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12/11/2010

WINKIN

WINKIN, Yves. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas-SP: Papirus, 1998. 216 p. : ISBN 85-308-0527-5

Apresentação (pág. 9)

…próteses da imagética técnica (fotografia e cinema), eletrônica (televisao e vídeo) e informática (as imagens digitais)...

Uma comunicação encarada não mais e apenas como ato individual, e sim como um fato cultural, uma instituição e um sistema social.

INTRODUÇAO pag 13

... “nova comunicação. Quem inventou a fórmula foi o antropólogo americano John Weakland, em 1967, no âmbito de um número da revista American Behavioral Scientist

A “velha comunicação” ... transmissão intencional de mensagens entre um emissor e um receptor. Como se se tratasse de um sistema telegráfico ou de um jogo de pingue-pongue.

Quando o pesquisador trabalha dentro de uma sociedade estrangeira, as “diferenças que fazem diferença” (definição de informação segundo Bateson) lhe saltam aos olhos, sobretudo nos primeiros tempos. Quando trabalha no interior de sua própria sociedade tudo lhe é demasiado familiar. Ele tem, portanto, de achar estratégias de “afastamento” (de “desenquadramento”) para tornar estranha a evidência.

A comunicação é menos um objeto de estudo do que um ponto de vista teórico sobre o mundo social, do que um quadro analítico que organiza os dados. Numa perspectiva comunicacional orquestral a vida em sociedade é encarada como uma estrutura em processo perpétuo, uma realização permanente, uma performance de todos os instantes.

O TELÉGRAFO E A ORQUESTRA

Todo efeito retroage sobre a sua causa: todo processo deve ser entendido segundo um esquema circular.

Palestra/ Seminário
YVES WINKIN

COMUNICAÇÃO
ORQUESTRAL
A nova comunicação
Da teoria ao trabalho de campo

Considerações preliminares


Perspectiva orquestral

Comunicação é quadro analítico que organiza os dados
(não é um objeto de estudo)
Vida em sociedade é uma estrutura em processo perpétuo, uma realização permanente,
uma performance a todos os instantes.

Todo efeito retroage sobre a sua causa
Todo processo deve ser entendido segundo um esquema circular (orquestral), não linear (como um telégrafo)

Descer a campo

TRÊS REVOLUÇÕES NA ETNOGRAFIA

Primeira revolução: O etnólogo vai pessoalmente ao campo, estando interessado na visão de mundo do "outro";

Segunda revolução: Estudos sistemáticos menos apoiados na noção anterior de "outro" em locais concebidos como microssociedades;

Terceira revolução: Noção de cultura que enfatiza o saber do membro - " Cada um pertence, às vezes até sem saber, a múltiplas microssociedades, formais e informais" (WINKINS, 1998, p. 131)

ORIENTAÇÕES INTRODUTÓRIAS

- Lugar público de fácil acesso;

- Viabilização da sistematização da observação;
- Condições, períodos e similares
- Mapas espaciais
- Mapas temporais

- Relação com a teoria.


DIÁRIO COMO TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

- Organização do diário;

- Identidicação de padrões/informações relevantes;

- DIficuldades:
- Estar confortável no campo;
- A habilidade textual como parte da formação do antropólogo.

Falar ao comer

DESCRIÇÃO: Texto já organizado (a habilidade textual);

A OBSERVAÇÃO: Estratégias interacionais que embasam a proteção de grupos (ênfase nos europeus);

ARGUMENTO PRINCIPAL: Tratamento de questões gerais (relação entre o geral e o particular) e alargamento dos itens que devem ser considerados.



- A importância do ambiente: Lanchonete de estudantes contextualizada pelas "Casas interacionais";

- Mapeamento: Espacial (lanchonete) e Temporal (do início ao fim da refeição);

- Amplitude da observação: posicionamento de indivíduos na fila, relação entre falas e o ato de comer (dependendo do que é consumido), estratégias de envolvimento, pára-envolvimento e proteção.

Da ingratidão dos jovens

DESCRIÇÃO: Demonstração do diário;

A OBSERVAÇÃO: Detalhes interacionais que, em seu conjunto, sustentam a estrutura do "clientelismo". A construção do campo em seu nível não-teórico;

ARGUMENTO PRINCIPAL: O espaço de observações é delimitado e viabiliza a reflexão acerca de problemáticas e não, necessariamente, ambientes particulares.

- Coluna esquerda: Observações em campo que descrevem duas relações específicas contextualizadas na universidade belga;

- Coluna direita: Interpretação do autor (explícita);

- Relação com a teoria: mínima a partir da base na noção de "clientelismo" em detrimento de "feudalismo".



O turista e seu duplo
um turista não é um turista. São necessãrios dois deles para fazer um. Dois turistas ou um turista e seu duplo: hóspede, guia, "nativo". é na interação entre essas duas pessoas que nasce o comportamento turístico, a ilusão turística - o encantamenteo (e o desencantamento). (pág 173)

(...) o guia é o duplo do turista: é aquele que não só media o olhar do turista, intermõe-se entre ele e a realidade, mas também participa ativamente da construção dessa realidade, fornecendo ao seu "cliente" quadros de percepção e signos de credenciamento do universo que descobre. (págs. 185 e 186)

Erving Goffman: euforia/disforia das interações. Euforia quando pessoas estão à vontade, disforia sensação de que uma nota soa falso na situação.

euforia do encantamento. lugares reais são consumidos pelos turistas de maneira irreal, mediados pelo olhar comprado dos guias. O comportamento dos habitantes também é desrealizado, para corresponder às expectativas dos turistas

mecanismo de denegação:
sei que não posso pugir à minha condição de turista, mas não quero saber disso. (pág 176)
sei muito bem que não passo de um turista, que um grupo vem antes de mim e outro depois, mas mesmo assim (pág. 182) me encanto, acredito que a viagem seja única. Denegação permanente da relação econômica que existe entre clientes e prestadores de serviço.
Tudo se passa como se a viagem não fosse um "produto", mas sim, uma diversão entre amigos.(pág. 182)


O email não é um telégrafo

As crianças sentem um enorme prazer no envio e na recepção de mensagens - pouco importa o que elas digam. É o fato de recebê-as e em seguida reenviá-las para manter o ciclo em atividade que parece fundamental (pg. 197)

Marcel Mauss trilogia receber, devolver dar


Conclusões

Sob perspectiva da comunicação orquestral e da cultura como performance, o objetivo é estabelecer uma abordagem antropológica da comunicação.

Dell Hymes comportamentos, situações e objetos numa comunidade tem valor comunicativo

(...)a comunicação é menos a soma das falas, dos gestos, das mensagens de todo gênero que os homens prodem produzir do que a visão que premite percebê-los em sua contribuição para realização permanente da sociedade. (pág. 205)

Erving Goffman comunicação torna-se um quadro primário analítico, ou seja, uma maneira científica, explicitamente contruída, em luta constante contra o senso comum, de observar o mundo social. (pág. 205)

Ward Goodenough define cultura como tudo que se precisa saber para ser membro de uma sociedade.

O trabalho de campo feito pelo antropólogo da comunicação deve incorporar uma particularíssima sensibilidade visual e auditiva, senão olfativa e gustativa, às "coisas da vida" que se passam aquém e além das palavras e das entrevistas devidamente realizadas. (pág. 206)

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