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23/09/2010

Flusser propõe jogo do pensamento

Por Danielle Denny

Quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Em artigo da revista de 1969, do Departamento de Humanidades do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica de São José dos Campos, SP), Vilém Flusser resume seu livro de 1963, Língua e Realidade, de forma esquemática. Considera o pensamento como jogo
Flusser pode ser entendido como mestre de estruturas, mais do que de conteúdo. Assim as regras do jogo pensamento são fundamentais para quem quer começar a jogar. Regras estabelecidas eliminam ambigüidades nesse jogo que é hipotético e matemático.
Seguindo a teoria da informação para qual toda informação depende do ruído, é proporcional a uma constante multiplicada pelo inverso da probabilidade de um evento,
Flusser percebe no pensamento ruído e redundância. Para diminuirem o ruído as pessoas se repetem. Mas na sociedade de comunicação de massa, a redudância escalona para termos exepcionais.
O contexto histórico do qual escreve Flusser é o da filosofia ensinada como discurso. As pessoas eram treinadas para tomar parte desse discurso. A ideia de Flusser tornar a filosofia conversação. Por isso esse texto sobre pensamento como jogo não deve ser entendido como hermético. Cada um entra na conversação de acordo com o seu repertório. Exagero de redudância é conversa fiada a que estamos acostumados. A conversação é sobre estrutura, lógica, divertida e dá prazer. Jogo não é hermético, mas para jogar tem de combinar as regras.
Inclusive, seria interessante buscar depoimentos de contemporâneos de Flusser para falar do contexto histórico.
Filosofia pode também ser entendida como interessar-se pelo desinteressante. Animais vêem qualquer objeto como amedrontador, copulável ou comestível. O ser humano quando usa um objeto se interessa por algo desinteressante do ponto de vista dos animais.
Percebe-se ainda uma continuidade entre os textos do autor, sob a temática do intelectual engajado com o pensar coerente. Flusser faz, assim, uma crítica aos filósofos do seu tempo que eram redundantes. Língua pode servir aos interesses de um jogo com cartas marcadas.
Além de jogo, pensamento é língua, e para Flusser língua é realidade. Dessa forma, ele, muitas vezes se porta como poeta, criando realidade. Busca o território do pouco provável, da síntese, da eliminação de redundâncias. Não se interessa pelo muito provável, pela redundância.

Bibliografia sugerida durante o encontro:

FLUSSER, Vilém. O repertório do pensamento. ITA-HUMANIDADES, (5): 44-51, 1969.

Pasta 86, no Centro Acadêmico de Filosofia da PUC, com diversos textos de Vilem Flusser,

FLUSSER, Vilém. Língua e Realidade. Annablume. São Paulo 2007. (Texto original de 1963)

MENEZES, José Eugenio de O. Para ler Vilém Flusser. Disponível em < http://www.casperlibero.edu.br/rep_arquivos/2010/08/02/1280781703.pdf >. Acesso em 21 de setembro de 2010.


ISMAEL, J.C..“O diabo é um idiota, Sr. Flusser?” Dissertação da ECA

Danielle Denny participa do grupo de estudos sobre Vilém Flusser, do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia, http://www.cisc.org.br/html/index.php, o presente texto é uma ata das discussões travadas durante o segundo dos 8 encontros que serão realizados em 3 universidades durante o segundo semestre de 2010.

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