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22/02/2010

GLOBALIZAÇAO

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

TÓPICOS DA DISCUSSÃO

Brasil periférico em busca de maior participação no cenário internacional

Inovações:
Brasil sendo necessariamente ouvido em reuniões do G20,
Assumindo metas arrojadas (apesar de voluntarias) no âmbito de redução das emissões de gases de efeito estufa.
Credor do FMI, com mais controle sobre seu mercado financeiro que o mundo e mais rápido para se recuperar da crise.
Internamente pela primeira vez um governador em exercício é preso por corrupção.

MALVINAS: pré sal reanima discussão sobre imperialismo britânico e titularidade sobre os recursos da ilha

ETANOL: certificado de agencia ambiental americana deve facilitar comércio, evidenciando divisão internacional do trabalho que submete a produção dos países periféricos a barreiras internacionais e agora inclusive a certificação estrangeira.

VENEZUELA: depois de duas safras pouco remuneradoras, investimentos em novas usinas caiu, preço do álcool subiu aumentando a demanda por gasolina, para manter preço da gasolina importação de petróleo da Venezuela.

TEXTO

Cuidado com a arapuca.

Brasil, historicamente inserido de maneira periférica na divisão internacional do trabalho, enfrenta novos desafios para romper com seu subdesenvolvimento. As novas tecnologias que possibilitaram a globalização dissimulam as relações de poder e de dominação. Para enfrentar isso, a forma de fazer política tem de ser mais ativa, tanto por meio de órgãos governamentais como de ONGs, de empresas e de acadêmicos.

Conseqüência de uma diplomacia brasileira mais atuante, os últimos anos foram paradigmáticos em termos de relações internacionais. O país passou a ser interlocutor necessário em muitos assuntos, como por exemplo, meio ambiente, finanças e comércio internacional. No âmbito nacional, também experimentaram-se avanços: pela primeira vez um governador em exercício é preso.

Mas ainda há muito a ser feito. No comércio internacional abundam barreiras aos produtos que o Brasil produz com competitividade. O etanol brasileiro, junto com vários outros produtos, enfrenta barreiras comerciais em praticamente todos os mercados. Conseqüência disso: o preço é mantido artificialmente baixo, diminuindo a receita dos produtores brasileiros e, portanto, desestimulando novos investimentos produtivos.

A falta de investimento em novas usinas gera diminuição da oferta relativa de álcool anidro para satisfazer a demanda por combustível limpo. Isso justifica a crescente alta nos preços do álcool e o conseqüente desabastecimento de gasolina, suprido pela importação venezuelana, que o Brasil experimentou há alguns dias. Os possuidores de carros flex adaptam a demanda de combustível à variação do preço. Como o rendimento da gasolina é maior em termos de quilômetros rodados, se o álcool estiver muito caro vai ser preterido.

É uma contradição isso ocorrer. O Brasil tem uma das matrizes energética mais limpas do mundo, deveria haver estímulo internacional para que continuasse assim. Mas o que ocorre é o contrário. A liberação comercial segue obstaculizada pelo impasse da Rodada Doha. Uma solução aventada é a criação de um certificado da Agência Ambiental Americana para facilitar comércio. O álcool certificado seria tratado pelos EUA de maneira preferencial.

Não deixa de ser curioso que os próprios mercados que impõem as atuais barreiras comercial desejem fiscalizar e certificar a mercadoria comercializada. O produtor brasileiro corre o risco de se tornar dependente de uma decisão estrangeira. Isso não é vantajoso para a soberania brasileira e representa uma reafirmação da condição periférica assumida pelo Brasil desde os tempos de Cabral.

Outra questão antiga revivida agora foi o novo caso das Malvinas. O descobrimento de petróleo no pré-sal brasileiro reanimou os interesses britânicos e argentinos sobre as ilhas Falkland. Foi reaberta a discussão sobre imperialismo britânico e sobre titularidade dos recursos da ilha

Um exercício constante de análise deve ser implementado nos países periféricos para evitar receitas prontas sugeridas por países centrais ou por órgãos multilaterais controlados pelos países centrais. Como advertia Milton Santos, temos de cuidar para não cair na arapuca da globalização perversidade. Urge uma nova globalização: mais justa, humana e igualitária. E é papel de países como o Brasil idealizá-la e buscar sua implementação.

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