an introvert influence, changing not only our interactions with the world but also our self-understanding. In many respects, we are not standalone entities, but rather interconnected informational organisms or inforgs, sharing with biological agents and engineered artefacts a global environment ultimately made of information, the infosphere. This is the informational environment constituted by all informational processes services, and entities, thus including informational agents as well as their properties, interactions, and mutual relations. If we need a representative scientist for the fourth revolution, this should definitely be Alan Turing (1912-1954). Inforgs should not be confused with the sci-fi vision of a ‘cyborged’ humanity. Walking around with a Bluethooth wireless headset implanted in our bodies does not seem a smart move, not least because it contradicts the social message it is also meant to be sending: being constantly on call is a form of slavery, and anyone so busy and important should have a personal assistant instead. Being some sort of cyborg is not what people will embrace, but what they will try to avoid… the future generations will increasingly fell deprived, excluded handicapped, or poor whenever they are disconnected from the infosphere, like fish out of water”. (FLORIDI, 2010, pág. 9 and 12)

Nesse contexto a Comunicação não é importante por ser ciência, mas sim por ser interface. A preocupação da Comunicação não deve ser ter corpo sólido como a física, mas se reconhecer como interdisciplinar e, portanto, importante para todas as outras ciências como interface. O desafio dos meios de comunicação é identificar como ser relevante numa economia conectada em rede. E para tanto precisa aprofundar o estudo sobre a vida na infoesfera, sobre o paradoxo que é ao mesmo tempo a sociedade atual valorizar a privacidade e divulgar informações confidenciais por meio de serviços como o Facebook..

“Indeed, we are fast moving towards a commodification of objects that considers repair as synonymous with replacement… the person who puts a sticker on the window of her car, which is otherwise perfectly identical to thousands of others, is fighting a battle in support of her individualism. The information revolution has further exacerbated this process….Instead of individuals as unique and irreplaceable entities, we become mass-produced, anonymous entities among other anonymous entities, exposed to billions of other similar informational organisms online… likewise, there is no inconsistency between a society so concerned about privacy rights and the success of services such as Facebook. We use and expose information about ourselves to become less informationally anonymous. We wish to maintain a high level of informational privacy, almost as if that were the only way of saving a precious capital that can then be publicly invested by us in order to construct ourselves as individuals discernible by others… The threshold between here (analogue, carbon-based, off-line) and there (digital, silicon-based, online) is fast becoming blurred… This recent phenomenon is variously known as ‘Ubiquitous Computing’… in the near future, the very distinction between online and offline will disappear”. (FLORIDI, 2010, pág. 14 a 16)

A diferença entre online e offline vai desaparecer, assim como hoje o tênis da Nike já conecta com o Ipod, cada vez mais os equipamentos vão trocar informações entre si tornando nossa vida cada vez mais sincronizada e interconectada. A conseqüência provável é surgirem novas formas de discriminação entre aqueles que têm acesso a essas informações interconectadas e os excluídos.

“…we shall be living in an infosphere that wil become increasingly synchronized(time), delocalized (space), and correlated (interactions)…we should probably be working on an ecology of the infosphere, if we wish to avoid foreseeable problems… One thing seems indubitable though: the digital divide will become a chasm, generating new forms of discrimination between insiders and outsiders, between information-rich and information-poor.”. (FLORIDI, 2010, pág. 17 e 18)

Para melhor conhecer o sistema informacional e também posteriormente discutir a questão ética, é preciso aprofundar o estudo sobre a estrutura da informação e para melhor entender o conceito labiríntico de informação Floridi propõe um mapa:
Data structured: environmental or semantic (content).
Semantic institucional or factual
Factual untrue or true (information) gera knowledge
Untrue unintentional (misinformation) or intentional (disinformation)
Na internet apenas 5 % das informações são estruturadas, ou seja podem ser utilizados para fundamentar outras informações estruturadas

Além disso, o sistema analógico é o sistema mais rico de informação. Único aspecto que a revolução digital atinge é a informação, o resto da vida humana se dá no mundo analógico (não se come nem se comerá bits, mas o digital pode melhorar a distribuição de alimentos, por exemplo). O diferencial do digital é dar agilidade. A riqueza do analógico não permite que ele seja ágil. No analógico um ponto tem infinitas informações pode-se chegar ao nível quântico, a informação é contínua.

O sistema binário tenta emular o analógico promovendo a simplificação, perde-se a riqueza da informação. Trata-se de um sistema discreto, ponto a ponto. Binário é uma forma que o digital pegou na lógica. Poderia usar lógica fuzzy mas tem de ser na lógica binária pois as maquinas não entendem se não for binário. Não pode usar lógica para-consistente que admite contradição pois a maquinas não aceitam contradição o cérebro não só aceita como é pura contradição.

Por fim a informação se divide em primária, secundária, meta, operacional e derivativa. Informação primaria por exemplo é C-l-a-u-d-i-a. Informação secundaria é Claudia que é estudante, jornalista, mulher. Informação meta Claudia é também homo sapiens, mamífero. Operacional Google tem informações primarias secundarias e categorizadas de forma meta para ser operacional num sistema. Informação derivativa âmbito das intencionalidades. Google não sabe as suas intencionalidades mas quer saber deriva suas buscas para o âmbito da publicidade.


Bibliografia:
FLORIDI, Luciano. Information – A Very Short Introduction.Oxford University Press, 2010



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